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'Corinthiana de verdade', Érika muda planos e acelera volta ao Brasil para realizar sonho do pai

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Érika, novo reforço do Corinthians, está em reta final de recuperação e quer jogar mata-matas

Érika, novo reforço do Corinthians, está em reta final de recuperação e quer jogar mata-matas

Corinthians/Divulgação

Érika não pretendia retornar ao futebol brasileiro neste momento. Atleta do time feminino do Paris Saint-Germain desde meados de 2015, a defensora se desvencilhou do clube francês ao fim da última temporada europeia para dar uma rápida pausa na carreira e cuidar da saúde, mais precisamente de um cisto no ovário, cujo tratamento necessitava de procedimento cirúrgico. Mas a ambição por novas conquistas aliada ao sonho do pai, fanático pelo Corinthians, mudaram os rumos de sua vida.

Com (por enquanto) 13 anos de serviços prestados à Seleção Brasileira e participações em três edições dos Jogos Olímpicos, sendo vice-campeã em Beijing-2008, Érika Cristiano teve a contratação anunciada pelo Corinthians há cerca de três semanas, pouco depois de ser submetida à cirurgia para a retirada do cisto. Embora não se trate de um procedimento considerado grave, exigiu cuidados especiais da experiente zagueira, que já não vê a hora de estrear pelo clube para o qual, ela garante, sempre torceu.

Em entrevista ao Meu Timão, a ex-jogadora do PSG relatou como uma visita à Fazendinha, local onde a equipe feminina manda suas partidas, a aproximou da volta ao Brasil após três temporadas. Também descreveu o processo de recuperação pós-operatório e as diferenças do esporte praticado no Velho Continente para o do Corinthians, atual campeão da Copa Libertadores e invicto na modalidade há mais de onze meses.

“Até brinquei com o Arthur: ‘Se você fizer um amistoso, acho que dá um jogo bom, uma pauleirinha contra o PSG’”, opina a recém-contratada, que já havia trabalhado com o técnico Arthur Elias nos tempos de Centro Olímpico, entre 2012 a 2014.

Além de PSG, Centro Olímpico e Corinthians, a versátil defensora soma passagens por Santos e Gold Pride, dos Estados Unidos. Pode desempenhar também as funções de volante e até meia-atacante.

Por ora sem Érika, o Timão entra em campo neste domingo, diante da Ferroviária, às 15h, na Fazendinha, pelo Campeonato Paulista. A equipe alvinegra também disputa o Brasileiro, torneio pelo qual encara a Ponte Preta nas quartas de final. As datas ainda serão divulgadas pela CBF.

Leia a entrevista de Érika ao Meu Timão

Meu Timão: Como você se aproximou do Corinthians?

Érika: Foi até engraçado, porque eu não tinha interesse de jogar aqui no Brasil no momento. Eu vim de férias mesmo, acabou meu contrato no PSG e vim com o objetivo de fazer a cirurgia que eu fiz, de cisto de ovário, tinha de retirar isso e já sabia. Então vim mais pra fazer a cirurgia e ficar tranquila até o fim do ano, me recuperar, fazer uma parte física à parte, todo o trabalho de musculação, já que eu ia perder muito tempo por conta desse cisto.

Mas nunca deixo de acompanhar os jogos. Quando estava no PSG vinha para cá, ia no Santos acompanhar as meninas porque eu gosto, tenho amizade lá. Vim aqui no Corinthians, no Centro Olímpico, no Audax-SP. Eu gosto da modalidade. E num desses jogos, vim na Fazendinha e o Arthur falou: ‘O que você está fazendo? Está tudo bem?’. Respondi que estava tudo bem, que estava em férias, off do futebol, iria operar. Contei para ele e ele disse: ‘Está bom, daqui uma semana te ligo’. Eu brinquei com ele: ‘Oxe (sic), para quê? Me deixa em paz!’ (risos). Foi mais ou menos isso, vim assistir ao próximo jogo e ele conversou comigo: ‘Você toparia vir para cá e fechar com a gente esse final de ano?’. No começo, falei: ‘Não, pensa bem no que você está fazendo porque vou ter pouco tempo de recuperação, já estou parada há um tempo, vou fazer a cirurgia, não sei como vou voltar...’. Ele disse que a gente conversaria com os médicos e saberia mais ou menos o tempo de recuperação para que eu pudesse voltar para a fase mata-mata. Não era meu interesse, mas me motivou. Foi mais ou menos assim a vinda para o Corinthians. Na outra semana eu operei, ele perguntou se eu toparia e eu respondi: ‘Topo!’.

