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Alessandro revela o momento da certeza do título e fala do sofrimento após o lance de Diego Souza

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Alessandro falou com a reportagem do Meu Timão e relembrou a conquista

Alessandro falou com a reportagem do Meu Timão e relembrou a conquista

Larissa Lima / Meu Timão

Antes, lateral-direito, um dos líderes do elenco, titular absoluto da posição e capitão. Depois, coordenador e gerente de futebol. A trajetória de Alessandro no Corinthians está perto de completar dez anos. Uma década marcada por diversos títulos, mas principalmente pela inédita conquista da Copa Libertadores, quando foi um dos protagonistas do lance mais marcante daquela competição sul-americana de 2012, além de ter sido o responsável por levantar a tão desejada taça prateada.

Cinco anos depois, Alessandro lembra de todos os detalhes daquela trajetória inesquecível, marcada pela invencibilidade inédita de 14 jogos do torneio, além da melhor defesa da história da competição, com apenas quatro gols tomados em 14 jogos. Em entrevista exclusiva ao Meu Timão, o ex-camisa 2 relembrou sobre lances, personagens e momentos dentro e fora de campo.

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O que aconteceu nas horas seguintes ao lance em que Cássio pegou o chute de Diego Souza? Como o grupo recebeu o afastamento de Adriano Imperador às vésperas do mata-mata? Qual foi o momento que deu mais confiança na conquista do título? O que foi falado para Romarinho no vestiário da Bombonera? Essa atual equipe poderá repetir o feito de 2012? Acompanhe abaixo, no bate-papo com Alessandro por cerca de 40 minutos, todas essas respostas.

Confira a entrevista completa com Alessandro

Como foi a relação com os torcedores nesses últimos cinco anos?

Já? Passou isso tudo? (risos) A gente acaba tendo uma convivência próxima ao torcedor depois de ter parado de jogar e trabalhando aqui, inicialmente como coordenador e, agora, como gerente de futebol. Segui vivenciando muito o dia a dia do clube, encontrando torcedores, agora com mais tempo de trocar experiências. E o torcedor sempre agradece muito, esperava muito que esse dia chegasse. E, graças a Deus, chegou. E veio com um elenco qualificado, um trabalho excepcional comandado pelo seu Adenor (Bachi, o Tite). É inevitável que falamos quase todas as semanas. O lance (Diego Souza x Cássio) fará parte dessa conquista, sempre será recordado pelo torcedor. São momentos bacanas de relembrar, mesmo alguns sendo mais difíceis, emocionantes e até preocupantes (risos). Fico feliz.

Medalha, camisa... você guardou algo daquela conquista?

Guardei, tenho a camisa, a faixa de capitão, a medalha, tenho o livro... fiz um espaço em Assis Chatebraut (interior do Paraná). Tenho as duas camisas das duas finais (Boca Juniors e Chelsea).

Aquela defesa foi a melhor de toda a história da Copa Libertadores, com apenas quatro gols tomados em 14 jogos. Como foi para você, que era lateral, participar daquela equipe que obteve um recorde como esse?

Tudo se iniciou com muito trabalho, o Carille era nosso auxiliar e participava diretamente da organização defensiva. Era um foco grande ter um setor defensivo que errasse pouco, que trouxesse segurança à equipe. Então, isso vinha do goleiro, passava pela linha defensiva, chegava aos jogadores que entravam no segundo tempo. Enfim, todo mundo se abraçou e se ajudou. O trabalho era desgastante, mas todos compreenderam que tinha uma equipe titular, mas todos do banco sabiam que poderiam entrar a qualquer momento. Isso era um desafio entre nós.

Capitão com o passaporte simbólico rumo ao Japão

Capitão com o passaporte simbólico rumo ao Japão

Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

Além da defesa, aquele Corinthians é a única equipe invicta da Libertadores com 14 jogos. Que momento você achou que ficou mais perto de perder a invencibilidade? Ou nunca pensou que isso aconteceria?

