Técnico brasileiro que enfrentou o Colo-Colo disseca adversário do Corinthians na Libertadores
18 mil visualizações 74 comentários Reportar erro
Por Andrew Sousa
Nesta quarta-feira, às 21h45, o Corinthians começa sua luta por uma vaga na próxima fase da Copa Libertadores. Com o primeiro jogo no Chile, o Timão disputa sua classificação com o experiente time do Colo-Colo, de nomes conhecidos com Valdívia e o centroavante Lucas Barrios.
Pouco antes da partida, é normal que a Fiel busque informações do adversário alvinegro por toda a internet. Como será melhor atacar? Qual lado é o mais perigoso deles? Há um ponto fraco visível?
Para responder essas e outras perguntas, o Meu Timão conversou com Vinícius Eutrópio, ex-técnico do Bolívar. Comandante do time boliviano na primeira fase da Libertadores, o brasileiro encarou o Colo-Colo duas vezes na competição - empate por 1 a 1 em casa e derrota por 2 a 0 fora de casa.
Nervos precisam estar em dia
Com 31 anos de idade média, o time do Colo-Colo tem experiência de sobra em competições como a Libertadores. O fato, é claro, tem dois lados bem importantes a serem trabalhados por Loss e seus comandados: a parte psicológica e física.
No jogo mental, destaca-se o goleiro argentino Orión - aquele mesmo que tomou o gol de Romarinho na La Bombonera, em 2012. Em um dos estudos sobre a equipe, Eutrópio relembra um dado assustador: em uma partida na altitude, o arqueiro matou 14 minutos da partida.
"Não é normal. O que ele faz é absurdo. O juiz deu amarelo, mas não adianta. Se o Corinthians estiver precisando do resultado, eles são o time que sabe segurar o placar como ninguém", alertou o ex-treinador do Bolívar.
Chave para vencer
Se a experiência pode pesar positivamente para os chilenos, a idade avançada também tem seu ônus. E no caso do Colo-Colo, ele é visível: a equipe perde muito rendimento na segunda etapa. Diante disso, então, não tomar gols no primeiro tempo pode ser a chave para, nos últimos 45 minutos, aproveitar a superioridade física e construir o resultado.
"Se o Corinthians não tomar gol no primeiro tempo, grande chance de fazer no segundo, porque eles caem. Lá na Colômbia, o Delfín teve um jogador expulso no primeiro tempo, quando estava perdendo por 2 a 0. Mesmo assim quase empatou. Não necessariamente o Corinthians precisa ir para cima, o Colo-Colo é que vai cair naturalmente", destacou.
Provável esquema
Com a chegada de Barrios durante a pausa para a Copa do Mundo, a tendência é que o Timão encontre um 4-4-2, com dois atacantes bons no jogo aéreo, dois pontas de "pé invertido" e uma dupla de volantes um pouco mais fixa - nesse caso, Valdívia dificilmente iniciaria o embate.
"Eu acho que ele vai entrar no 4-4-2. Não sei aonde ele vai encaixar o Valdívia. Pela beirada, não vai acompanhar, por dentro ele perde força física. Pode acontecer dele começar no banco", palpitou Eutrópio.
"Ele vai fechar os pontas, atacar com dois laterais e chuveirada. Antes tinha só o Paredes, agora Paredes e Barrios. Deve ficar melhor", completou.
Como joga
Conforme levantado por Vinícius e sua comissão no Bolívar, o grande segredo do Colo-Colo está na dupla de volantes. A bola sempre passa por ali. E o mais importante: vai direto para os pontas. Ao contrário do Corinthians, por exemplo, que usa muito os laterais, o time comandado por Héctor Tapia é bem vertical nessa saída de bola.
"Quando a bola chega no volante, os pontas entram muito, porque são pés contrários. Se a bola chega, eles criam o perigo. Então o que eu fiz foi bloquear o passe para esses pontas. Primeiro passo, então: bloquear os volantes. Chegando neles a bola, é bloquear a linha de passe dos pontas", lembrou Eutrópio, que conseguiu ter quase 70% de posse de bola apostando nessa marcação.
"Criaram muito pouco desse jeito. Apertando os volantes eles se obrigam a tentar o lançamento", complementou.
Dá pra aproveitar...
Para que os pontas entrem, quem avança para puxar marcação são os dois laterais. Quem pode se aproveitar dessa estratégia são os pontas do Corinthians - sobretudo Pedrinho, pela velocidade e capacidade de drible. Segundo Vinícius Eutrópio, há muito espaço nas alas para o contra-ataque.
"Eles empurram os dois laterais. Quando você tem um time com dois volantes mais fixos e os laterais enfiados, eu não preciso alterar o lado quando eu roubo a bola. Se meu volante rouba na esquerda, já posso sair pela esquerda mesmo. Dão muito espaço nas costas", destacou.
Qual a melhor estratégia para o Timão?
Mesmo não sendo um time que pressiona muito na hora de marcar, o Colo-Colo, como mostrado acima, dá espaços - até por ter uma zaga lenta. Diante disso, Eutrópio aponta: atuar com um atacante central mais leve, como vem sendo com Romero, pode ser mais produtivo no Chile.
"Acho que jogando fora, é interessante jogar com um cara móvel. Para ter contra-ataque, para trabalhar nas costas dos dois volantes. Agora, precisa chegar com os meias também", destacou, antes de apontar que, na Arena, alteraria a estratégia: "Em casa, eu já acho que tem que ter um cara mais fixo".