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Torcedora agredida no Pacaembu e a reação chauvinista de parte da Fiel
Ana Paula Araújo

Engenheira de formação, mas corinthiana de alma. Deixei a profissão para fazer parte dessa família desde 2013.

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Torcedora agredida no Pacaembu e a reação chauvinista de parte da Fiel

Coluna da Ana Paula Araújo

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Torcedora agredida no Pacaembu e a reação chauvinista de parte da Fiel

Torcedora do Corinthians foi infiltrada no Dérbi do Pacaembu no final de semana

Foto: Reprodução Internet

No último sábado, uma torcedora foi agredida durante o Dérbi contra o Palmeiras, no Pacaembu. Não bastasse a violência, as reações que cercaram o fato também me deixaram, digamos, consternada.

Abaixo o comentário mais curtido na nota que o Meu Timão soltou sobre o ocorrido.

comentário do torcedor na nota do meu timao

Reprodução Internet

Pasmem, 539 leitores aqui do site concordam com essa opinião. Isso reflete bem o pesamento da sociedade e a mentalidade deturpada de quem acha justificativa para qualquer tipo de violência.

Dos mesmos criadores de "pediu para ser estuprada" agora o "pediu para ser agredida"

Se a menina saiu por aí sozinha, vestindo trajes "inadequados", coitada, mas vacilou, né? Pediu para alguém violar seu corpo. Quem sabe ela até não queria? Afinal, tentou fazer doce dizendo não. Se ficasse em casa fazendo trabalhos domésticos, estaria segura. Na igreja então, nem se fala. Onde já se viu alguém ser estuprado em casa, no trabalho, na igreja? Quem faria isso? O pai, irmão, padrasto, tio, vizinho?

O caso é igual para o negro que se acha no direito de frequentar "lugar de branco". Pediu para sofrer racismo. O gay que não age de "forma normal" queria ser alvo de preconceito.

Agora a menina que foi ver o jogo pediu para tomar uma porrada, na verdade, até mereceu!

Geralmente, quando não se é a vítima, é fácil buscar justificativas e relativizar os fatos. Alimentar discussões com comentários banais e tentar encontrar uma razão para um ato violento não é opinião, é cumplicidade.

A implementação de torcida única como atestado de incompetência do Estado

Desde 2016, os clássicos em São Paulo passaram a ter torcida única. O objetivo é evitar confrontos entre torcedores rivais.

A medida fere o direito de ir e vir e só atesta o quanto o poder público é falho ao punir o cidadão de bem por conta de atos de um grupo específico. É o reflexo de um país em que o bandido anda solto, enquanto nós, honestos, precisamos ficar presos atrás de muros altos, janelas gradeadas e ainda assim, correndo risco.

A impunidade é um dos maiores problemas do Brasil.

Dados do Segundo Batalhão de Choque da PM - três anos após a implementação - mostram redução de confrontos em dias de clássicos, mas também queda no efetivo policial nesse período. De toda forma, mortes continuam acontecendo em momentos aleatórios usando futebol como premissa. Os enfrentamentos são realidade, mas de forma dispersa e não inflam as estatísticas. É uma maneira de tapar o sol com a peneira.

Quando você é impedido de ir a um clássico ou frequentar qualquer evento público, você está sofrendo as consequências de atos imorais de uma minoria. Até quando vamos viver alterando nossos hábitos por causa de gente mal-intencionada? Vivemos presos e limitados e ainda assim fingimos que somos livres. Que liberdade é essa?

Enquanto existir quem ainda encontre justificativa para violência e que ache correto culpar as vítimas, vamos todos voltar, dia após dia, para nossas celas particulares chamadas utopicamente de lares. O Estado ficará do jeito que está e nada, nunca, vai realmente mudar. Torcida única é a rendição da sociedade ante a minoria de bandidos trajados de torcedores.

Atacar a consequência e não a causa, não é solução. Mas isso fica como tema para uma outra coluna, quem sabe.

Veja mais em: Dérbi e Torcida do Corinthians.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Coluna da Ana Paula Araújo

Por Ana Paula Araújo

Engenheira de formação, mas corinthiana de alma. Deixei a profissão para fazer parte dessa família desde 2013.

