Segundo estudo, a 'espanholização do futebol brasileiro' é questão de tempo
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Por Meu Timão
O principal motor para a inevitável "espanholização" do futebol brasileiro é a distribuição das cotas de TV, segundo o levantamento divulgado pelo Itaú BBA. Para quem não sabe, esse termo vem da Liga BBVA , da Espanha, onde Real Madrid e Barcelona ficam com 55% da receita total do campeonato e grande parte dos títulos nacionais.
No Brasil, o futebol começou a mudar a partir de 2011, quando a Rede Globo de Televisão passou a negociar individualmente os contratos de TV e privilegiou os clubes com as maiores torcidas, no caso, Flamengo e Corinthians que, em 2013, ficaram com 20% de toda a cota de TV do Brasil (R$213 milhões).
Para mostrar essa concentração das receitas da TV, o instituto separou os 23 clubes com as maiores receitas em quatro grupos que receberam valores parecidos da Globo nos últimos anos.
E a constatação é preocupante: o abismo entre os clubes só aumentou. No ano de 2011,
o Grupo 1, formado por São Paulo, Corinthians, Flamengo, Internacional e Atlético-MG tiveram receitas de R$ 980 milhões no total, R$ 257 milhões a mais do que recebeu o Grupo 2 (R$ 722 milhões), formado por Santos, Cruzeiro, Palmeiras, Grêmio e Vasco. Em apenas dois anos, essa distância dobrou, alcançando R$ 577 milhões.
E isso acontece porque a emissora carioca aumentou o repasse ao Grupo 1 em um ritmo muito superior ao do visto pelo Grupo 2.
Entre 2011 e 2013, o repasse ao primeiro escalão aumentou 43%, enquanto o segundo cresceu apenas 22%. A distância para o grupo formado por Botafogo, Fluminense, Coritiba, Atlético-PR e Bahia é ainda maior: de R$ 679 milhões, em 2011, para R$ 877 milhões em 2013.
Na média, cada clube do primeiro escalão teve receitas de R$ 281 milhões, contra R$ 106 milhões do terceiro.
Essa distribuição de receitas de TV tem impacto direto nos resultados esportivos dos clubes, segundo o banco. Para comparação, só a diferença de receitas de TV de Corinthians (R$ 103 milhões) e Palmeiras (R$ 72 milhões) é suficiente para que o Timão tenha R$ 2,3 milhões a mais do que o rival por mês.
Esse valor seria próximo do necessário para pagar o salário de três jogadores do nível de Alexandre Pato (R$ 800 mil mensais). Se compararmos esses números com o Internacional, décimo clube que mais recebe cotas de TV, a diferença é ainda pior: R$ 50 milhões por ano, ou 3,8 milhões mensais.
O abismo entre o clube que mais recebeu, Flamengo (R$ 110 milhões) e o que menos recebeu, Ponte Preta (R$ 19 milhões), é de 5,8 vezes.
Para o banco, os clubes brasileiros deveriam mirar a Bundesliga alemã, onde o Bayern de Munique recebe apenas o dobro do clube pior colocado da liga, o Greuther Fürth e tentar ter uma liga mais justa do que a atual.