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Um abalo sistêmico causado por um português (e as críticas a Carille)
Jorge Freitas

Colunista esportivo do portal 'No Ângulo', este internacionalista é mais um louco do bando e busca analisar o Timão com comprometimento com a realidade e as necessidades do maior clube do planeta.

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Um abalo sistêmico causado por um português (e as críticas a Carille)

Carille não vive bom momento no comando do Corinthians

Foto: Rodrigo Gazzanel / Agência Corinthians

Antes de Jorge Jesus chegar ao Flamengo, as coisas pareciam mais tranquilas por aqui. O ultrapassado Felipão liderava o campeonato brasileiro com sobras, outros times medianos faziam campanhas aparentemente boas em copas e o Corinthians sonhava com o G4 do Brasileirão, com a Sul-americana e a Copa do Brasil.

Passados quatro meses de sua chegada, o português demitiu o treinador do rival paulista, humilhou a então equipe de melhor futebol do Brasil numa semi de Libertadores e colocou um enorme ponto de interrogação naqueles que acreditavam em Carille como um dos melhores treinador do país.

E então os questionamentos começaram e a hashtag "Fora, Carille" apareceu.

Sim, é provável que quase todas reclamações existentes em cima de nosso treinador sejam fruto do bom trabalhado do europeu no Flamengo, porque, até então, Carille (em quem ainda confio e vejo como um bom treinador, mas que precisa melhorar demais ofensivamente) vivia tranquilamente com o tri paulista e usava a pausa para a Copa América como esperança (que não se consolidou) para fazer o time jogar algum tipo de bom futebol.

Aliás, não fosse a bola que tem jogado a equipe carioca, este Corinthians estaria agora, mesmo com futebol sem graça, sem criatividade e extremamente limitado, muito menos distante da liderança (talvez "apenas" dez pontos) e jogaria sobre o discurso enganador de que o importante é permanecer entre os primeiros para decidir o campeonato apenas nas últimas oito rodadas.

Mas desde que JJ chegou, a exigência aumentou demais e nos fez perceber que todas as conversas dos treinadores eram, na verdade, pura muleta. Com Jorge Jesus, a história de que não é possível priorizar dois campeonatos acabou. Além disso, esta conversa de que com os jogadores do país é mais fácil jogar retrancado e no contra-ataque e que os times precisam "saber sofrer" também virou balela.

Aliás, para quem diz que um time defensivo toma muito menos gols, o Flamengo, embora muito mais ofensivo, tomou apenas dois gols a mais que o Corinthians no Brasileirão (!) e de lucro ainda balançou as redes cinquenta e sete vezes. Ou seja, a boa ofensividade vale a liderança, 20 pontos acima e um saldo maior de 25 gols que a retrancarille.

Ah, é claro que terão aqueles que dirão que o elenco do Flamengo é muito melhor. Dizer isso agora é bem fácil. Mas quem consegue acreditar que jogadores como Rodrigo Caio, William Arão, Pablo Marí, Gerson e até mesmo Gabigol (chutado da Europa) jogariam neste nível com os engessados treinadores brasileiros? Bruno Henrique, aliás, já aos 28 anos, jamais teve apresentações desta qualidade.

Além disso, para quem exalta apenas os craques, domingo, no Fla-Flu, o melhor da equipe não foi Gabigol, Bruno Henrique nem Everton Ribeiro

Foi o lateral Rodinei!

Alguém consegue imaginar o que Carille ou outro treinador brasileiro conseguiria fazer com o Rodinei? Abelão sequer conseguia pôr Bruno Henrique e Arrascaeta para jogarem juntos!

Agora fica muito claro o motivo de tanta resistência brasileira contra a presença de treinadores estrangeiros, o que por vezes representou uma mistura de corporativismo e xenofobia. É que Jesus, que nem um dos melhores da Europa é, veio para mostrar a nós que não são exatamente nossos jogadores que estão mal, mas sim nossos treinadores, cheio de más desculpas e de incompetências, e nosso cartolas, incapazes de se desgarrar desta dança de técnicos caseira.

E tudo isso atinge diretamente este Carille de hoje, que se tornou um deserto de ideias ofensivas, incapaz de fazer o time jogar um pouquinho mais para frente com qualidade e de almejar bons resultados, mesmo com jogadores como Pedrinho, Vital, Fagner, Gil e Boselli.

Com tudo isso, a expectativa é que agora nossos treinadores retirem suas bundas da cadeira e corram para estudar. Ou quem sabe nossos cartolas possam buscar lá fora alguém que enxergue futebol de qualidade e faça nossos garotos jogarem um futebol mais vistoso e de resultados, como o também estrangeiro Sampaoli tem feito no fraco elenco do Santos.

O futebol inglês, aliás, mesmo com tanta grana, só começou a despontar de verdade quando foram buscar bons treinadores de outras nacionalidades, porque perceberam que na Inglaterra não havia ninguém para montar bons times vencedores.

É possível mudar? Sim. É provável? Não. O Santos queria Abel e só trouxe o argentino porque o brasileiro não fechou. Meses depois, até JJ foi mais um acaso que uma escolha certeira e confiante da diretoria rubro-negro.

Enfim, aqui a cartolagem também é antiquada demais!

Veja mais em: Fábio Carille.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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