Como Kazim, Gustavo me desperta uma confusa sensação ao deixar o Corinthians
Opinião de Andrew Sousa
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Fora da Libertadores, o Corinthians início uma espécie de "limpa" no elenco. Com menos jogos no calendário, nomes como Madson, que foi para o Fortaleza, teriam poucos minutos para mostrar serviço durante a temporada. O principal a dar adeus, porém, foi Gustavo.
O camisa 19 seria a terceira (ou quarta) opção do ataque alvinegro, atrás de Boselli, Vagner Love e, talvez, Yony González, que também joga por ali. Somado a isso, sua característica agrega pouco ao estilo de jogo de Tiago Nunes. Era necessário sair.
Deixando esses fatores de lado, revelo: eu sempre o quis longe do Corinthians. Mesmo na fase goleadora do Fortaleza, o meu pensamento era: que seja vendido e não volte. Mas ele voltou. E voltou bem.
O início de 2019 foi avassalador. Cruzando certo ou errado, ele estava lá. De cabeça, sem querer, em chute colocado. Gustavo se consolidou como Gustagol ao marcar de tudo quanto é jeito. Foi, sem dúvidas, essencial para o título do Paulistão. Mas nem isso me bastava.
"Não domina uma bola", "é muito caneludo", "falta técnica". Essas eram algumas das frases que eu falava em qualquer discussão sobre o atacante.
"Chegou proposta? Vende!", pensei algumas vezes.
Pois bem... Sua saída, então, foi motivo de comemoração para mim, certo? Nem tanto. E aí entra Kazim.
Talvez por entender que o Corinthians é diferente de outras equipes e, por vezes, colocar a raça a frente da técnica, gostava muito do "Gringo da Fiel".
Pela notória dificuldade de cuidar da bola, ele lutava por ela. E literalmente por todas elas. Raçudo e carismático, criou identificação meteórica com a torcida. Por isso, o que guardo de sua passagem não são os inúmeros gols perdidos ou domínios toscos, mas sim a excelente partida contra o Palmeiras e aquele histórico gol de peito contra o Avaí.
Gustavo é um pouco disso. Por mais que não tenha qualidade para jogar no Corinthians, sobra personalidade, luta e identificação. Tem "a cara do Timão". As lágrimas após o gol contra o Atlético Mineiro, voltando de lesão, ainda me arrepiam. A cabeçada contra o Racing... enfim.
Acostumado e despejar frases críticas a Gustavo, o que fica no seu adeus é o mesmo que falo até hoje de Kazim: "esse cara merecia jogar mais bola".
Como não jogou, prefiro me abraçar à razão e comemorar o adeus. Agora, não corremos mais riscos de vê-lo entrar em campo e a equipe tentar cruzar de qualquer jeito para a área, como contra o Guaraní.
Por mais confuso que tudo isso possa parecer, gosto dessa luta razão x emoção. Poucos clubes nos proporcionam isso como o Corinthians. Aqui, um carrinho vale quase tanto quando um gol.
Boa sorte, Gustavo, você representou.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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