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Cheiro estranho no Corinthians. E o fogo está alto
Lucas Faraldo

Editor e apresentador no canal do Meu Timão no YouTube

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Cheiro estranho no Corinthians. E o fogo está alto

Coluna do Lucas Faraldo Knopf

Opinião de Lucas Faraldo

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Cheiro estranho no Corinthians. E o fogo está alto

Está tudo bem, diz o personagem da tira acima

Foto: Montagem/KC Green/Cartunista

É bem válido o Corinthians se posicionar contra essa possível nova jurisdição que se desenha favorável a jogadores que queiram indenização por adicionais noturno, de domingo e feriado. É tão válido que, no fundo, é também estranho ter se dado da forma que se deu.

Uma carta do presidente Andrés Sanchez assinando não só a entrada do Corinthians mas a própria declaração de guerra feita pelo clube do Parque São Jorge, sem precedentes, contra o sistema jurídico, a TV Globo, a CBF, a Federação Paulista e os jogadores. Pomposo!

E com boa perspectiva de os torcedores saírem a favor. E com boa perspectiva de outros clubes comprarem a briga. E com boa perspectiva de a Justiça dar parecer favorável a clubes em outras instâncias. E com boa perspectiva de ganhar manchetes visto se tratar de ameaça das mais impactantes e noticiáveis: o fim dos jogos noturnos e aos domingos. Pomposo!

E tudo isso no meio da mais grave tormenta de notícias em quase dois anos e meio, que, preocupantes, colocam em cheque a atual gestão do Corinthians. Já se fala em crime.

O "vazamento" da carta do presidente Andrés Sanchez enviada a TV Globo, CBF e Federação Paulista ganha proporções gigantescas e até aparentemente mais importantes que:

O "caso Paulo André" seria oficialmente o motivo de toda essa revolta do Corinthians. A indenização cobrada pelo zagueiro foi determinada em cerca de R$ 750 mil.

Esse valor corresponde a

Gráfico PA

Meu Timão/Infogram

Mais do que Paulo André, claro, a válida preocupação do Corinthians é com o precedente que pode ser aberto. Mas se faz necessário pontuar que, nos últimos anos, houve somente um outro registro similar ao de Paulo André no noticiário alvinegro.

Esse tal outro registro de notícias similares é do lateral Edílson, hoje no Cruzeiro. Só. Ele saiu pela porta dos fundos do Corinthians e, pouco depois, entrou na Justiça cobrando, entre outros, valores referentes a adicionais noturno e de concentração. Nos últimos anos, só.

O diferencial de Paulo André é que ele entrou recentemente num acordo com o clube na Justiça, assim como também recentemente o ex-são-paulino Maycon ganhou na primeira instância processo parecido*, e teria assim motivado o Corinthians a já se lançar do mesmo lado que os torcedores numa briga possivelmente até simples de ganhar – sem precisar ameaçar de forma exagerada (como explicado abaixo pelo jornalista Andrei Kampff) barrar o time dos jogos à noite ou aos domingos. A carta, aliás, já repercutiu mal no Grupo Globo em menos de 24 horas, segundo informações da coluna De Primeira, do portal Uol. O presidente corinthiano, ao subir o tom contra federações e emissora, teria quebrado um protocolo informal de cordialidade que tem pautado as conversas entre clubes e TV em tempos de pandemia.

PS: existem vários casos de jogadores que cobram direito de arena, mas isso é outra história. O próprio ex-zagueiro Chicão explicou isso em entrevista recente.

Especificamente sobre a história do fim dos jogos à noite e aos domingos (que obviamente tem de ser noticiada uma vez que o presidente do clube assina carta enviada às principais autoridades do futebol nacional ameaçando não entrar em campo nos horários nobres da modalidade), espero não se tratar de uma cortina de fumaça. A torcida também, claro.

Mas que é fácil sentirmos o cheiro de fumaça... Isso é. Não à toa, né? Onde há fumaça, há fogo – e é o Corinthians que está em chamas nesse incêndio de grandes proporções.

*A defesa de Paulo André diz que o jogador não pediu em momento algum indenização por adicionais noturno ou de domingo/feriado. "A ação traz uma série de pedidos e, um deles diz respeito ao Descanso Semanal Remunerado (...) Vale lembrar que todo trabalhador tem direito de ter um dia na semana para descansar, previsto, inclusive, na Lei Pelé – podendo esse descanso ocorrer em qualquer dia da semana", escreveu o advogado do ex-atleta ao Blog do Juca Kfouri, no portal Uol.

Veja mais em: Andrés Sanchez e Diretoria do Corinthians.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Coluna do Lucas Faraldo Knopf

Por Lucas Faraldo Knopf

Jornalista pela ECA-USP e ex-Esporte Interativo, Jovem Pan e Lance!. Hoje trabalha no Meu Timão. Autor do livro 'Impedimento - Machismo, racismo, homofobia e elitização como opressões no futebol'.

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