Corinthians: fábrica em descompasso
Opinião de Walter Falceta
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Pense em uma unidade fabril moderna. Dez segundos... Pensou? Provavelmente, então, concordamos. Ela tem quatro características que definem a participação na chamada "nova economia".
1) Excelência em processos, constituídos especialmente pelos colaboradores;
2) Agilidade, porque o mundo é competitivo; quem atrasa o passo vê o concorrente tomar seu lugar;
3) Criatividade, porque não basta ser bom; é preciso inovar (como fazem as startups) e atender às demandas da clientela em metamorfose;
4) Escala na produção; pois sem o produto concluído não se gera valor.
Hoje, qualquer organização pode ser comparada a uma unidade fabril ou a uma central de serviços. Não importa se ela está na China, no Japão, em Cuba ou no interior do Mato Grosso.
Não é diferente com os times de futebol. Eles dependem de rotinas operativas que se convertem ou não em valor.
No que, afinal, falhamos?
1) Nossos processos ainda carecem de padrão de excelência; basta acompanhar a performance de colaboradores como Guilherme, entre outros.
2) Falta ao time de Carille também o entrosamento e a confiança que geram agilidade; pensa-se demais na saída de bola, o que permite a reorganização do adversário.
3) Joga-se ainda muito "by the book", com medo do erro, no desenho manjado, nas variações emboladas do bloco de trinta metros (às vezes bem mais) do 4-1-4-1.
4) Se a produção do futebol pudesse ser medida, talvez fosse em gols; mas neste quesito predomina o erro, a escala mínima. A assistência é torta, a conclusão é imprecisa, ocorrências visíveis na série de três partidas sem vitória.
Logicamente, o time tem evoluído, faça-se justiça. Mas o ritmo é lento. Por vezes, há sucesso pontual, como nos embates contra Palmeiras e Santos. Em ambos, no entanto, contou especialmente a raça, mais do que uma produção "just in time", seriada, fluída, como estabeleceria um manual de gestão da Toyota.
Cabe ressaltar que a equipe de trabalho da "fábrica" Corinthians tem muita mão de obra novata. É gente boa, mas ainda em fase de aprendizado e treinamento.
Do lado de cá, convém ter paciência. Do lado de lá, no entanto, é necessário um trabalho sério de rotinização da operação, com desenvolvimento de talentos, aumento de produtividade e atenção maior à demanda do cliente-torcedor.
Melhor seria se, à testa do clube, houvesse essa mentalidade. Pois ela impacta toda a produção. Como não há, resta esperar que os próprios colaboradores encontrem o caminho da sincronia.
Se organiza, Timão!
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.