Afinal, por que tanta marcação sobre o nosso Ángel Romero?!
Opinião de Walter Falceta
3.8 mil visualizações 79 comentários Comunicar erro
Nós o aplaudimos, com frequência... Mas, fale a verdade: não é de hoje que vemos, aqui e ali, escorrer veneno das letras que tratam do nosso laborioso atacante paraguaio.
Façamos, portanto, uma comparação histórica... Não é de hoje que desfilam com o manto sagrado perebas das mais variadas estirpes.
Vimos cá atletas de conhecida reputação "perebística", como Iran, Perdigão, Bóvio e Cocito.
Outros, passaram aqui para cumprir tabela e embolsar gordo salário, como André Balada, Pato, Adriano e Guilherme Gusmão.
Entre esses, toleramos INÚMEROS jogadores medianos ou medíocres, que passaram incólumes, ou pelo menos à distância do ódio popular.
Podemos citar, correndo risco, atletas como Guilherme Andrade, Dentinho, Fabrício e Bruno Octávio, até contestados em determinadas fases da carreira, mas protegidos pela neblina do desinteresse.
Aí, nos aparece, ainda jovem de tudo, Romero, um dos gêmeos. E inicia-se, dentre os impacientes, um curioso autobullying corinthiano.
Mal joga e já gritam que o Timão contratou o irmão errado. O termo "artilheiro paraguaio" até hoje aparece com frequência nos comentários, em tom, sim, de tola xenofobia.
O mesmo torcedor que o compara a um uísque falsificado, no entanto, recorrendo à definição da nacionalidade, considera Gamarra um dos maiores zagueiros da história do Timão.
Não por acaso, houve comparações semelhantes, em tom depreciativo, à figura do destemido Índio (descendente de fato dos donos de Pindorama), fundamental às conquistas mosqueteiras do período entre-séculos.
Romero não é craque? Provavelmente, não, se a definição de craque estiver associada aos talentos de um Sócrates, Messi, Rivellino, Puskas ou Zidane.
No futebol atual, no entanto, mais físico que técnico, mais tático que apaixonado, Romero apresenta-se acima da média, talvez consideravelmente acima dela. Ou seja, não se trata de um mero "esforçado".
Peça que gira na engrenagem, frequentemente designado como ponteiro, assessor de lateral, Romero tem cumprido as missões que lhe delegam.
Se, aqui e ali, mata um contra-ataque, também é correto dizer que tem sido um dos homens encarregados de desarmar o adversário.
Neste quesito era, até recentemente, o atleta mais efetivo, perdendo apenas para o lateral-direito Fagner.
Romero joga pelos dois lados do campo. E, sim, marca gols. É o artilheiro de Itaquera, sem alarde. Mais próximo da grande área, revela-se ainda mais perigoso para os adversários.
Neste jogo de domingo contra o freguês histórico, pelo primeiro turno do Brasileirão, anotou um gol que os perebas... perdem.
Intuiu o vazio na retaguarda tricolor, empreendeu o movimento, afinou-se no toque que inabilitou o porteiro inimigo e, pronto, abriu o placar.
Quem já assistiu a muito futebol e quem já praticou o esporte bretão, mesmo na várzea, sabe que os dois toques na jogada do pênalti sobre Jô não são obra de um perneta.
Mas ainda sobra resistência quando se trata de Romero. Então, o rapaz, como para sublinhar algum mérito não reconhecido, mata a bola complexa, deita-a ao gramado e inclina-se em parêntese, para exibi-la limpa, sob seu domínio.
Romero é jogador de equipe, parceiro, colaborativo, representante do senso de responsabilidade coletiva que marca o sofrido e guerreiro povo guarani.
É daqueles que fazem história em nosso Corinthians, melhor quando raçudo, gregário, empenhado, comunitário e solidariamente popular.
É daqueles que entram para a história em times como os de 1914, 1977 e 1990.
Romero tem, portanto, o DNA do Corinthians, do campeão dos campeões! Que seja visto e respeitado como um de nós!
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.