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300 gols em três anos e invicto há oito meses: técnico fala sobre evolução do Corinthians feminino

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Arthur Elias comanda a equipe do Corinthians, líder do Brasileiro e do Paulista em 2018

Arthur Elias comanda a equipe do Corinthians, líder do Brasileiro e do Paulista em 2018

Divulgação / Corinthians

O Corinthians vive um grande momento no futebol feminino. Líder do Campeonato Brasileiro e de seu grupo no Paulista, a equipe alvinegra ainda não sabe o que é perder há mais de oito meses - última derrota foi em setembro do ano passado. Além da invencibilidade, acumula um aproveitamento acima de 90% na temporada.

Quem comanda tudo isso? O experiente técnico Arthur Elias, que já está no projeto alvinegro desde 2016 quando ainda era Corinthians/Osasco Audax. No começo da temporada, Arthur abraçou a possibilidade de seguir no comando da equipe, que agora é somente do Timão.

Leia também: Atacante do Corinthians fala de boa fase e conta como é jogar no seu time do coração

"Eu recebi o convite para ficar só no Corinthians e não pensei duas vezes em aceitar. Pela dimensão do clube, pelo orgulho de trabalhar dentro do Corinthians, pela projeção que a gente pode alcançar, não só em títulos, mas como para um projeto de futebol feminino dentro do Brasil. Acho que isso tem acontecido aos poucos, o clube tem desenvolvido e apoiado cada vez mais, e estou muito satisfeito com essa escolha", explicou o treinador, em entrevista exclusiva do Meu Timão.

A escolha, pelo menos até agora, está rendendo muito para o treinador. Sua equipe carrega um aproveitamento invejável e equilibrado. Em 2018, são 54 gols marcados em 14 jogos e apenas 11 sofridos - média de 0,79 por partida.

Os números ofensivos não são novidade para Arthur. Em 2016, o time marcou 99 gols; no ano seguinte, último da parceria com o Osasco, foram 149 tentos marcados - no total, são 302 gols feitos pela equipe alvinegra nas últimas três temporadas.

"Eu acredito que, como qualquer outro treinador, procuro o equilíbrio. A equipe tem esse número expressivo de gols porque a gente trabalha muito o repertório de jogadas ofensivas, a definição é uma tecla que a gente bate muito", ressaltou.

No papo, Arthur Elias ainda falou sobre a convivência com o elenco, que, nas palavras dele, é o melhor que já trabalhou em seus muitos anos no futebol feminino. O treinador ainda comemorou a convocação de três jogadoras do elenco para a Seleção Brasileira nesta quarta-feira e, claro, falou sobre a possibilidade de um dia comandar a seleção nacional.

O treinador, aliás, atendeu a equipe do Meu Timão logo após comandar o primeiro treino das meninas no estádio do Pacaembu. O Corinthians se prepara pra enfrentar o Iranduba-AM, na sexta-feira, às 15h, na antiga casa alvinegra, pelo Campeonato Brasileiro.

Técnico Arthur Elias conversou com o Meu Timão na noite desta quarta-feira

Técnico Arthur Elias conversou com o Meu Timão na noite desta quarta-feira

Divulgação / Corinthians

Confira abaixo a entrevista exclusiva do Meu Timão com Arthur Elias

Meu Timão: O que te fez aceitar a proposta de deixar o Grêmio Audax e assumir o projeto novo do Corinthians?

Arthur Elias: Primeiro que os dois anos de parceria foram bem vitoriosos, conquistamos dois títulos de bastante expressão, foi uma parceria que ocorreu muito bem, teve muito sucesso. E foi fundamental para que tanto Audax quanto Corinthians conhecessem melhor o futebol feminino e que criassem interesse para desenvolver um projeto sério para a modalidade. Fiquei contente quando abriu essa possibilidade dos dois clubes tocarem vida própria porque aí você oportuniza duas equipes para o futebol feminino, que sempre teve essa carência de projetos sérios e organizados. Agora com a parceria conseguimos colocar isso em dois clubes. Então a gente entende que esse dois anos juntos foram importantes, vitoriosos, e foi importante pro Corinthians retomar o futebol feminino. O Corinthians teve o futebol feminino há bastante tempo, e no primeiro ano de parceria não estava pronto para ter dentro do clube a modalidade. E aí nesses dois anos pode se organizar melhor, eu recebi o convite para ficar só no Corinthians e não pensei duas vezes em aceitar. Pela dimensão do clube, pelo orgulho de trabalhar dentro do Corinthians, pela projeção que a gente pode alcançar, não só em títulos, mas como para um projeto de futebol feminino dentro do Brasil. Acho que isso tem acontecido aos poucos, o clube tem desenvolvido e apoiado cada vez mais, e estou muito satisfeito com essa escolha.