Érika, novo reforço do Corinthians

Reprodução/Instagram

Como é, para uma atleta de futebol, passar por uma cirurgia tão delicada como essa?

É uma cirurgia que eu só conhecia uma jogadora (que já havia feito), a Simone Jatobá, que era jogadora da Seleção, está na França. É realmente delicada, não é uma cirurgia de joelho, que a gente sabe em quanto tempo retorna, não é de tornozelo, que coloca um esparadrapo e volta. Não é nada disso, é uma coisa que é no seu tronco, então precisa tomar muito cuidado porque pode estourar os pontos.

Você perde toda a sua força, sua força se concentra nessa região do abdômen. Eu já sabia o tempo de recuperação pelos médicos, cerca de um mês, porém saí andando da cirurgia. Jogar futebol realmente é um pouco mais complicado, mas para viver uma vida normal você já sai andando da cirurgia. Com uma semana, dez dias, você parece que está ótima, mas ainda repuxa um pouquinho, dói... Para uma atleta é complicado. Mas com dez dias já estava dando uma pedaladinha sem ninguém saber, fazendo uma arte com as meninas (risos). Porque eu queria estar aqui no clube mesmo não podendo fazer nada, queria estar aqui acompanhando os treinos, estudar cada menina, porque ainda não sei como elas jogam direito. Pelo menos olhando eu já fico mais esperta.

Dia 25 (sábado) completa um mês que era o tempo para começar a voltar, começar a trotar, a fazer todo tipo de trabalho, mas com 15 dias depois da cirurgia já estava fazendo um monte de coisinhas, comecei a correr, bater na bola, fazer tudo e hoje não sinto nada, graças a Deus. É um pouco delicado pra gente, mas ao mesmo tempo a recuperação é em torno de um mês e você já não sente mais dor. Não sei se foi comigo, mas não sinto dor nenhuma. Agora é a parte física mesmo.

E já há alguma previsão nesse sentido?

Eu converso, mas eles seguram bastante. Eu falo: ‘Ó, tô bem, viu?! Se precisar, tô aqui!’ (risos). Fico brincando, ele (Arthur) olha pro lado e eu já levanto a mão (risos). Mas eu sei que tenho de segurar um pouquinho. Infelizmente eu não sei.

O time está invicto há mais de onze meses. Chegou a ver uma invencibilidade semelhante lá fora?

É sempre o Lyon, né? (risos). Sempre o Lyon. É um clube que normalmente não perde para ninguém e, quando acontece, perde para o PSG, clube que eu estava jogando. Claro, isso no Campeonato Francês e na Copa do França, porque na Champions é completamente diferente. Mas mesmo assim é uma equipe que é 98% a seleção da França, então já dá pra ter uma noção da equipe, é muito forte, elas já estão juntas há muito tempo. Se tira uma, coloca outra melhor, o banco é completamente competente para isso. É uma equipe que raramente perde.

Érika, hoje aos 30 anos, atuava ao lado de Formiga no futebol francês

Érika, hoje aos 30 anos, atuava ao lado de Formiga no futebol francês

Divulgação/PSG

Você enxerga muita diferença entre o futebol praticado lá pelo Lyon, ou pelo próprio PSG, para o praticado pelo Corinthians do Arthur?

Sim, há uma diferença, óbvio, para o jogo aqui no Brasil. Aqui a gente opta por uma parte mais técnica, e lá é muita força e velocidade, o jogo acaba sendo muito disputado lá por conta disso. Já conversei com o Arthur quanto a isso. Lá, dependendo da equipe, é (um futebol) muito tático, uma coisa muito legal, mas força e velocidade o tempo inteiro, são atletas que correm muito. Aqui no Brasil não, você opta pela parte técnica, rodar a bola, um-dois no pé e tudo mais. Até brinquei com o Arthur: ‘Se você fizer um amistoso, acho que dá um jogo bom, uma pauleirinha contra o PSG’. Contra o Lyon, acredito que elas ainda estejam um pouco mais fortes por atuarem lá (na Europa), terem uma experiência maior, já participarem de campeonatos internacionais. Participar e conviver lá fora é completamente diferente. Mas mesmo assim dá jogo, a equipe do Corinthians está bem postada, isso é legal, tecnicamente muito boa, possui atletas de extrema qualidade. Isso é importante para um time como o Corinthians – e que continue dessa forma!

