Venha fazer parte da KTO
x
Sobre os tais Naming Rights
Marco Bello

Setorista do Corinthians desde 2009 pela Rádio Transamérica, Marco Bello acompanha o dia a dia do clube

ver detalhes

Sobre os tais Naming Rights

Coluna do Marco Bello

Opinião de Marco Bello

68 mil visualizações 369 comentários Comunicar erro

Sobre os tais Naming Rights

Corinthians tenta ganhar R$ 400 milhões com a operação

Foto: Daniel Augusto Jr./ Agência Corinthians

Pela primeira vez, escrevo neste espaço sobre um assunto polêmico, às vezes chato, mas muito importante para o futuro financeiro do clube.

Não escrevi antes porque não gosto de blá blá blá. E esta novela está cheia de blá blá blá.

Vamos aos fatos:

O Corinthians tenta vender os direitos do nome da Arena em Itaquera há mais de quatro anos, desde o início da construção do estádio.

Os valores pedidos pelo clube, de R$ 400 milhões por 20 anos, ajudariam muito no pagamento da obra. Na verdade, adiantariam este pagamento.

Quem controla a Arena?

Ao contrário do que muitos pensam, não é só o Corinthians. É um fundo administrado separadamente do clube e que conta com três sócios: Corinthians, Odebrecht (construtora responsável pela obra) e BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, que emprestou dinheiro para a obra).

A empresa que comprar os direitos do nome da Arena, não apenas emprestará sua marca, mas se tornará uma das sócias deste fundo. Com direito a lucro com venda de ingressos, camarotes no estádio, visitas programadas, ações de marketing, etc.

Não é como comprar uma placa de publicidade, como alguns imaginam. É se tornar parte do estádio.

Para que isso aconteça, a empresa precisa cumprir alguns compromissos, pois se tornará parte de uma parceria público-privada. O BNDES, por exemplo, exige que a empresa candidata tenha patrimônio comprovado no valor do dobro do patrocínio.

Se o valor é de R$ 400 milhões, o patrimônio da empresa, dentro do Brasil, tem que ser de R$800 milhões. Esta é uma garantia exigida pelo banco.

Outra exigência, que faz com que o processo se arraste: cada empresa candidata tem o tempo de três meses para apresentar e defender sua proposta. Cada novo candidato, então, demora três meses (!) para mostrar seu projeto para o fundo.

Vamos então aos interessados. Pouquíssimas empresas no Brasil tem o patrimônio exigido pelo banco público. Na maioria, empresas do setor financeiro (Santander, Bradesco, Itaú, etc).

A empresa também não pode ter dívidas públicas. Precisa estar em dia com todas as obrigações, o que é muito difícil em se tratando de corporações nacionais.

Mais um problema: a Caixa Econômica Federal, patrocinadora principal da camisa do clube e que paga R$ 35 milhões anuais ao Corinthians, precisa avalizar o nome da empresa. Como a Caixa aceitará que o estádio tenha o nome de outro banco?

Tive a informação que a Caixa renovará seu contrato em 2016, mas em 2017 estará fora da camisa do Corinthians, fato que já foi avisado à diretoria.

A Klar, que de empresa desconhecida virou assunto na mídia pela entrevista de seu presidente Marcelo Prado à Rádio Transamérica na última segunda-feira, disse ter feito proposta, mas dificilmente passará por estes estágios de exigências descrito acima.

Uma solução seria procurar a AmBev, empresa brasileira com enorme patrimônio, mas que já afirmou não se interessar pelo negócio. Concorrentes do setor de bebidas? Pode ser.

Hoje a principal empresa interessada é o Banco Santander. O negócio esbarra no veto da Caixa. Pode acontecer em 2017, ou os responsáveis pela negociação podem promover um acordo entre os bancos.

Enfim, é um negócio mais complicado do que parece à primeira vista, e espero ter ajudado a explicá-lo um pouco aqui neste espaço.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

Avalie esta coluna
Coluna do Marco Bello

Por Marco Bello

Marco Bello é jornalista, apresentador e repórter da Rede Transamérica de Rádio, setorista do Corinthians desde 2009

O que você achou do post do Marco Bello?