Um recado à diretoria: 5º lugar não é mérito de Sylvinho
Opinião de Jorge Freitas
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O trabalho do técnico Sylvinho chega a seu sexto mês sem evolução clara. Embora a equipe esteja na 5ª colocação do Campeonato Brasileiro (acima do que almejava no início da competição), em campo a realidade é bem diferente, o que demonstra não somente a incapacidade do treinador em criar um estilo de jogo que forme uma equipe vencedora, mas também o baixíssimo nível da competição.
Quando Sylvinho assumiu a equipe, em maio, às vésperas do início do campeonato nacional, o objetivo do Corinthians era formar uma equipe econômica, que brigasse no meio da tabela com expectativas de, quem sabe, beliscar uma vaga na Pré-Libertadores de 2022. Com a chegada de reforços do nível de Renato Augusto, Roger Guedes, William e Giuliano, o sarrafo aumentou e qualquer resultado que não fosse uma vaga direta para a competição internacional estava abaixo do que esse elenco poderia alcançar.
À primeira vista, é inegável que o Corinthians se tornou uma equipe diferente. Mas será que essa mudança de patamar se deu pelo trabalho do treinador ou por motivos estranhos a ele?
Se compararmos os dois turnos jogados do Brasileirão até aqui, o aproveitamento do Corinthians teve apenas um leve acréscimo na segunda metade da competição. Na primeira parte, foram 49% dos pontos conquistados, com sete vitórias, sete empates e cinco derrotas, além de 18 gols marcados e 16 sofridos. Já na segunda, 52% de aproveitamento, com seis vitórias, quatro empates e quatro derrotas, além de 17 gols marcados e 16 sofridos.
Ou seja, o Corinthians do segundo turno faz e leva mais gols, além de ter praticamente o mesmo aproveitamento que o primeiro turno.
Por isso, é preciso muito cuidado, especialmente à diretoria, antes de avaliar se o trabalho até aqui é realmente bom ou se é disfarçado pela possível e iminente conquista de uma vaga na fase de grupos da Libertadores, pois há variáveis que parecem ter pesado muito mais em prol da equipe do que as escolhas de seu treinador.
1) A começar pela chegada de reforços. É natural que o time jogue mais e conquiste mais vitórias do que faria antes, especialmente pela qualidade de quem chegou, vestiu a camisa e já deu pontos importantes para a equipe;
2) Além disso, a presença da Fiel, que faz o aproveitamento na Neo Química Arena se manter em 100% após seu retorno do estádio, também precisa ser considerado;
3) Também é preciso entender que houve declínio de clubes que brigam pelas primeiras posições, como o Fortaleza, além de desinteresse por outros que disputam finais sul-americanas, especialmente Bragantino e Athletico-PR;
4) Soma-se a isso também o provável G8 da competição, que retira preocupação de clubes como Flamengo e Palmeiras em manter o nível constante no Brasileirão, por não haver risco de ficarem de fora do principal torneio da América no ano que vem.
Em resumo, mesmo com invenções de pardal como Renato Augusto e Roger Guedes de centroavante, além da insistência em Gabriel e Fábio Santos, a realidade é que a vaga na Libertadores "se ofereceu" ao Corinthians, que foi impulsionado pela chegada de novos jogadores, além da volta da Fiel aos estádios e a "desistência" de importantes clubes pela competição nacional.
Não teve méritos do técnico.
Por isso, falar de evolução no Corinthians é disfarçar todas as variáveis que influenciam diretamente na conquista da 5ª colocação do Brasileirão. Evolução se vê em campo, não na tabela. Perdemos os dois jogos para Atlético e Flamengo (turno e returno), mesmo quando enfrentamos times mistos ou reservas e quase que não vendo a cor da bola na maioria dos 90 minutos. Perdemos para Sport e São Paulo, empatamos com Juventude e só jogamos melhor contra o Bahia depois que ficamos com um jogador a mais. Todos, clubes que brigam contra o rebaixamento!
Além disso, seguimos sofrendo para vencer em casa, com emoção até o último minuto de jogo.
"Ah, mas ganhamos do Fortaleza". Vale destacar que a equipe cearense é apenas a 16ª colocada do returno, o que indica que a vitória por 1 a 0 foi mais contra um time a nível de rebaixamento neste momento que de zona de Libertadores (e ainda estavam sem Ederson, Pikachu e Crispim). Não o suficiente, acaba de levar 4 do rival.
Definitivamente, não há evolução.
São pontos para um recado à diretoria do Timão.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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