Você está com 30 anos com uma carreira impecável no futebol feminino. Falta alguma coisa?

Falta tudo! Estou com 30 anos – obrigada por ter lembrado, viu? (risos). Trintão já e óbvio que eu quero mais e mais. Quero mais títulos, queria o título da Champions que eu não conquistei, fiquei em segundo lugar e na outra (temporada) fiquei em terceiro. Gostaria também da medalha olímpica pela Seleção, da medalha mundial – e quero a de ouro, não quero a de prata, por mais que eu já tenha a de prata da Olimpíada, e me orgulho disso, porque são poucos os atletas no Brasil que têm uma medalha olímpica. Mas mesmo assim busco sempre mais, almejo meu objetivo lá na frente, quero mais, mais e mais sempre! E agora quero títulos no Corinthians, quero buscar o Brasileiro, o Paulista, e quero estar com as meninas para buscar esses títulos.

Zagueira foi campeã olímpica ao lado de Marta, melhor de todos os tempos

Zagueira foi campeã olímpica ao lado de Marta, melhor de todos os tempos

Mowa/Divulgação

Pra terminar, eu ouvi dizer que você sempre foi corinthiana. Isso é verdade embora você tenha jogado bastante tempo pelo Santos?

(Nota da redação: Érika teve três passagens pelo Santos: de 2005 a 2008, em 2009 e em 2011. Está na história do clube praiano por ter conquistado Copa do Brasil, Campeonato Paulista e Copa Libertadores, entre outros títulos coletivos e individuais).

Eu não sei se é pior, mas pior que é verdade (risos). Sempre fui corinthiana por conta do meu pai, meu pai é corinthiano roxo daqueles. Ele só foi duas vezes ao estádio, uma que eu levei junto com a Mayara (Bordin), que era jogadora daqui, ela propôs isso pra gente uma vez. ‘Ô tio, quer ir no jogo do Corinthians?’. A gente estava em casa, ele só olhou para mim e respondi: ‘Vamo embora, cara!’ (sic). Ele foi e foi muito legal, foi a primeira vez que ele foi na Arena. E depois, quando fui contratada, nós fomos assistir ao do masculino, ele foi junto comigo e com a minha mãe, então está loucão! Sou corinthiana desde pequena e por conta dele, porque a gente não tem personalidade quando somos pequenos (risos). Meu irmão sempre foi são-paulino, não sei por que também, mas sempre fui corinthiana por conta do meu pai. E a gente mora aqui em São Miguel Paulista, que é perto de Itaquera. Isso só inflamou.

Tem uma história que é engraçada. Meu pai foi me buscar no aeroporto quando eu tinha um jogo do Santos e chegou com a camisa do Corinthians. Me quebrou, né? Eu falei: ‘Caraca, um monte de foto, um monte de coisa. Pai, você me mata, cara! Tô com a camisa do Santos aqui e você com a do Corinthians?!’. Ele: ‘Não importa! Eu sou corinthiano. Você está jogando no Santos, mas eu sou corinthiano!’. Minha mãe até jogou uma blusa por cima na hora pra ele tirar foto, mas ele: ‘Não, não, não. Eu sou corinthiano!’. Ele está super feliz quanto a isso. Até quando falei no começo para o Arthur que não sabia se conseguiria me recuperar a tempo, ele olhou para minha cara e disse: ‘Quê?! Aceita isso daí!’.

Mas eu sou corinthiana de verdade e estou muito feliz por estar aqui, por estar realizando um sonho do meu pai. E pode ter certeza que o meu também, por estar jogando em um grande clube e mais ainda o clube para o qual sempre torci.

Em fim de recuperação, Érika quer brilhar pelo Corinthians para voltar à Seleção

Vice-olímpica, zagueira quer brilhar pelo Corinthians e voltar à Seleção

Rafael Ribeiro/CBF

Veja mais em: Corinthians feminino e Especiais do Meu Timão.

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