Corinthians confirma denúncia de contratos escusos da Arena, e presidente avalia gravidade
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Por Meu Timão
O Corinthians, por meio de uma nota oficial emitida neste início de tarde de quinta-feira, confirmou a denúncia de ao menos dois contratos escusos envolvendo a Odebrecht e outras empresas que participaram da construção da Arena. O presidente Roberto de Andrade, que se posicionou em nome do clube, avaliou ainda a gravidade das irregularidades.
"Tais fatos já fazem parte da Auditoria Geral da Obra da Arena Corinthians, em curso e coordenada pelo escritório Molina & Reis Advogados (...) Naturalmente, os fatos são muito graves e apenas a formalização em documentos desta divisão já nos causa muito pesar", afirmou o mandatário do Corinthians.
De acordo com reportagem publicada nesta quinta-feira pela Globo, o dinheiro que deveria ter sido integralmente gasto com as obras da Arena Corinthians foi parcialmente dividido entre a Odebrecht e as empresas Temon (instalações hidráulicas e elétricas) e com a Heating & Cooling (ar-condicionado), Contratos firmados entre a construtora e as fornecedoras determinavam que, no caso de sobras em relação ao orçamento, a economia de dinheiro seria dividida entre a construtora e as fornecedoras.
Tais acordos contrariam o contrato firmado entre o Corinthians e a Odebrecht em 2011, que previa realocação de dinheiro eventualmente economizado em outras despesas da construção da Arena. Andrés Sanchez, que era o presidente do clube na época e é um dos poucos homens fortes por trás das obras do estádio, disse não ter conhecimento sobre as cláusulas reveladas pela reportagem.
O montante envolvido nessas operações obscuras é na casa dos milhões. O contrato da Odebrecht com a Temon estava avaliado em R$ 31,5 milhões (55% das sobras ficariam com a construtora; 45%, com a fornecedora). Já o acerto com a Heating & Cooling era de R$ 11,8 milhões (50% de eventuais sobras para cada parte).
Odebrecht e Heating & Cooling negaram irregularidades. Temon não se pronunciou sobre o assunto.
De acordo com a reportagem, um dos culpados por tal imbróglio foi o arquiteto Jorge Borja, contratado pelo Corinthians para atuar como fiscal das cobras. Os contratos entre a Odebrecht e as empresas citadas tiveram consentimento do arquiteto.
Confira, na íntegra, a nota oficial do Corinthians:
Eu, como presidente do SCCP, torno público, em relação à matéria jornalística publicada hoje (10/11/2016), no Globo.com/Globo Esporte, onde se descreve fatos que envolvem contratos com "percentuais de verbas orçamentárias divididos entre a Odebrecht e fornecedores desta na construção da Arena Corinthians", que tais fatos já fazem parte da Auditoria Geral da Obra da Arena Corinthians, em curso e coordenada pelo escritório Molina & Reis Advogados.
Naturalmente, os fatos são muito graves e apenas a formalização em documentos desta divisão já nos causa muito pesar, até por estar claro no Primeiro Aditivo do Contrato de Construção do Estádio (EPC), assinado pelo então presidente Andres Sanchez, que tais verbas orçadas pela construtora deveriam ser tratadas como uma conta corrente, ou seja, quando se economizasse em um item específico, o Clube teria o retorno dos recursos não utilizados. Por outro lado, em itens em que os valores finais para execução fossem maiores, teria-se que diminuir do montante de outros itens de verbas orçamentárias ou reduzir o escopo daquele item que superasse o valor contratualmente previsto.
Qualquer procedimento diferente não faria o menor sentido, e atenta diretamente contra a boa fé e o equilíbrio do contrato.
As consequências civis ou criminais de fatos comprovados em detrimento ao Clube e de sua imagem estão e serão devidamente levados adiante, certamente, nas instâncias que forem adequadas e necessárias.
Roberto de Andrade