Paolo Guerrero e Corinthians: a história
Opinião de Marco Bello
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Que o atacante Paolo Guerrero é hoje o maior ídolo do Corinthians, ninguém duvida. Que o torcedor do clube sonha com a renovação de contrato do jogador da mesma forma que torce para uma vitória do time, também é verdade. Mas como essa história começou?
Como um atacante peruano, então com 28 anos de idade e que estava esquecido no futebol europeu, veio parar no time que tinha acabado de conquistar a inédita Copa Libertadores da América?
Bem, tudo começou exatamente no dia 23 de julho de 2011, um ano antes de Emerson Sheik marcar os dois gols do Corinthians contra o Boca Juniors no Pacaembu. E foi bem longe da cidade de São Paulo que esta história teve início.
Neste dia 23 de julho, na cidade argentina de La Plata, jogaram Peru e Venezuela pela decisão do terceiro lugar da Copa América 2011. Paolo Guerrero, que havia marcado dois gols na competição contra o Uruguai e México, fez outros três neste jogo. O Peru venceu a Venezuela por quatro a um e o atacante acabou sagrando-se o artilheiro da competição.
O técnico da seleção brasileira na Copa América de 2011 era Mano Menezes, e ele levou sua comissão técnica de confiança, que incluía os auxiliares Sidney Lobo e Fabio Carille, que trabalharam com ele no Corinthians. Fabio continuou no clube após a saída de Mano, e estava na comissão técnica de Tite, um ano depois.
Avancemos então nossa história para a decisão da Libertadores 2012. Com Liedson em baixa, o time do Corinthians não tinha um camisa 9 de referência no ataque. Tinha ótimos jogadores, mas nenhum centro-avante. Na decisão, jogaram Alex, Emerson e Jorge Henrique (Liedson entrou aos 46 minutos da segunda etapa, apenas para ganhar tempo).
No grupo, havia ainda Willian, que hoje está no Cruzeiro, e Romarinho.
Passada a euforia da conquista, Tite pediu para a diretoria um camisa 9 com experiência, para chegar e ser titular. Alguém que ajudasse a mudar a característica do time, que já estava ficando muito “manjada” pelos adversários. E então um novo personagem entra na nossa história: Saulo Magalhães, supervisor do Corinthians. Ele foi um dos responsáveis pela observação dos jogadores que possivelmente poderiam reforçar o clube.
Foi então que aconteceu a conversa entre o supervisor Saulo e o auxiliar Fabio Carille: “e aquele cara que foi artilheiro da Copa América um ano atrás? Onde está?” Descobriram que estava no Hamburgo, da Alemanha, mas que não vivia um bom momento. O bom atacante já tinha passagem pelo Bayern de Munique e pelo Hamburgo marcou 51 gols em 163 jogos.
Guerrero, então com 28 anos, disputou 6 temporadas na Alemanha pelo Hamburgo, se envolveu em inúmeras confusões, tanto com torcedores como com companheiros de clube, e era visto pela imprensa local como um jogador mediano. Não o enxergavam como um fazedor de gols. Um jornalista local chegou a declarar na época: “Se for vendido, não deixará saudades”.
Mas na cabeça de Fabio Carille, não estava o Guerrero em baixa da Alemanha, e sim o Guerrero artilheiro da Copa América. Então o negócio começou a caminhar. O Corinthians tinha se assustado com os pedidos salariais de Diego Forlán, Nilmar e Alexandre Pato, e encontrou em Guerrero um reforço bom e barato. A venda foi acertada por 7,5 milhões de reais, e o salário do jogador, 480 mil reais.
Em 25 de julho de 2012, praticamente um ano após aquela decisão na Argentina, Paolo finalmente estreava com a camisa do Timão contra o Cruzeiro, entrando justamente no lugar de Emerson Sheik. O primeiro gol foi marcado apenas no dia 23 de setembro daquele ano, de cabeça, no empate por 2 a 2 com o Botafogo. Dali em diante, o atacante viveu altos e baixos, chegou a amargar a reserva, e por muito pouco não fica fora da lista do mundial por um problema no joelho.
Mas Guerrero foi ao Japão. E não preciso nem lembrar ao torcedor do Corinthians do gol marcado no dia 12 de dezembro contra o Al-Ahly, na cidade de Toyota. Preciso menos ainda lembrar do dia 16 de dezembro de 2012, Yokohama, quando 30 mil corintianos no estádio e 30 milhões no mundo viram aos 24 minutos do segundo tempo o peruano estufar as redes de Petr Cech e marcar o gol mais importante da história do clube.
Avancemos agora um pouco mais no tempo, nessa nossa história. Estamos no final de novembro de 2014. O contrato do jogador com o clube terminará em julho do ano que vem. Em janeiro, ele já pode assinar um pré-contrato com qualquer outro clube e o Corinthians perderia o jogador e o dinheiro.
Guerrero pediu alto na negociação, é verdade. Pela informação que tenho, foram 7,5 milhões de reais em luvas (coincidentemente o preço que o Corinthians pagou ao Hamburgo por ele) e 600 mil reais em salários. O Corinthians vai tentar baixar este valor. A primeira contra-proposta do clube foi de 2 milhões de reais em luvas e 500 mil reais em salários. Tudo isso por 3 anos de contrato.
Será que esta história termina aqui, ou teremos mais capítulos para contar?
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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