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Entrevista: a mulher corinthianista na luta por direitos
Walter Falceta

Walter Falceta Jr. é paulistano, jornalista, neto de Michelle Antonio Falcetta, pintor e músico do Bom Retiro que aderiu ao Time do Povo em 1910. É membro do Núcleo de Estudos do Corinthians (NECO).

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Entrevista: a mulher corinthianista na luta por direitos

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Opinião de Walter Falceta

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Entrevista: a mulher corinthianista na luta por direitos

A corinthiana, como fiel sobrevivente e resistente

Foto: Arquivo Pessoal

A advogada Mônica Toledo, a Monikita, é famosa entre os fiéis. Inquieta, franca, sempre furiosa contra qualquer tipo de injustiça, é também risonha, divertida, amistosa e apaixonada pelo nosso Corinthians.

Em 13 de Outubro de 1977, dia em que o Corinthians quebraria seu longo jejum de títulos, a menina Mônica, então com 9 anos, cabulou aula, mas por decisão da mãe, que a conduziu à Igreja dos Enforcados, no bairro da Liberdade.

Dona Aurélia Madrecita acendeu vela no altar e obteve duas folhas de arruda abençoadas. Deu uma para a filha e outra para o filho. Eram amuletos poderosos, destinados a garantir o triunfo no jogo daquela noite, contra a Ponte Preta.

Deu certo! A família assistiu de pertinho à proeza de Basílio, nas proximidades da bandeira de escanteio onde ele comemorou seu tento redentor.

Aquela foi uma das muitas lições de corinthianismo passadas de mãe para filha. Trata-se do rito educativo que nos fez compreender o sentido da persistência, da fidelidade e do amor por um coletivo.

Neste simbólico 8 de Março, conversamos com Monikita, uma das coordenadoras do evento sobre a mulher no universo corinthianista, que será realizado, no próximo dia 19, no Parque São Jorge, pelo Núcleo de Estudos do Corinthians (NECO).

MT - Quais serão as atrações de mais este encontro público do NECO?

MTO - As atrações serão as próprias mulheres da torcida. Elas, pura e simplesmente. Não pensamos em nenhuma celebridade. Queremos abrir um leque de debates entre as torcedoras de todo o Brasil e do mundo. Juntas, pretendemos construir um legado para todas as novas gerações. Queremos contar a história de muitas torcedoras, algumas anônimas. Desejamos celebrar e manter viva a memória de mulheres extraordinárias como Elisa, Tia Geni, Tia Amélia e tantas outras.

MT - Conte um pouco da Monikita? Quem é ela?

MTO – Eu sou uma “latinocorinthiana”. Isso me define muito. Procuro ter coerência. Alinhar a minha vida com aquilo que acredito, penso e digo.

MT - O que o corinthianismo lhe ensinou?

MTO – Nele, vivi e vivo aventuras diárias. O Corinthians é um universo de aprendizagem por aquilo que representa na vida de cada uma de nós. Ensina que na adversidade temos de ser ainda mais resistentes. É um legado de vida, um poder muito grande. Isso não nos torna sempre fortes, mas nos mantém sobreviventes. E nós, corinthianos, somos sempre sobreviventes. Não importa o que aconteça, renascemos das cinzas. Quer aventura maior do que essa?

MT - Quais têm sido os trabalhos mais relevantes do NECO Mulher?

MTO - Somos a maior torcida de mulheres do Brasil e creio que o trabalho mais importante do Neco Mulher é nos dar visibilidade. Afinal, estivemos presentes ao longo de toda a história do clube, mas sem que nossa presença tenha sido apropriadamente notada. Já avançamos. Mas, com toda certeza, ainda há muito por fazer.

MT - Há algum dado ou número obtido que você possa adiantar para os leitores?

MTO – Nossos estudos e pesquisas revelaram muito do universo feminino no Corinthians. Mas não posso adiantar essas informações. Quem quiser saber, prestigie o evento, cujo ingresso é gratuito. Só posso dizer que os dados comprovam que ainda temos uma longa jornada de lutas pela frente.

MT - Quais são os maiores problemas enfrentados hoje pela mulher torcedora?

MTO - Ainda é o preconceito. O fato do futebol ter sido criado por homens e para homens torna tudo difícil. É verdade que tivemos avanços significativos. Hoje, uma mulher vai sozinha ao jogo tranquilamente, o que não ocorria há 20 anos. Mas ainda temos muito a conquistar em termos de cargos representativos nas agremiações. Precisamos ampliar nosso espaço em profissões ligadas ao esporte, algumas delas praticamente restritas aos homens.

MT - Quais são os principais vícios cometidos pelos homens na relação com as mulheres torcedoras? No que eles deveriam mudar?

MTO - No geral, muitos ainda acham que sabem mais de futebol do que nós. Dizem também que somos frágeis para comparecer a jogos considerados de risco. Acreditam que nossa participação nas torcidas e nos clubes deve se restringir aos departamentos sociais. Que fique claro: não estou criticando nenhuma mulher que atue nessas áreas. Digo somente que podemos exercer essas funções e tantas outras mais. Enfim, o pensamento machista ainda é forte neste universo.

MT - Quais ações o Neco Mulher pretende empreender para aprimorar a relações de gênero no âmbito do Corinthians?

MTO – De novo, temos ideias e propostas que pretendemos colocar em prática, mas queremos explicitá-las no dia 19. Você que é mulher, compareça ao evento para debater conosco. Juntas, por meio de nossas vivências, vamos avançar na história de lutas do Time do Povo. E vamos conquistar os lugares aos quais temos direito em todos os setores.

MT – Afinal, qual foi o maior ensinamento recebido de sua mãe corinthiana, dona Aurelia?

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Por Walter Falceta

Walter Falceta Jr. é paulistano, jornalista, neto de Michelle Antonio Falcetta, pintor e músico do Bom Retiro que aderiu ao Time do Povo em 1910. É membro do Núcleo de Estudos do Corinthians (NECO).

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