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  • Comentários mais curtidos

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    Cézar 701 comentários

    @ddark em

    Ambiente hostil, sabendo-se dos riscos e da própria proibição feita pelo MP, Confederações ou sei lá o que, foi um ato louco sim. Ninguém por aqui apoiou as agressões, vi apenas que muitos torcedores discordaram da atitude da moça. Não vamos comparar o incidente a homofobia, racismo e muito menos abuso sexual.

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    Kallan 101 comentários

    @kallan Apoiador em

    Que tópico péssimo!
    Comparando estupro com violência no estádio. Ela procurou SIM, assumiu a bronca e deu merda, estava no lugar errado. Agora, comparar com estupro, vai a M

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  • Últimos comentários

    Foto do perfil de Robson

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    Robson 1420 comentários

    122º. @robsonpacheco em

    Quanta merda escrita em defesa do que se acha ser o feminismo. Não vi ninguém dizendo 'pediu para ser estuprada' agora o 'pediu para ser agredida', mas ela sabia, ou pelo menos deveria saber do risco a que ELA MESMA SE EXPÔS, indo a um lugar onde, por determinação da justiça, não deveria estar.

    Puta preguiça disso.

  • Foto do perfil de Trial

    Trial 17 comentários

    121º. @trialanderror em

    O que vou dizer é obvio: Quando o comentário diz que ela 'pediu para algo acontecer', o comentário não quis dizer que ela queria apanhar, mas que ela tomou uma atitude ariscada.

    Sonho em poder ir ao estádio, com o fim de torcida única, espaços para as organizadas dos 2 times, espaço para famílias e amigos, torcedores dos 2 times poderem assistir juntos, tudo com muita rivalidade e sem violência. Mas a realidade está muito longe disso, e ir ao estádio rival, e ainda fazer um post enquanto ainda dentro do estádio, é MUITO ARRISCADO.

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    Paulo 311 comentários

    120º. @ivanovich em

    Debaixo da camiseta Há um ser humano.

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    Alex 2347 comentários

    119º. @alexbahu em

    Infelizmente sua segurança quem faz é você mesma, vou te dar um exemplo, eu estou sempre com alguma camisa do Corinthians, mas em dia de jogo de um rival aqui na capital eu não saio com minha camisa, já sofri ataque de torcedores rivais no metrô e sei bem como funciona.

    Você sendo Corinthiana, indo assistir a um jogo do Palmeiras, e de dentro do estádio tira uma foto e coloca em alguma rede social zoando os caras.

    Infelizmente hoje em dia, não podemos pagar pra ver, pois a informação ela corre muito rápida, ninguém está a salvo de uma rede social ou de uma máquina fotográfica. A moça foi audaciosa e deu azar infelizmente foi um preço que ela pagou por sua ousadia.

    Lembre-se não conte com a segurança pública, pois sua própria segurança quem faz é você mesma.

    Abraço, Vai Corinthians.

  • Foto do perfil de Guilherme Da Lapa

    Guilherme 13 comentários

    118º. @guilherme.da.lapa.ca em

    Não justifica a agressão, mas ali era um espaço para palmeirenses, não interessa se você concorda ou não, por lei, decreto ou o que for, é proibida a entrada de corinthianos em geral, homens ou mulheres. A lei foi feita exatamente porque sabemos que ainda existem babacas que não conseguem viver em paz com torcedores rivais. Então ela pode não ter pedido pra apanhar, mas convenhamos se eu entrar agora na sede da mancha verde com uma camisa do Corinthians, eles não vão me encher de beijos e abraços. Eu não vou estar pedindo pra apanhar, mas vou estar desrespeitando o espaço deles. Então antes de reclamar de qualquer atitude deles, eu tenho que lembrar que eu assumi qualquer consequência ao desrespeitar o espaço deles. Isso aconteceria em qualquer torcida. A não ser que seja convidado você é hostil. Infelizmente não estamos preparados para ter torcida mista, então o que nos resta é respeitar as regras pelo menos, caso queira desrespeitar aceita que você assume o risco de qualquer consequência