Pense rápido, corinthiano: você seria capaz de deixar a rivalidade de lado para acompanhar um jogo do São Paulo no Morumbi? Ou assistir a uma partida do Palmeiras dentro do Allianz Parque? Mais do que isso: seria capaz de dar o braço a torcer e fazer elogios a uma torcida da qual não faz parte?

Há quem tenha feito isso e muito mais na noite dessa quinta-feira. Larissa Souza Lopes, de 24 anos, jornalista, é torcedora do São Paulo desde a infância. Ainda assim, sonhava em assistir a um jogo do Timão na Arena Corinthians, em Itaquera, desde que esteve no estádio para torcer pelo Brasil em uma partida válida pelo torneio de futebol feminino dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.

“Lembro que fiquei encantada com a Arena, é linda, bem organizada e muito moderna. Saí de lá e falei para o meu irmão que queria muito voltar e ver um jogo do Corinthians, queria ver como a torcida gritava nos jogos, cantava, se abraçava, e ele disse que tudo bem, encontraria um jogo pra gente ir”, contou Larissa em entrevista ao Meu Timão.

No entanto, a oportunidade tão desejada só apareceria para a são-paulina na quarta-feira, véspera do duelo entre Corinthians e Bragantino que definiria o último semifinalista do Campeonato Paulista. O irmão Leonardo, torcedor corinthiano, se lembrou do pedido da irmã e logo propôs o seguinte programa: levá-la ao confronto junto do primo Thiago.

“Ele (Leonardo) veio correndo no quarto dizendo que tinha ingresso pra ver o Corinthians contra o Bragantino na quinta. Achei o valor meio caro de início, mas não pude deixar de aceitar”, admitiu. “Pensei por cinco minutos o que fazer e decidi: bora comprar!”, recordou a torcedora do São Paulo, que desembolsou R$ 78 pelo ingresso.

Arquivo pessoal

Somente assistir ao jogo em Itaquera não bastava para a jornalista. Se a intenção era viver uma noite de corinthiana, nada mais justo do que ir ao estádio de metrô e participar da festa da Fiel já nos arredores da Arena. E ela assim o fez!

“Falei para deixarmos o carro no shopping Tatuapé e irmos de metrô até lá, pois eu queria ir junto com a torcida desde o caminho e sabia que a volta prometia um mundaréu de gente cantando. Eu queria participar disso”, descreveu. “Quando chegamos na estação, já estava todo mundo cantando, pulando e eu me sentia parte da torcida. Fomos subindo aquela ladeira pra entrar na Arena, todos juntos. É muito bonito”.

‘Louca do bando’, corneta a Dutra e fã incondicional de Ralf

Já fascinada, Larissa voltaria a se emocionar quando a bola rolasse. Do setor Leste Inferior, a são-paulina viu o Corinthians abrir o placar com Sidcley, Maycon marcar golaço de fora da área e Júnior Dutra não ter uma noite lá tão feliz. Nada que estragasse a experiência de estar entre corinthianos numa arquibancada – com vitória e classificação, diga-se de passagem.

“Cada bola que não entrava no gol era desesperador, todos se olhavam não acreditando. Fábio Carille estava com um time muito bom, com exceção do Júnior Dutra – tive vontade de descer lá e substituí-lo (risos)”, brincou. “Mas também, quando foi o momento do primeiro gol, gritei muito! Sidcley arrebentou! Quer dizer, gritamos muito, pois havia mais de 30 mil pessoas gritando ao mesmo tempo, pulando e se abraçando”, detalhou.

“E ali se cumpria o que eu desejava ver. Fiquei pasma com a galera da Gaviões, que não parava de cantar um minuto sequer. Saiu o segundo o gol, do Maycon, e foi aquela emoção de novo. O meu jogador preferido da noite foi o Ralf, joga demais!”.

A noite de 22 de março deve permanecer na memória de Larissa por bastante tempo. Segundo ela, a experiência de estar na Arena e em uma partida do Timão é única, até mesmo para uma torcedora rival. “Foi uma noite incrível. Realmente estar ali superou as minhas expectativas. Quero muito assistir mais jogos em estádios, principalmente na Arena, porque além de ser bem iluminada, o campo é mais próximo da torcida. Acho que isso deixa tudo mais emocionante”, opinou.

Vida sem rótulos e coração nada dividido!

Larissa segue torcendo pelo clube do coração. Isso, porém, não a impede de vez ou outra acompanhar um jogo de futebol de outra equipe, pois foi assim que aprendeu com o irmão, fanático pelo Timão.

“A rivalidade de time começa dentro da minha casa. Eu sou são-paulina, meu irmão, corinthiano roxo. Para mim, o futebol vai além de fanatismo por clube, é um espetáculo onde você torce por um time e o melhor do jogo ganha”, pontuou, antes de esclarecer quaisquer dúvidas em relação à sua torcida nos dois Majestosos das semifinais. Coração dividido?

“Parabéns, Corinthians! Linda Arena, lindo jogo, linda torcida. Domingo vai ser dia de clássico, e aí, me desculpe Nação, mas vou torcer pelo meu Tricolor”, finalizou.

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