Foi uma marca muito importante, mas nunca paramos para pensar nela. Nunca pensamos "Vamos iniciar a competição e não vamos perder". Nem antes nem durante e muito menos depois. Foi realmente uma sequência, jogo a jogo, principalmente fora de casa. O momento que mais se aproximou da derrota foi contra o Boca Juniors, lá na Argentina. Quando sofremos o gol, era muito difícil, tinha o fator psicológico, de uma pressão, contra um time que tem tranquilidade de disputar essa competição... ali, naquele momento, achei que poderia perder mesmo. Mas não pensávamos nela, pensamos em fazer um bom jogo para ter vantagem na volta.

Você foi o primeiro a abraçar o Romarinho no gol da Bombonera. Você entendeu aquele lance protagonizado por ele?

(risos) Qualquer ser humano que tentar entender vai perder tempo. Um cara para fazer o gol naquele momento, sendo derrotado, era ele. Até o mais experiente ali teria chutado forte, fechado o olho e dar uma porrada, as piores. Menos ser frio como ele foi. O Romarinho fez o lance que se faz numa pelada, não numa final de Libertadores dentro da Bombonera. Ele nem sequer imaginou ou pensou que era o momento mais importante da vida dele. Até para o Danilo, que sempre foi o mais frio e calculista do elenco, ficaria mais pesado na cara do gol, nem sei se ele faria aquilo. Até porque, ele tinha plena noção do que aquela final significaria para o Corinthians. Romarinho fez aquilo e deixou mais de 30 milhões de pessoas felizes. Eu não consigo acreditar até hoje (risos). Ele sempre foi um menino simples, nunca deixou subir à cabeça tudo que estava acontecendo com ele.

Alessandro comemora com a torcida após gol de Romarinho

Alessandro comemora com a torcida após gol de Romarinho

Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

A equipe parecia muito concentrada durante os jogos, foi assim nos 14 jogos. Como manteve isso durante todo esse tempo?

O aspecto de ter jogadores experientes ajudou muito, mas ajuda para assimilar para ser imposto, para aquilo que estava sem pedido. A equipe era qualificada, mas sempre respondeu bem ao que estava sendo pedido. O grupo não levaria apenas a experiência para o campo. Todo santo dia, em todos os treinos, a equipe levava isso em prática e sempre pregado pela comissão técnica. Os mais experientes distribuíam isso para os outros.

Dentro desse panorama é possível lembrar do Adriano, que acabou sendo afastado. Como aquele episódio, às vésperas do mata-mata, foi tratado internamente pelo grupo?

Havia, na verdade, uma disponibilidade de todos para insistir que a resposta dele fosse bacana, que fosse mais um jogador na área coletiva para ajudar. Mas, quando destoa muito, quando está fora da curva, a pessoa naturalmente vai desgarrando sozinha. Por mais que a comissão técnica se esforce, diretoria, atletas... chega uma hora que a coisa não vai andar, que o cara não está junto. Cai por terra, fica desproporcional com a linha de trabalho. Não houve um desgaste, uma lamentação. Foi um desperdício de talento, pois era um cara que poderia ajudar naquele momento. Preocupação era mais diretiva mesmo.

Daquele elenco, alguns jogadores comeram a massa desde a Série B, como dizia o Tite, outros tinham acabado de chegar, outros tinham sido campeões brasileiros no ano anterior. Quem você destacaria? Houve alguém importante que foi pouco falado na época?

Eu não consigo destacar um ou outro, todos tiveram sua importância no momento adequado. Poderia ressaltar cada um deles. Desde o goleiro, que foi o Cássio que entrou num momento importante, mas até então o Julio César tinha contribuído e muito com a equipe (atuou nos seis jogos da fase de grupos). Eu também dividi a competição com o Edenílson, o Liedson teve uma importância absurda, ele se esforçou e se dedicou para ajudar. Cada atleta soube ser paciente em esperar sua chance, e o Tite estava pronto para identificar isso. Se eu fosse titular, o Edenílson estaria louco pra jogar. E vice-versa. Ninguém se decepcionou por estar no banco.

