Tite, Levir e o campeonato manchado
Opinião de Marco Bello
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“O Campeonato Brasileiro de 2015 já está manchado pela arbitragem. Ficamos desconfiados, sim, porque vivemos num país desonesto. Para mim, o campeonato ficou manchado. É minha opinião.”
As frases acima foram ditas pelo técnico Levir Culpi, do Atlético Mineiro, no dia 4 de setembro deste ano. O Atlético lutava ponto a ponto com o Corinthians pela liderança da competição, e o treinador via os árbitros como principais culpados pelo fato de seu time não liderar isoladamente o campeonato.
Erros aconteceram, e não foram poucos. Aconteceram a favor do Corinthians. Aconteceram contra o Galo. Mas aconteceram também contra o Corinthians, a favor do Santos, contra o Grêmio, a favor do Goiás, contra o Palmeiras. Aconteceram a favor e contra quase todos os times (senão todos) que disputam o Brasileiro.
Mas Levir só viu um lado, o dele. Isso é ser desonesto? Acredito que o veterano treinador estava contaminado pelo clima de guerra e reclamações do momento. Faço crer que a tensão criada em torno do tema arbitragem contagiou o técnico do time mineiro.
Mas dois meses depois Levir teve a chance de se redimir. Já não era mais uma luta ponto a ponto, golpe a golpe. Era um nocaute. Seu time havia acabado de ser goleado pelo Corinthians por 3 a 0, dentro de casa, sem nenhum erro de arbitragem contra ou a favor. Foi um baile. Uma lição de futebol.
Não é mais um ponto atrás ou na frente da tabela. São agora onze pontos de diferença entre as equipes. Onze. Faltando cinco rodadas para o final, o campeonato foi praticamente decidido após o jogo na Arena Independência.
E o técnico foi perguntado, após a partida, se continuava com a mesma opinião de antes ou se rendia ao futebol do Corinthians. Levir teve o que muitos não tem, uma oportunidade de voltar atrás. Mas não o fez:
“Dei uma declaração, um dia, que o campeonato estava manchado. Nunca vi um campeonato nacional com tanto problema de arbitragem como foi este, com prejuízos claros para o Atlético MG. Hoje o jogo foi limpo. A mancha do campeonato, da arbitragem, não sou eu quem está falando, tivemos uns 30 dias com a imprensa falando.”
Levir não é uma má pessoa, entendo. Aos 62 anos bem vividos, é um sujeito alegre, espontâneo, ótimo treinador. Creio que saiba enxergar erros e acertos de sua equipe. Creio que saiba enxergar os números.
Pois foi com eles que Tite respondeu, mais uma vez, após a vitória no Horto:
“Não vou falar do Levir. Cada um tem sua conduta e sua ética. Vou falar assim: somos a equipe mais competitiva. Tem o maior número de desarmes e é uma das mais disciplinadas. É o time que faz menos faltas. Maior saldo de gols. Melhor ataque. Mais vitórias. Menos derrotas. Melhor visitante. Melhor mandante. Que mais? Melhor defesa.”
Um dia após o confronto, o colunista Chico Maia, do jornal 'O Tempo' de Belo Horizonte, escreveu:
“O Corinthians poderia ter alcançado um placar mais dilatado. Este jogo no Independência mostrou a diferença entre os times e os pingos foram colocados nos “is”. O campeonato está decidido, mas não foi somente esta partida que garantiu o título ao alvinegro paulista. O próprio Atlético colaborou ao perder pontos contra adversários muito ruins...”
Foi bem o Chico. Foi bem o Tite. Foram bem Corinthians e Atlético, que lutaram e fizeram um dos melhores jogos do Brasileiro 2015.
Levir, quer uma terceira chance?
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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