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Lições de 2017 para o Corinthians de 2018
Victor Farinelli

Victor Farinelli é um jornalista brasileiro e corinthiano residente no Chile, colabora como correspondente de meios brasileiros como Opera Mundi, Carta Capital, Revista Fórum e Carta Maior.

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Lições de 2017 para o Corinthians de 2018

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Lições de 2017 para o Corinthians de 2018

Carille conhece bem o passado recente do Corinthians e sabe como repeti-lo

Foto: Daniel Augusto Jr. / Agência Corinthians

Está terminando um ano dos mais corinthianos da minha vida, e me atrevo a dizer que - embora as idades dos que me estão lendo possam ser variadas - a verdade é que poucos anos na história recente foram tão cheios de espírito corinthiano do que este 2017.

Falo de corinthianidade e não de títulos, embora as duas taças sejam a coroação perfeita de uma temporada marcada pela superação. E sejamos sinceros, não foi só a imprensa esportiva e os antis, muitos de nós também não acreditavam neste time e neste técnico. Começo fazendo eu mesmo um mea culpa: duvidei do Carille quando foi contratado, achei que ele não tinha personalidade, que o elenco era limitado e que o Jô estava em fim de carreira. Paguei pela minha boca, mas paguei feliz.

Por isso, agora que só nos resta esperar por 2018 - estas angustiantes semanas até o retorno do Coringão aos gramados -, tentarei ser mais paciente, e recomendo o mesmo a todos.

Claro que esse espírito corinthiano não é somente superação e humildade. Também tem muito de esperança, resistência, perseverança. Porque, aqui entre nós, o time deste ano realmente é limitado. Não falo da qualidade dos atletas e sim da quantidade mesmo. O maior exemplo foi a zaga: alguém consegue explicar como sobrevivemos a toda uma temporada, e ganhando dois títulos de grande porte, com apenas quatro atletas pra essa posição? Teve partidas onde o banco não tinha um beque natural.

E mesmo com essas limitações, o time jogou muito. Algumas partidas foram brilhantes, especialmente clássicos e partidas decisivas -- provando que não era somente sorte, o time sabia quando tinha que render mais. Quando não esteve tão bem, muitas vezes a raça prevaleceu. Claro, houve aquele período terrível entre agosto e outubro. O que apareceu ali foram essas limitações, a falta de opções em algumas posições, resultado de alguns erros de planejamento.

Por isso, o que eu mais quero cobrar agora da diretoria é um elenco mais equilibrado. Independente dos nomes. Evito torcer o nariz pro Junior Dutra, porque não dá pra saber se ele vai ser um Jô ou um Kazim, mas o importante é que o Carille tenha entres as opções - seja Junior Dutra, o promissor Carlinhos ou quem mais vier - o suficiente pra ser um time eficiente no ataque durante toda a temporada. E já que estamos falando de centroavantes, se confirmada a saída do Jô, precisaremos de um novo titular de peso pra posição, coisa que nenhum dos demais citados neste parágrafo parece ter condições de ser.

Na defesa ainda não veio ninguém, e isso que já perdemos o Arana e o Pablo. Precisamos renovar o Balbuena e trazer pelo menos mais dois zagueiros pro elenco -- os meninos Pedro Henrique e Léo Santos são bons, mas não dá pra passar mais uma temporada inteira com só quatro atletas nessa posição e vivendo de improvisações, ainda mais enfrentando um torneio tão exigente física e disciplinarmente, como é a Libertadores.

Porém, o noticiário pouco fala de novos zagueiros para o elenco, e isso preocupa. O que mais se escuta são nomes pra lateral-esquerda - pertinente, porque precisamos talvez de dois caras pra posição - e pro meio, especialmente volantes, setor onde o elenco já está cheio.

Não tenho nada contra os nomes especulados: Renê Junior e Gustavo Scarpa fizeram boas temporadas e podem ser atletas do Corinthians, mas se vamos trazer esses caras, significa que alguns do elenco atual também terão que sair. Tudo bem, se é pra aumentar a qualidade, que assim seja, mas me preocupa que as procuras sejam prioritariamente por qualidade enquanto em outras posições falta uma quantidade mínima.

Quando falei sobre a Libertadores não foi pra defender uma prioridade total ao torneio internacional, como muitos clubes brasileiros fizeram este ano - e a maioria quebrou a cara, terminando o ano sem nada. O Corinthians tem que se preparar pra tentar vencer tudo o que for possível no ano que vem, e pra isso precisa de um elenco equilibrado, que compense as lesões, suspensões e convocações que vão surgir. Precisamos ter pelo menos quatro goleiros, dois laterais em cada lado, cinco zagueiros, entre 10 e 12 meias (metade deles volantes), e seis atacantes.

Além disso, tem a questão da importância de se manter o processo, e pretendo confiar que tanto a comissão técnica quanto a diretoria sabem que o elenco atual deve ter o mínimo de baixas possível. Aqui cabe um apelo sobretudo à diretoria, porque se antecipar a algumas possíveis saídas é fundamental, e não somente reagir quando um atleta já tem a proposta chinesa, japonesa ou europeia nas mãos.

Não podemos equiparar financeiramente as propostas de outras latitudes, mas podemos oferecer a eles mais glórias, e uma saída mais favorável no futuro. Pra isso, só tendo um projeto convincente. Por exemplo, mostrar que se em 2017, com um início meio aos trancos e barrancos, ganhamos tudo o que ganhamos, imagina o que poderemos fazer em 2018 mantendo essa base e reforçando-a. Essa lição que deveríamos ter aprendido desde a esquecível passagem de 2015 pra 2016.

Parece que peço muito? Acho até que estou sendo singelo. Quero coisas simples: ter um elenco equilibrado e manter a base deste ano, princípios que deveriam ser da cartilha do clube. Afinal, mesmo com isso, seremos um elenco mais austero que os dos nossos rivais, o que podemos compensar com melhor trabalho, como fizemos este ano.

Aliás, com tantas coincidências entre as retas finais de 2011 e 2017 - a arrancada inicial, a queda de rendimento e retomada no final, o gol do Giovanni Augusto ao estilo Cachito Ramírez, o gol do Kazim ao estilo Adriano, entre outras -, não custa nada repetir também o que foi a preparação entre aquele título e a sensacional temporada 2012, que também se focou na manutenção da base e equilíbrio do elenco.

É o nosso passado recente ensinando a receita para continuar colhendo excelentes resultados. O Carille conhece bem, fez parte daquele trabalho, e sabe como repeti-lo.

Veja mais em: Fábio Carille e Elenco do Corinthians.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Victor Farinelli é um jornalista brasileiro e corinthiano residente no Chile, colabora como correspondente de meios brasileiros como Opera Mundi, Carta Capital, Revista Fórum e Carta Maior.

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