A Fiel não pode tratar Gabriel Pereira como a solução dos problemas do Corinthians
Opinião de Andrew Sousa
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Durante a pausa causada pelo novo coronavírus, a torcida do Corinthians recebeu algumas poucas boas notícias. Uma delas foi a promoção de Matheus Donelli, Roni, Ruan Oliveira e Gabriel Pereira aos treinos com o grupo profissional.
Embora todos tenham enorme potencial, um nome em especial anima a Fiel: Gabriel Pereira. Principal destaque da Copinha, o garoto se destacou pelo estilo de jogo ousado e ganha atenção por atuar em posição carente no elenco de Tiago Nunes.
Diante disso e da comum animação por ver um garoto subir, a internet já está recheada de comentários cobrando-o entre os titulares. Mas calma, Fiel, o garoto ainda não é a solução para os problemas do Timão. E nem deve ser.
Apesar da boa Copinha, Gabriel não chegou a ser uma unanimidade no Sub-20 do Corinthians. Um mês antes da competição, inclusive, ele ainda era reserva de Madson, hoje emprestado ao Fortaleza - também foi suplente de Janderson, que está no profissional.
Mesmo substituindo os nomes de lado de campo, o garoto não atuava na função que se destacou no torneio do início deste ano. Como ele mesmo me disse em entrevista recente ao Meu Timão.
A adaptação a função não seria um problema, mas outra fala dele sim: como Pedrinho no início da carreira, ele admitiu que ainda não tem físico para recompor pelos lados de campo, como o futebol pede atualmente - sobretudo o intenso esquema de Tiago Nunes.
"Eu sempre fui meia, mas estava precisando na ponta, fui bem e comecei a gostar. Agora acho que é minha função preferida. Eu canso um pouco ainda nessa volta para marcar, mas isso é só trabalhar a parte física que melhora bastante", pontuou.
Aos 18 anos, é normal que não se esteja no estágio físico ideal - talvez por conta disso, o garoto tem feio trabalhos individuais com os fisioterapeutas do clube nesse início de temporada.
Apesar de contornável, o "problema" tem de ser levado em conta. Na Copinha era possível ver a enorme queda física do camisa 7 na segunda etapa. Com o tempo isso deve melhorar. Então, nada mais justo do que colocá-lo aos poucos na equipe.
Depois de expor essas condições importantes, voltemos ao fato de Gabriel não ser ainda uma unanimidade no Sub-20. Em 2019, foram apenas 15 jogos do atleta, muitas vezes atuando pelo meio - Marcos Soares, que também falou ao Meu Timão, nos lembrou que chegou a utilizar o garoto como uma espécie de segundo volante.
Saindo do banco na maioria das oportunidades, Gabriel não chamava tanta atenção quanto vários de seus companheiros. E isso não é necessariamente ruim. O ponto é: ele pode não ser, logo de cara, o jogador decisivo que foi na Copinha. Até porque ele nunca tinha sido esse cara.
Nessa relação da torcida com ele, então, há de se ter controle nas expectativas para não repetir o caso de Pedrinho. Desde que subiu, a Fiel colocou na cabeça que ela tinha que ser protagonista e balançou o ambiente em torno do garoto, que acabou deixando o clube como um bom coadjuvante.
Que Gabriel não seja cobrado como solução dos problema e tenha tempo para se desenvolver da melhor maneira sem esse peso em suas costas. O potencial está ali, mas precisa ser trabalhado com calma. Confio no Tiago Nunes para fazer isso e torço para a Fiel não complicar as coisas.
Opinião impopular: entre os três jogadores de linha promovidos por Tiago Nunes, Gabriel Pereira me parece menos promissor que Roni, excelente volante, e Ruan Oliveira, camisa 10 que também foi muito bem na Copinha - e já teve experiências como profissional.
E mais: assista às primeiras imagens das novas joias treinando com Tiago Nunes
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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