Em documentário, Elza Soares relata peso da Fiel e de ex-técnico no 'corinthianismo' de Garrincha
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Por Lucas Faraldo
Ídolo do futebol brasileiro. Bicampeão mundial pela Seleção quando o país somava justa e somente dois títulos de Copas. Currículo magistral e até então solo de 13 anos por outra equipe de ponta do país. Difícil imaginar que um jogador com esse perfil se transferiria ao Corinthians numa época de seca de títulos no Parque São Jorge. E mais do que isso: se tornaria "mais um do bando de loucos" - bem antes de Ronaldo Fenômeno "lançar a moda".
Essa é a síntese da contratação de Garrincha, de saída do Botafogo, pelo Corinthians para a temporada de 1966. E a história de 52 anos atrás se tornou documentário, o "Garrincha do Timão", que será exibido na televisão pela primeira vez, na noite desta quarta-feira, às 21h, na ESPN. Trata-se de uma co-produção entre a emissora e a Canal Azul. A obra foi dirigida e roteirizada pelos jornalistas Helvidio Mattos e Rafael Valente.
Em entrevista concedida ao Meu Timão, Valente contou detalhes do documentário, que "nasceu" lá em 2016, durante as pesquisas do próprio jornalista para a produção de uma reportagem especial dos 50 anos da passagem de Garrincha pelo Corinthians.
Boa parte das entrevistas foram gravadas em junho e julho daquele ano. O que era para ser um documentário de 24 minutos mais que dobrou de tamanho e se tornou uma película de 52 minutos, adiando a exibição para 2017. No fim das contas, em meio ao apertado calendário esportivo de eventos e datas marcantes, a ESPN o lançou neste início de 2018.
Questionado sobre qual foi a entrevista mais marcante, Valente não titubeou e se lembrou das conversas travadas com a cantora Elza Soares, que iniciou relacionamento amoroso com Garrincha em 1964 e foi casada com o ex-ponta-direita entre 1968 e 1982.
"Tivemos uma dificuldade de encontrar pessoas que viveram aquele período e se lembravam. Muitos dos personagens já tinham entre 25 e 30 anos na época e portanto estavam envelhecidos já. Mas superamos esse obstáculo e encontramos muita gente, torcedores da época inclusive", se recordou, antes de falar sobre Elza Soares:
"Da Elza com certeza foi marcante, porque ela é a voz do Garrincha hoje. Não imaginávamos o quanto ela era identificada com o Corinthians. A Elza falou que já era corinthiana e ficou ainda mais corinthiana quando ele veio jogar aqui. E ele ficou corinthiano também. A torcida abraçou muito ele, deu a ele o que ele precisava, carinho, sentimento de acolhimento. O próprio Oswaldo Brandão apadrinhou ele, ia jantar quase todos os dias na casa dele e da Elza, pegava no pé pra entrar em forma", contou Valente.
A passagem de Garrincha pelo Corinthians, que originou o apelido Timão e assim inspirou o nome do documentário de Valente e Mattos, não foi lá das mais vitoriosas, vale recordar. Ele deixou o clube 16 anos antes de falecer por cirrose hepática, sem conseguir reerguer a carreira e também sem tirar o Timão da fila de títulos que já se alongava desde 1954. E quem disse que isso é motivo para o casamento não se tornar filme?
"A história do Garrincha tem um desfecho triste, morte com álcool. E a história dele no Corinthians é mais triste ainda, não deu certo. Queríamos que não fosse um documentário melancólico. E tem muita coisa boa dessa passagem do Garrincha pelo Corinthians. É uma história de esperança, nos baseamos por isso", resumiu Valente.
O documentário já está disponível no WatcESPN, plataforma de streaming e conteúdo on demand dos canais ESPN.