Ex-capitão com companheiros e membros da comissão

Ex-capitão com companheiros, presidente e membros da comissão

Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

Cada um tem sua opinião sobre aquele momento que você pensa: "Agora ninguém tira da gente". O Danilo sempre achou os duelos com o Vasco, teve quem falasse do Santos. Você tem esse momento dentro da competição?

Na trajetória toda da competição, no dia seguinte, a gente conversava e sempre dizia que o time estava bem, evoluindo. Pensávamos entre nós: 'Será que será este ano? Mas, por incrível que pareça, o dia que mais me trouxe tranquilidade foi na manhã do último jogo, na quarta-feira, horas antes de pegar o Boca Juniors no Pacaembu. O dia foi longo (risos), mas naquela manhã, cada minuto daquele dia, cada refeição, cada conversa entre a gente, eu tinha muita segurança que estávamos ali vivendo o time final de uma trajetória que tínhamos se dedicado bastante. Ali tive a sensação que era, realmente, nosso dia. Estava todo mundo muito leve, todo mundo realizado por chegar a uma final. Não tínhamos tanta vantagem, contra uma equipe que tinha tradicional na competição, mas tínhamos uma confiança grande no título. Antes, sinceramente, não. Naquela manhã, quando despertei, falei comigo mesmo: 'Caramba, hoje é um dia especial'.

Teve aquele adversário que você achou mais difícil?

Todo mundo fala muito do Vasco, jogar em São Januário é complicado. As condições (chuva e gramado com lama) eram difíceis, o jogo da volta teve o lance do Cássio, com o rival podendo sair na frente. A disputa foi próxima, foi um jogo igual, foi o mais preocupante. Pensamos: 'Está mais difícil do que imaginávamos". Foi a noite mais tensa, digamos assim.

Você poderia ter saído como vilão naquela noite contra o Vasco....

(rindo e interrompendo) Eu até brinco que o presidente Mário (Gobbi Filho) quis naqueles sete segundos rever meu contrato (risos).

Alessandro contra o Vasco, no Pacaembu

Alessandro contra o Vasco, no Pacaembu

Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

No final, entra para a história levantando a taça. Na sua cabeça, é algo que você tem uma explicação racional? Ou pensa que foi algo de destino mesmo, algo preparado por Deus para você como costuma dizer os jogadores?

Talvez eu não consiga ser preciso realmente em relatar ou compreender tudo que aconteceu. Ou tudo que poderia acontecer se aquela noite fosse o término para o Corinthians. Seria mais uma história repetitiva, mais um atleta como tantos outros... mas não, né? Foi um lance que marcou a história do clube, uma das maiores defesas do Cássio na competição, o gol do Paulinho, mais uma passagem de fase contra o atual campeão da Libertadores (Santos). Talvez eu não tenha mesmo total, total, total ciência do que aconteceu. Mas eu me sinto muito leve para falar: poderia ser com outro atleta, mas tudo acontece por algum propósito. Foi mais um lance para apimentar essa nossa conquista, para relatar. Hoje estamos falando disso cinco anos depois, falaremos mais e mais nos próximos anos. E eu não vou conseguir relatar pontualmente o que pensei, o que poderia ter acontecido ou não. Mas falo com muita leveza, o Cássio fez uma grande defesa, foi uma tomada de decisão errada da minha parte, pois eu estava na zona de segurança da equipe, e eu fui muito calmo e paciente no lance. Eu deveria ter rebatido para qualquer lado. Foi bom também ter acontecido porque trouxe um ensinamento, acelerou um processo maior de amadurecimento para não errar todos os lances seguintes depois daquilo. O psicológico era importante porque você passou insegurança ao seu torcedor, era preciso voltar à concentração. Eu digeri, recebi apoio incondicional dos atletas e da comissão técnica, ninguém botou mais pressão em cima de mim. Foi um lance pesado mesmo, é preciso relatar.

