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Empresários da bola: “Chegou a hora de vocês ganharem menos”
Victor Farinelli

Victor Farinelli é um jornalista brasileiro e corinthiano residente no Chile, colabora como correspondente de meios brasileiros como Opera Mundi, Carta Capital, Revista Fórum e Carta Maior.

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Empresários da bola: “Chegou a hora de vocês ganharem menos”

Diretoria atual deve ser modificada em 2021 com as eleições de novembro

Foto: Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

Estava buscando notícias sobre o coronavírus para uns trabalhos, quando me deparo com brilhante discurso do presidente da Argentina, Alberto Fernández, que anunciou uma prorrogação da quarentena total no país para até a Semana Santa.

Em um momento, ao falar aos empresários que querem despedir gente que está (corretamente) obedecendo a quarentena, ele disse: “Sejamos claros, o que se trata aqui é de ganhar menos, não de perder dinheiro, porque vocês não vão perder dinheiro. Então, muchachos, chegou a hora de vocês ganharem menos”.

O argumento poderia ser dito por alguma autoridade brasileira, dessas que dizem ser “contra o sistema” mais atuam em favor dos grandes empresários, verdadeiros donos do sistema, mas ficaria feliz, também, se ela fosse dita dentro do Corinthians, aos empresários da bola que lucram milhões e milhões todos os anos com transações de jogadores, alguns inclusive se aproveitando da influência que têm nos bastidores do clube.

Vivemos, nos últimos anos, uma época de muitas conquistas, talvez a mais gloriosa da história do clube. Mesmo os times que ganharam grandes títulos carregavam no elenco jogadores de qualidade e origem duvidosa, que encheram as contas dos empresários que transitam pelo Parque São Jorge.

Os questionamentos a essas contratações terminavam se perdendo no triunfalismo, e no fato de que mesmo um jogador meia-boca, num time que está jogando bem, acaba rendendo mais.

Porém, nos dois últimos anos, os elencos corinthianos passaram a sofrer mais com a hegemonia das contratações por interesses empresariais, passando por cima das necessidades reais do time. Talvez essa hegemonia já fosse realidade desde antes, mas foi a partir do segundo semestre de 2018 que começou a ser mais percebida na performance do time em campo.

Ainda assim, ganhamos o Paulistão de 2019, graças a que os rivais estavam jogando ainda pior. Neste início de 2020, vimos um Corinthians que estava fadado a uma humilhação histórica, mas nem sei se dá pra jogar a culpa de tudo no trabalho do Tiago Nunes, embora eu ache que ele não está dando certo.

Alguns dizem que o Corinthians também carece de recursos pra poder contratar jogadores melhores. Coisa que questiono, já que o que gastamos com boa parte dos que estão no elenco atual é bastante, e inclusive acima do que deveria ser o valor de mercado de alguns.

Claro que, pela forma como está estruturado o futebol no Brasil, sempre vai ter um empresário ganhando muito por qualquer transação, mas o problema no Corinthians é que são sempre os mesmos empresários, alguns vivendo dentro do clube, e não é difícil imaginar que muitas contratações são feitas mais pelo interesse do empresário em negociar seu atleta-produto que pela necessidade do treinador em tê-lo no elenco.

Não sei se este ano vamos ter eleições – até porque, nem sabemos quando terminará esse estado de exceção mundial pela pandemia. Mas, caso tenhamos a melhor das hipóteses, em um segundo semestre com normalidade e eleições no clube, meu apoio será para o candidato que garanta que o elenco será montado a partir do critério do interesse esportivo, como acontece com nosso time feminino, que é o melhor do Brasil e da América do Sul, talvez um dos melhores do mundo.

Um presidente que tenha condições de dizer aos empresários da bola: “vocês, empresários que vivem dentro do clube, vão ter que ganhar menos”, que seja capaz de agir conforme essas palavras, colocando a qualidade esportiva como prioridade. É isso que o Corinthians precisa pra ser outro quando o esporte voltar à normalidade.

Mesmo sem ser conhecedor das dinâmicas internas, me parece que Andrés Sánchez e pessoas do seu grupo não parecem ser capazes de fazer isso. E talvez nem lhes interessa.

Veja mais em: Diretoria do Corinthians.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Por Victor Farinelli

Victor Farinelli é um jornalista brasileiro e corinthiano residente no Chile, colabora como correspondente de meios brasileiros como Opera Mundi, Carta Capital, Revista Fórum e Carta Maior.

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