O que você considerado como responsável pela temporada excelente que a equipe tem feito?

Esse ano tivemos um período muito bom de pré-temporada: foram dois meses treinando. Para uma preparação para o futebol, isso é o ideal, é difícil ter um tempo como nós tivemos. A estrutura do clube também ajuda muito, qualidade do gramado, todo apoio que tivemos na parte estrutural. Mas, fundamentalmente, a montagem do grupo, a qualidade do elenco, o perfil das jogadoras. A gente trabalha há muito tempo no futebol feminino, consegui trazer para esse ano jogadoras que já havia monitorado nos últimos anos, conhecia pessoalmente algumas delas... então acho que o perfil das jogadoras e a qualidade delas, aliada ao tempo de preparação que a gente teve, fez com que a gente chegasse a esses números e apresentando um bom futebol. Pra mim o importante é o desempenho, e estou muito satisfeito com o que a gente tem feito até agora.

Como você e a comissão técnica trabalham com o emocional para não deixar a boa fase atrapalhar no foco da equipe?

A preocupação não é nem "subir a cabeça". A preocupação é a capacidade de manter o foco elevado, a capacidade de conseguir manter a qualidade de jogo depois de muitos jogos. Tivemos uma sequência de jogos, duas vezes por semana, contra adversários duros. Hoje o futebol feminino está muito mais nivelado, então foram adversários organizados, que nos deram bastante dificuldade nos jogos. Então vejo nesses os maiores desafios para a gente seguir bem, e seguir vencendo. Hoje isso é, sem dúvida, a maior preocupação nossa. No Campeonato Brasileiro, por exemplo, temos adversários como o Iranduba, que só joga o Campeonato Brasileiro, eles não estão nessa fase de acúmulo de jogos. Depois o campeonato vai dar uma parada, teremos um tempo maior para descansar, vamos ficar só com o Paulista, então em termos de treinamento esse próximo período será muito importante para gente. Então é isso, a questão não é nem de subir a cabeça, porque as atletas não se vêem superiores a ninguém. Como eu disse, o perfil é de atletas muito dedicadas, comprometidas e não passa isso na cabeça delas. É mais a questão da qualidade de jogo e do controle físico, por isso tenho rodado bastante o elenco, independente do campeonato, confio em todas minhas jogadoras, e escalo as que tiverem melhor preparadas fisicamente.

Existe um planejamento de priorizar competição? Ou as duas têm a mesma importância?

Até o momento a decisão foi essa, e a gente tem correspondido bem, então não entendo por que mudar no sentido de priorizar uma ou outra competição. Estamos bem nos dois campeonatos, os dois muito difíceis. No Campeonato Paulista, oito equipes estão no Brasileiro, então sabemos da competitividade dos dois campeonatos, sabemos da importância de nos mantermos na frente nos dois campeonatos, lá na frente pode decidir critérios como mando de campo... mas claro que se, lá na frente, precisar priorizar um campeonato em termos de pontuação, nós vamos fazer. Mas como eu disse, confio em todas minhas jogadoras. Acredito que em todos os jogos que fizermos, o Corinthians vai estar bem servido, e todas conseguirão demonstrar um bom nível, e honrar a camisa do clube. Então fico muito feliz com o desempenho de todo o grupo.

Podemos classificar o perfil das equipes comandadas por você como ofensivo?

Eu acredito que, como qualquer outro treinador, procuro o equilíbrio. A equipe tem esse número expressivo de gols porque a gente trabalha muito o repertório de jogadas ofensivas, a definição é uma tecla que a gente bate muito. Graças a Deus, ultimamente temos aproveitado isso bem... então ofensivamente a gente tem um repertório bem, jogadas pelo centro, pelos lados, jogadoras de diferentes posições chegando para concluir a gol. E também a bola parada, que é uma arma que a gente tem. Mas procuro também trabalhar a defesa. Quando atacar, saber que tem o equilíbrio defensivo e com isso também estou satisfeito: assim como o número de gol tem sido alto, o número de gols sofridos tem sido baixo. Então esse equilíbrio é o que a gente procura.

