Há seis anos, o Corinthians foi a Minas Gerais, dominou e massacrou o Atlético-MG na briga direta pelo título do Campeonato Brasileiro. Embora não tenha sido campeão matematicamente naquele jogo, foi ali que o título se definiu, e as rodadas seguintes viraram mera formalidade, concretizadas no inesquecível 6 a 1 contra os rivais tricolores no jogo do título.

O Timão era uma equipe muito melhor e mais consolidada que o Galo, que chegou a fazer frente ao menos durante o primeiro tempo, mas não aguentou a superioridade paulista nos 45 minutos finais e sucumbiu.

Aquele jogo é, provavelmente, a prova de que perder seja normal, mas que o grande problema é como se perde. Não é absurdo tomar três gols de um time já formado, que tem vencido os adversários com certa tranquilidade e está a 10 pontos na frente do segundo colocado. O Atlético se preparou para chegar a este momento, contou com um doping financeiro de um mecenas e, após 50 anos de jejum, levantará novamente a taça do Campeonato Brasileiro.

O problema, na realidade, é como se perde o jogo. Ontem, mais uma vez, o Corinthians não somente foi dominado, como foi inoperante, inofensivo, de uma maneira extremamente irritante. Há algumas semanas, após a derrota contra o São Paulo, escrevi aqui que provavelmente aquela teria sido um dos piores jogos do Corinthians nos últimos tempos. Sigo com esse pensamento, já que o rival tem se demonstrado uma equipe bastante fraca, que brigará contra o rebaixamento até as últimas rodadas.

Entretanto, perder desse jeito contra o Atlético, por mais líder que seja, por mais jogadores bons que tenha, é lamentável e coloca ainda mais em dúvida qualquer trabalho que Sylvinho venha a fazer no comando do time. Vale lembrar que o Timão é, nesse momento, o quinto melhor time do returno, atrás apenas dos times de Minas, do Palmeiras e do Internacional, que para a nossa sorte, conseguiu entregar a primeira vitória de um time de Jair Ventura no campeonato (ele que treinou a Chapecoense por 14 jogos e nunca conseguiu os três pontos), mas nem isso assegura o bom trabalho do treinador.

Para ilustrar essa inoperância com números. Contra o Atlético, o Corinthians deu apenas sete chutes ao gol (a grande maioria cabeçadas), sendo nenhuma corretamente ao alvo. Nos jogos anteriores em casa pelo Campeonato Brasileiro, o Galo levou 16 finalizações do América-MG (4 ao alvo), 14 do Grêmio (5 ao alvo) e 7 do Cuiabá (2 ao alvo).

Muito pela forma de jogar para frente e, naturalmente, abrir espaços, o Galo também é ameaçado, inclusive chegou a estar atrás do placar contra o time do Mato Grosso, num gol contra infeliz do zagueiro Nathan Silva. Também poderia ter tomado mais gols do Grêmio, mesmo brigando para não cair, se Borja tivesse a pontaria um pouco melhor.

Já o Corinthians, no entanto, conseguiu ser pior que todos esses adversários não somente dessa vez, mas também contra o São Paulo na última derrota no Morumbi. Naquele jogo, o Timão deu 10 finalizações, sendo duas corretamente ao alvo, mesmo atrás do placar deste o sétimo minuto do primeiro tempo.

Os 3 a 0 de ontem são bastante emblemáticos, principalmente pela presença de Gabriel em campo por 90 minutos. Parecendo uma criança em roda de bobo, levou rolinho, se irritou, deu chutão para a torcida como se o Corinthians estivesse ganhando o jogo e precisasse atrasar a reposição de bola, não ajudou nem na marcação nem na construção de jogadas, atrapalhou o meio-campo, mas mesmo assim parece ter cadeira cativa entre os titulares do Corinthians.

A escalação de Gabriel é tão ultrapassada que me faz ter dúvidas se de fato Sylvinho assistiu a cursos da UEFA ou do Telecurso 2000. Ter um volante que não sabe sair para o jogo somente é útil, hoje em dia, para o adversário, pois sobrecarrega a armação das jogadas, limita a saída dos laterais e atrapalha a construção de jogadas desde a zaga até o atacante.

Tudo bem que ganhou do Fortaleza e da Chapecoense, mas vale destacar que um estava sem seus principais jogadores (Pikachu, Ederson e Crispim) e outro, bem, o outro é o lanterna, nem tem muito o que falar. Mesmo assim, os gols saíram apenas após o minuto 40 do 2º tempo.

Enfim, o problema não é perder, mas como se perde. Não me parece absurdo tomar três gols do líder fora de casa (eu sei, o Tite falou que é, mas discordo. O Bayern, há pouco tempo, levou 5 do Monchengladbach, e o Liverpool, 3 do West Ham). O problema é ser inoperante, não dar trabalho para o goleiro adversário, tirar Roger Guedes e Mosquito, insistir em Gabriel, Fábio Santos e Cássio...

São tantos erros.

É um cansaço assistir a esse Corinthians do Sylvinho.

Veja mais em: Corinthians x Atlético-MG e Campeonato Brasileiro.

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