Indisciplina de Adriano e 'sugestão' da diretoria: Tite fala da virada sobre o Atlético-MG em 2011
7.6 mil visualizações 40 comentários Reportar erro
Por Vinícius Souza
“Talentosíssimo. Capacidade de gol, cheira a gol”. É assim que Tite define o atacante Adriano, pentacampeão brasileiro pelo Corinthians em 2011. Apesar dos elogios, o gol marcado pelo ex-centroavante da Seleção na histórica virada sobre o Atlético-MG, no Pacaembu, pelo Brasileirão, por pouco não ficou apenas na imaginação dos torcedores alvinegros.
Em entrevista no programa Bola da Vez, da ESPN Brasil, Tite recordou a história na qual cortou o Imperador da lista de relacionados para a partida contra o Atlético-MG, que poderia encaminhar o clube ao título nacional. Tudo porque o veterano, com problemas para recuperar a forma física, se recusou a se pesar durante o treinamento.
“Porque nós vínhamos constantemente, de todas as formas, fazendo com que ele entrasse no peso e tivesse sua melhor condição física, porque a técnica sobrava. Ele vinha pro treino e fazia, mas não se cuidava na sequência. Eu digo: ‘Fábio (Mahseredjian), é contigo a responsabilidade, a responsabilidade é tua’. Não vou ficar sendo pai de um cara que tem que pesar. Ele foi lá, com todos os auxiliares dele: ‘Pesa!’, ‘não’, ‘pesa’, ‘não’. Eu o tirei da concentração”, contou Tite.
“Foi nesse jogo (risos). Pô, estamos conversando, bota nutricionista, quem ele está pensando que ele é? Não pode, tá fora da concentração! Tirei da lista”, acrescentou. Ao saber da notícia, Adriano se dirigiu ao vestiário do CT Joaquim Grava e, irritado, soltou o verbo para o lateral Fábio Santos e o volante Ralf.
“Aí disse que ele entrou no vestiário espumando. ‘Tá de sacanagem comigo, pô, brincadeira!’. Ele (Fábio Santos) e Ralf: ‘O que é?’. ‘Po***, ele me tirou da concentração só porque não me pesei’. ‘Vai lá e te pesa!’ (risos)”, disse o treinador, reproduzindo a fala da dupla.
Entretanto, embora não quisesse contar com o atacante sequer entre os suplentes, Tite acabou convencido por Edu Gaspar e Roberto de Andrade, então membros da diretoria do Timão, a levar o ex-Roma para o Pacaembu.
“Aí na sequência o Edu (Gaspar) falou: ‘Professor, vem um pouquinho na sala do CT que a gente quer conversar contigo’. Estava toda minha comissão técnica, Fábio Carille, Cléber (Xavier), Sylvinho. ‘Professor, nós não temos um pivô. Se não for o Adriano, nós vamos estar prejudicando a equipe. Na nossa opinião, ele tem que estar no banco’”, relatou.
“Eu digo: ‘Esses caras estão certos’. Mas por dentro... (com raiva). Fui conversar com o Edu e o Roberto (de Andrade) era diretor. ‘Tite, nós podemos terminar o ano e fazer o que a gente entender por bem (sobre o Adriano) e acho que tu tens razão, disciplina é fundamental, mas a gente vai estar prejudicando a equipe’. Bendita hora que eles vieram falar (risos)”.
No dia 20 de novembro de 2011, o Imperador marcou seu primeiro gol pelo Corinthians e, de quebra, foi decisivo para a vitória por 2 a 1 sobre o rival mineiro, pela 36ª rodada do Campeonato Brasileiro. Alegria para a Fiel e, por que não, para Tite, que reconheceu o mérito dos diretores logo após o apito final.
“Nós vamos pro jogo, está 1 a 0 pro Atlético-MG, eu olho pro banco: ‘Não vou botar esse cara’. Olhei de novo e digo: ‘É ele quem tem que entrar’. E faz o gol, nós viramos 2 a 1... Se tem uma coisa que eu não tenho é rancor, tenho outros defeitos. Dentro do vestiário, as primeiras pessoas que eu fui pegar foram o Roberto e o Edu, digo: ‘Obrigado, obrigado, obrigado!’. O senso de equipe pesava mais forte”, finalizou.