Paolo Guerrero – A Cartada Final
Opinião de Marco Bello
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Em janeiro deste ano escrevi aqui neste espaço a seguinte coluna: “Paolo Guerrero não quer ficar no Corinthians”, citando uma entrevista do jogador a uma rádio espanhola, e também o elevado pedido de luvas e salários para a renovação de contrato do atleta com o clube.
Praticamente dois meses depois, a situação não só não foi alterada pelo lado do jogador, mas também congelou pelo lado do Corinthians.
Antes das eleições de fevereiro, o atual presidente Roberto de Andrade falou à rádio Transamérica que o clube tinha oferecido 5 milhões de dólares de luvas ao atleta em dezembro, ante um pedido de 7 milhões de dólares do staff do atacante. Como a cotação do dólar teve uma variação muito grande de lá para cá, tomemos por base os valores em reais da época.
Divididos pelos 36 meses do novo contrato, esta quantia somada ao salário de cerca de 400 mil reais resultava em um pagamento de quase 900 mil reais mensais do clube ao jogador. Pelo que Guerrero estava pedindo, o clube gastaria quase 1 milhão e cem mil reais mensais no próximo contrato. Uma diferença de cerca de 200 mil reais mensais entre a pedida do peruano e o oferecido pela direção.
Não seria muito pouco para um clube com uma folha salarial de mais de 13 milhões de reais?
Não, se forem avaliados outros fatores. Guerrero, aos 31 anos, viraria disparado o jogador mais bem pago do Brasil. Um dos mais bem pagos do mundo. Ganharia mais que o dobro do teto do clube, que está em 500 mil reais. Mais que o dobro do salário de Elias, Cristian, Emerson, Vágner Love. Ganharia mais que Alexandre Pato, visto pela diretoria como um grande erro do passado, que até hoje inflaciona todos os contratos de novos atletas.
A este valor, soma-se a porcentagem dos empresários, que muitas vezes chega a 10 por cento dos acordos. Soma-se os impostos da parte salarial, os famosos encargos trabalhistas. Guerrero ocuparia nesta conta quase um décimo da folha salarial do Corinthians.
Pensando em tudo isto, a diretoria reavalia a própria oferta anterior, já que a situação das contas do clube apenas pioraram de janeiro para cá. Em entrevista à Transamérica, o diretor de futebol Sergio Janikian afirmou: “ será uma perda enorme de qualidade (caso não renove) ... Mas temos normas e, se não puder continuar com ele economicamente, será uma pena. A responsabilidade com o Corinthians é muito maior, o Corinthians é maior do que qualquer atleta. Essa é uma regra, e isso não podemos desrespeitar.”
O que vai acontecer então? O presidente Roberto de Andrade e o superintendente Andrés Sanchez tentarão nos próximos dias um empréstimo para o clube saldar as dívidas com os diversos atletas do elenco, entre os quais o próprio Guerrero. Só depois de quitar estas dívidas, o presidente do clube vai se reunir com os representantes do peruano.
A ideia é tentar convencê-lo pelo lado emocional, lembrando da idolatria da torcida, do carinho do elenco, do profissionalismo do técnico Tite e também da maior proximidade do Brasil com o Peru, sua terra natal.
Caso aceite a nova e última oferta do Timão, Guerrero teria um contrato até os 34 anos de idade, o maior salário do elenco e uma tranquilidade maior para trabalhar.
Teria que abrir mão do sonho europeu e de alguns milhões de dólares a mais na conta. Na seleção peruana, já é ídolo. No Corinthians, marcou o gol mais importante da história.
A diretoria aposta nisso. A carta está jogada.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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