Você lembra como foram suas horas depois? Assim que deixou o Pacaembu...

O mais difícil foi dormir, eu não conseguia esquecer. Pela primeira vez eu não saboreei uma vitória, para mim não teve gosto de felicidade. Eu levei dias para assimilar o que tinha acontecido, eu fiquei assustado. Aquela noite e as outras foram pesadas.

Cinco anos depois, você enxerga algo parecido com o time de hoje? Ou você acha que aquele grau de maturidade da equipe só acontece com o tempo mesmo?

É incomparável. Vai muito do que eles estão ali acreditando entre eles. Óbvio que o treinador tem sua importância, ele que aplica o trabalho, mas é entre eles que a aceitação pode ser positiva ou negativa. A compreensão de levar ou não para o campo. Eles estão tendo a chance de mostrar, como foi no Paulista, que mostrar que tem competência de ir mais longe. Mas a gente sabe que a trajetória é um pouco longa, falar onde podem chegar é precoce. O Corinthians para ser campeão em 2012 teve diversos elencos, eu mesmo cheguei em 2008. Aqueles que foram se consolidando, em 2012 estavam no auge. A manutenção e a chegada de qualidade, fica mais próximo disso. Ok. Mas é difícil, muita coisa acontece, a gente não tem certeza da manutenção do elenco, pode aparecer propostas que interrompem o processo.

Um título de Libertadores se conquista como? O que é preciso ter ou fazer?

Com um pouco de tudo. Dá para ter jogadores experientes e ter jovens, como temos no elenco hoje, como o Maycon e o Arana, que têm respeito à entidade, sem pressa para ir à Europa. Tem de mostrar isso para os atletas mais jovens, mas nem sempre vão aceitar. Um Estadual, um bom Nacional e o cara acha que está pronto para a Europa. Ele não quer esperar vir uma Libertadores, depende da intenção do atleta. O clube sempre vai trabalhar para ter o melhor elenco. Os clubes não estão prontos para uma manutenção por quatro, cinco anos. Não existe uma cartilha para conquistar a Libertadores, tanto que o Corinthians demorou mais de cem anos para conquistar sua primeira (na verdade, 35 anos após sua primeira participação, em 1977). Eu já parei de jogar, e tenho uma certeza: "Ser campeão de um título tão importante quanto esse pelo Corinthians é único. Não tenho dúvida. Eu estou quase completando dez anos de Corinthians. Nesse período todo, eu só vivi no Flamengo. Eu destaco esses dois clubes. Ser campeão nesses clubes é único. Não vou conseguir explicar nem traduzir, só consigo sentir. O mesmo prazer que o torcedor tem numa arquibancada de abraçar o cara que ele nem conhece, ao lado, eu também sinto. Mas reproduzir ou explicar isso é difícil.

Elenco e a taça da Libertadores no vestiário do Pacaembu

Elenco e a taça da Libertadores no vestiário do Pacaembu

Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

Pela vantagem na tabela do Brasileirão-17, por ter ficado fora o ano passado, não dá nem para pensar em não disputar a Libertadores 2018... ou isso é exagero falar agora?

Todo ano, né? O clube sempre vai buscar terminar uma temporada com os melhores resultados, sempre almejamos o título. Não deu? O que tem abaixo dele? Chance de Libertadores. Você tenta alcançar, jamais deixaremos de pensar nisso. Sempre estar na Libertadores traz um amadurecimento grande ao elenco jovem, mesmo para um grupo que disputaria a primeira vez. Tem para o atleta e para o clube uma grande importância, de ser campeão de novo, tem de ser uma ambição nossa mesmo. A gente tem de incomodar quando não participar dela. Hoje tem de estar desconfortável de estar disputando a Sul-Americana. A busca é por isso mesmo, não tenha dúvida.

Veja mais em: Alessandro, Jogos Históricos, História do Corinthians, Libertadores da América, Ídolos do Corinthians, Ex-jogadores do Corinthians e Diretoria do Corinthians.

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