Lembram desse mesmo período do ano em 2015? Havíamos sido eliminados no Paulistão e na Libertadores, começávamos o Brasileiro (ao menos com duas vitórias) com um discurso bem pé no chão. E, após a saída de alguns jogadores, Tite dizia que o time acabara de ser remontando ficaria bom somente em 2016.

Pois é, o nosso treinador estava duplamente equivocado.

O primeiro erro é que Tite não contava que a equipe poderia se estabilizar e ter a melhor campanha após 38 rodadas do Brasileirão, um erro gostoso de se cometer que nos trouxe o hexacampeonato. Tal campanha surpreendeu até mesmo Tite, consagrando o treinador com seu sexto título no Corinthians.

O segundo engano do treinador aparentemente foi contar que a base do time seria mantida para a temporada seguinte. Tite não tinha como prever a ascensão do futebol chinês, tampouco imaginar tamanhas dívidas no Parque São Jorge acompanhadas de um tremendo déficit orçamentário na temporada, talvez o maior da história do Corinthians. Ainda não sabemos o tamanho do rombo do ano passado pois o relatório de sustentabilidade de 2015 ainda não foi apresentado no site oficial do clube (normalmente é publicado em maio).

Com o cofre vazio e a alta visibilidade que a equipe teve, o resultado disso foi perder seis jogadores considerados titulares na temporada passada. Assim, o time campeão brasileiro, que deveria lutar para conquistar a segunda Libertadores da América, já começara a adotar o discurso de reformulação. Quando as eliminações chegaram, Tite já anunciou que a equipe está sendo projetada para 2017 e que, os objetivos atuais são G4 e, quem sabe, uma final da Copa do Brasil.

A equipe está montada para ser campeã em 2017. Queremos acelerar o processo? Claro que sim. Mas, racionalmente, há um tempo de construção.

Mas e se o ciclo se repetir? Daqui a poucos dias as janelas de transferências da Europa e Ásia irão abrir e já podemos perder mais dois, talvez até três jogadores. Além disso, nada garante que, indo bem, mais um desmanche ocorrerá em janeiro do ano que vem.

Confio no Tite, mas está difícil ser otimista. Ter que esperar até 2017 para, quem sabe, ter um elenco capaz de conquistar títulos é difícil de aceitar. Afinal, nada garante que, daqui seis meses nós não iremos vender nossos próximos atletas mais cobiçados pelo mercado estrangeiro.

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