Pelo que vemos nas redes sociais, as meninas são bem animadas e unidas. Como é o ambiente de trabalho diário?

O ambiente é o melhor possível, estou há muito tempo no futebol feminino, trabalhei com muitos grupos, e talvez esse ano seja o melhor em questão de ambiente de trabalho. A gente tem se relacionado muito bem, de uma forma muito espontânea, muito alegre, como o futebol tem que ser. E com muita dedicação, com objetivos coletivos, então vejo que a gente tem um grupo muito unido, muito forte, e isso facilita o desempenho da equipe. Então a gente só precisa fortalecer cada vez mais essas relações e que a gente chegue em momentos decisivos, onde o emocional vai aparecer mais ainda, que esse fator possa ajudar em conquistar nossos objetivos.

Treinador elogiou o grupo de corinthianas que trabalha desde o início do ano

Treinador elogiou o grupo de corinthianas que trabalha desde o início do ano

Divulgação / Corinthians

Existe uma chance do Corinthians ser sede da Libertadores de 2018 (entenda aqui!) e, assim, ganhar um vaga. Vocês já trabalham com essa possibilidade?

Ainda não, ainda não tem nada confirmado. Fora de campo, claro que nossa diretoria tem pensado nisso, na Libertadores, e na proposta que foi feita à Conmebol, que eu participei também. Mas hoje não faz parte do planejamento técnico da equipe. Até porque, se a gente tiver o prazer de disputar, será só no fim do ano, então tem muita coisa até lá. A gente tá focado no que a gente tem certeza, que é o Campeonato Paulista e o Campeonato Brasileiro. Mas claro que a expectativa existe, e para nós seria um orgulho voltar a disputar essa competição pelo Corinthians, competição tão importante, que, de certa forma, a comissão técnica da equipe e parte do elenco conquistaram ano passado.

A equipe teve três jogadoras convocadas para a Seleção nesta quarta. Você vê isso como reflexo do bom momento que o Corinthians vive?

Acho que nosso momento tem uma importância no sentido das atletas estarem muito bem aqui. Mas também, elas já trabalharam com o Vadão, a comissão técnica as conhece há bastante tempo, a Lelê de um tempo maior, a Adriana e a Millene a partir do ano passado... e elas merecem essa convocação para Seleção, assim como outras jogadoras da minha equipe também têm condições de vestirem a camisa da Seleção Brasileira. E fico feliz, quanto mais atletas conseguirem chegar no nível alto, sinal de que nosso trabalho tem sido bem feito, e que elas estão mostrando bom futebol.

Faz parte dos seus planos treinar a Seleção Brasileira um dia?

Sem dúvida é um desejo. Todo profissional pensa em treinar a Seleção Brasileira, é o ponto mais alto que tem no futebol feminino. Se mais pra frente surgir a oportunidade, tenho certeza que estarei preparado para enfrentar, mas acho que a Seleção está bem servida. O Vadão é um cara experiente, retomou o trabalho agora, então ainda está no início do trabalho, e a gente torce muito para que a Seleção tenha um ótimo desempenho. Até porque aqui no Brasil se olha muito a Seleção. E às vezes, se a Seleção não vai bem em alguma competição, vira uma coisa ruim para a modalidade, de uma forma injusta. Até porque não tem uma grande estrutura, preparação, e a Seleção não faz milagre. Mas chegou muito perto de fazer milagre várias vezes, e isso não é reconhecido. Mas sem dúvidas, se tiver uma conquista, isso vai ser muito importante para todos os clubes, todos os profissionais, a gente torce muito. E, se um dia, tiver a oportunidade, com certeza vai ser uma grande alegria, e algo que sempre me preparei.

Deixe um recado para a torcida do Corinthians!

Peço que a Fiel possa comparecer nessa sexta-feira, no Pacaembu, às 15h, para que a gente possa apoiar as atletas do Timão, que estão se esforçando muito no dia a dia para honrar a camisa do clube, que tem feito grandes jogos. E com a torcida junto, faz toda diferença e elas poderão demonstrar um futebol ainda melhor ouvindo a torcida no Pacaembu.

Veja mais em: Corinthians feminino e Especiais do Meu Timão.

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