O que poucos sabiam sobre o querido José Teixeira
Opinião de Walter Falceta
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Lembro-me de nossa última conversa, meses atrás, na FATEC, no Bom Retiro. Ele dizia, lá no bairro onde surgiu o Corinthians: "que bonito estarmos justamente aqui fazendo algo pelos jovens".
O evento celebrava a conclusão das atividades de medidas socioeducativas do Coletivo Democracia Corinthiana (CDC), em parceria com unidades de assistência social da periferia paulistana.
Em suas palestras no projeto, Teixeira destacava a importância da construção de um canal de educação esportiva para gerar a inclusão social e uma cultura de paz.
Ele sabia do que dizia. Nascido em uma família humilde de lavradores, filho de pai que desconhecia as letras, Teixeira esforçou-se para estudar, aprender e oferecer sua contribuição à construção de um mundo melhor.
Formado em Educação Física pela USP, foi um dos responsáveis pela quebra do jejum corinthiano, em 1977.
Auxiliar de Oswaldo Brandão, teve papel fundamental na preparação física e psicológica de nossos atletas.
Pouca gente sabe, no entanto, que o professor assessorou também o técnico Vicente Feola na construção da Seleção Brasileira que venceu sua primeira Copa do Mundo, em 1958.
Com seu senso prático, sua visão holística do esporte e seu espírito generoso, Teixeira ajudou a mudar a gestão do esporte no Brasil, humanizando a relação entre as comissões técnicas e os atletas.
Teixeira foi quem indicou a contratação de Garrincha, em 1966, depois de uma longa visita à casa de Elza Soares. E foi quem organizou o sistema de treinamento que recuperou o craque para o futebol.
Desse trabalho, originou-se a convocação de Mané para a Copa da Inglaterra, em 1966.
Teixeira foi técnico do Corinthians e pavimentou um sistema de gestão que resultaria na equipe campeã paulista de 1979 e também no esquadrão da época da Democracia Corinthiana.
Foi quem sugeriu a Vicente Matheus, por exemplo, a contratação de Biro-Biro. Empenhou-se no trabalho de preparação integral do jogador, credenciando-o à condição de ídolo da torcida corinthiana.
Teixeira foi também quem indicou a contratação de Sócrates. No Corinthians, realizou um espetacular esforço para sanar as dificuldades físicas do Doutor e desenvolver suas geniais potencialidades.
Atuou como nosso técnico em 108 jogos. Na carreira, totalizou 362 jogos internacionais, 90 deles em seleções.
Aos 82 anos, Teixeira falava com entusiasmo dos aspectos educativos e culturais da prática do futebol na sociedade.
Como exemplo, citava o suporte de aconselhamento oferecido a Casagrande, quando atleta da base mosqueteira.
Em 2018, Teixeira se preparava para participar de outras atividades socioeducativas do CDC.
Enviamos nosso abraço fraterno à viúva, Dona Cleide; aos filhos, Júnior, Eduardo e Márcia, bem como aos netos, Giovana e Leonardo.
José Teixeira, eternamente em nossos corações!
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.