Contra o Benfica, Corinthians campeão do Torneio Internacional Charles Miller
Opinião de Pergunte ao almanaque
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A pergunta do Leonardo Santos Fernandes é sobre o Torneio Internacional Charles Miller, que o Corinthians conquistou em 1955, ganhando do Benfica, de Portugal.
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CELSO UNZELTE
Celso, você poderia explicar o molde do Charles Miller, torneio considerado a quarta edição da Copa Rio por algumas mídias esportivas, no qual o Corinthians ganhou do Benfica, Peñarol e até do nosso rival Palmeiras?
Leonardo Santos Fernandes
Várzea Paulista (SP)
O Torneio Internacional Charles Miller foi disputado entre 19 de junho e 10 de julho de 1955, com jogos no Pacaembu, em São Paulo, e no Maracanã, no Rio de Janeiro. Participaram: Corinthians (campeão paulista de 1954, o histórico ano do IV Centenário da fundação da cidade de São Paulo), Palmeiras (vice-campeão paulista), Flamengo (bicampeão carioca em 1954), América-RJ (vice-campeão carioca), Peñarol (campeão uruguaio de 1954) e Benfica (campeão português de 1955).
O goleiro Costa Pereira disputa a bola com os corinthianos Baltazar (9) e Rafael - Foto: Reprodução/Arquivo Celso Unzelte
Os jogos foram os seguintes:
19/6/55
Flamengo 1 x 0 Benfica
Palmeiras 2 x 2 Peñarol
22/6/55
Corinthians 2 x 1 Palmeiras
América-RJ 1 x 0 Flamengo
26/6/55
Corinthians 3 x 0 Flamengo
Benfica 2 x 0 Peñarol
29/6/55
Palmeiras 1 x 2 Benfica
América-RJ 4 x 1 Peñarol
2/7/55
Flamengo 5 x 3 Palmeiras
3/7/55
América-RJ 4 x 1 Benfica
Corinthians 2 x 2 Peñarol
6/7/55
Corinthians 3 x 1 América-RJ
9/7/55
Palmeiras 2 x 2 América-RJ
10/7/55
Flamengo 2 x 1 Peñarol
Corinthians 2 x 1 Benfica
Eis a classificação final:
PG | J | V | E | D | GP | GC | SG | |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1º Corinthians (BRA) | 9 | 5 | 4 | 1 | 0 | 12 | 5 | +7 |
2º America-RJ (BRA) | 7 | 5 | 3 | 1 | 1 | 12 | 7 | +5 |
3º Flamengo (BRA) | 6 | 5 | 3 | 0 | 2 | 8 | 8 | 0 |
4º Benfica (POR) | 4 | 5 | 2 | 0 | 3 | 6 | 8 | -2 |
5º Palmeiras (BRA) | 2 | 5 | 0 | 2 | 3 | 9 | 13 | -4 |
6º Peñarol (URU) | 2 | 5 | 0 | 2 | 3 | 6 | 12 | -6 |
PG = pontos ganhos; J = jogos; V = vitórias; E = empates; D = derrotas; GP = gols pró; GC = gols contra; SG = saldo de gols.
A base do Corinthians era o time que apenas quatro meses antes havia conquistado o título do IV Centenário, contra o Palmeiras: Gilmar, Homero e Alan (ou Olavo); Idário, Julião (de volta de um empréstimo ao Linense) e Roberto; Cláudio, Luizinho, Baltazar, Rafael e Nelsinho (de volta de um empréstimo ao São Bento de São Caetano do Sul).
O Timão estreou na competição fazendo 2 a 1 no Palmeiras, de virada. Ivan fez 1 a 0 aos 22 do primeiro, mas Cláudio, de pênalti, aos 33, ainda no primeiro tempo, e Luizinho, aos 37 do segundo, viraram o jogo, que foi disputado em uma noite de quarta-feira e marcava a inauguração dos novos refletores do Pacaembu.
Na partida seguinte — sempre no Pacaembu —, vitória corinthiana por 3 a 0 sobre o Flamengo, com todos os gols marcados em 17 minutos, no segundo tempo, por Rafael aos 3, Nelsinho aos 11 e Simão aos 20.
No terceiro compromisso pelo Torneio Charles Miller, o Corinthians empatou com o Peñarol, por 2 a 2, depois de sair perdendo por 2 a 0. No primeiro tempo, Borges fez os dois gols do time uruguaio, aos 25 e aos 33 minutos. Na segunda etapa, Simão, aos 15, e Nelsinho, de pênalti, já aos 35, empataram para o Timão.
O adversário mais difícil foi o América carioca, que acabaria sendo o vice-campeão daquele torneio. Baltazar fez Corinthians 1 a 0, aos 43 minutos do primeiro tempo. No segundo, Ferreira, aos 7, chegou a empatar para o América, mas Luizinho, aos 26, e Paulo, aos 37, decretaram o resultado final de 3 a 1 para o Timão.
O último jogo foi contra o grande time do Benfica, base da Seleção Portuguesa, no Pacaembu, na tarde de um domingo, 10 de julho de 1955. O Corinthians poderia ter até empatado para ser campeão invicto. Se perdesse, terminaria igualado em pontos (7) com o América carioca e os dois teriam que disputar um jogo-desempate.
Os portugueses saíram na frente com um gol de Águas, aos 30 minutos. Ainda no primeiro tempo, Cláudio, de pênalti, empatou, aos 38. Três minutos depois, Cláudio marcou o mais famoso de seus muitos gols de falta, fazendo Corinthians 2 a 1. Segundo uma declaração posterior do próprio goleiro Costa Pereira, que ficou muito famosa na época, nesse lance a bola “fez uma curvita” antes de bater na trave esquerda e entrar.
A Taça Charles Miller, toda de bronze, representa uma águia travando uma luta com um leão. Atualmente, encontra-se exposta no Memorial do Corinthians, no Parque São Jorge.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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