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Não precisava ser sofrida nem polêmica
Walter Falceta

Walter Falceta Jr. é paulistano, jornalista, neto de Michelle Antonio Falcetta, pintor e músico do Bom Retiro que aderiu ao Time do Povo em 1910. É membro do Núcleo de Estudos do Corinthians (NECO).

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Não precisava ser sofrida nem polêmica

Coluna do Walter Falceta

Opinião de Walter Falceta

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Não precisava ser sofrida nem polêmica

Torcida corinthiana na Norte: padecimento com a escassez de gols

Foto: WFJr.

1) O Vasco da Gama, notável clube de tradição popular, tem sido coadjuvante em momentos gloriosos da história corinthiana. Em 1930, depois de duas renhidas batalhas, viu o alvinegro paulista sagrar-se o "Campeão dos Campeões". Em 2000, no Maracanã, assistiu à conquista mosqueteira no primeiro Mundial de Clubes da FIFA. Em 2015, em seu estádio, acompanhou a festa do hexa brasileiro.

2) No primeiro turno deste certame nacional, sofreu cinco tentos corinthianos em São Januário. Imaginava-se, pois, que servisse de oponente apropriado à reabilitação dos comandados de Carille, assombrados por três derrotas em quatro jogos do returno.

3) O limitado time liderado por Zé Ricardo, entretanto, não facilitou a jornada corinthiana na tarde de fumacê azulado, resultado das queimadas urbanas que assolam a Zona Leste. Aguerrido e compacto na dobrada linha defensiva, o Vasco obrigou Jadson e Rodriguinho a repetir o padrão recente de passes errados e triangulações imperfeitas.

4) Ainda assim, com um Romero mais incisivo e o eventual apoio ofensivo de Maycon, o Corinthians criou várias oportunidades de gol. E bem poderia ter aberto o placar ainda na primeira etapa.

5) Jô desabou duas vezes na área, em choques corporais com os cruzmaltinos. Em ambas as ocasiões, solicitou a cal, sem obter a anuência do árbitro.

6) Rodriguinho, ao cerrar das cortinas do primeiro tempo, desperdiçou outra chance de ouro, enviando a bola acima da meta de Martín Silva.

7) No segundo tempo, o mesmo Rodriguinho, Maycon e Fagner desperdiçariam outras chances. Nas conclusões, o líder do Brasileirão tem falhado com assustadora frequência. Há sempre alguma hesitação nos arremates. O tiro quase sempre é tardio, mascado, sem direção ou sobre o arqueiro adversário.

8) Pelo Brasileirão, o último gol do Corinthians em seu estádio havia sido anotado por Pedro Henrique, contra o Sport, em 5 de Agosto, aos 21 minutos da etapa derradeira. Depois disso, duas derrotas, para Vitória e Atlético Goianiense. Ao marcar, com o braço, o tento salvador deste domingo, Jô encerrou um jejum mosqueteiro de gols em casa, pelo Brasileiro, de 296 minutos (contados os acréscimos das partidas). Prepare-se, pois haverá estardalhaço indignado da imprensa anticorinthiana por semanas. Assim como houve silêncio, por exemplo, depois que a arbitragem anulou gol legal do mesmo Jô contra o Coritiba, no primeiro turno. E o que dizer de um dos gols de Luis Fabiano no jogo do primeiro turno, em São Januário?

9) Figura fundamental pelo polêmico tento marcado, Jô pareceu menos efetivo que nas boas partidas do primeiro turno. Falta-lhe recuperar a mobilidade e a verticalidade. Convém que se desenrole da teia confusa tecida a partir dos pés de Jadson e Rodriguinho.

10) Marquinhos Gabriel, desta vez, desenrolou a equipe corinthiana. Verticalizou, executou o serviço reto e foi fundamental no lance que decretou a vitória. A derrota do Grêmio e o avanço na tabela não devem, porém, constituir esmorecimento. Vem outro freguês pela frente e a oportunidade de se estabelecer larga folga na liderança.

11) Termino esta coluna com um abraço para o Seu José, pele morena, olhos claros, um trabalhador, já no início da melhor idade, que me presenteou com um bilhete de metrô, na volta para casa. Não nos conhecíamos. E ele, generoso, pôs fim a uma aflição minha. Quis restituir-lhe o valor, mas este homem da multidão apenas me cumprimentou alegre, afirmando que ofertava a passagem para festejar a vitória e a liderança. Ainda hoje, eu me emociono com o povo corinthiano. E até dá vontade de chorar. Esse amor solidário cada vez mais raro na sociedade brasileira, segue resistente em nossa Nação. Ainda bem! Por mais que tentem, não matam 1910.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Por Walter Falceta

Walter Falceta Jr. é paulistano, jornalista, neto de Michelle Antonio Falcetta, pintor e músico do Bom Retiro que aderiu ao Time do Povo em 1910. É membro do Núcleo de Estudos do Corinthians (NECO).

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