Diálogo com Jair Ventura incentivou Pedrinho a insistir nos chutes antes de golaço no Flamengo
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Por Lucas Faraldo
"Em qual posição você mais gosta de jogar?"
"Centralizado, onde costumava jogar na base. Gosto de servir. Ser mais garçom."
"Tudo bem. Mas você tem ir à frente e fazer gol também."
Um diálogo muito parecido, com uma ou outra palavra diferente mas mantendo o significado, foi travado entre o técnico Jair Ventura e o meia-atacante Pedrinho dias antes do decisivo duelo semifinal de Corinthians e Flamengo pela Copa do Brasil. A essa altura, todos já conhecem o resultado: com gol de fora da área de Pedrinho, o Timão venceu por 2 a 1.
Posição e função de Pedrinho na equipe profissional do Corinthians sempre foram assuntos delicados internamente. Nos bastidores, as comissão técnicas de Fábio Carille e Osmar Loss eram questionadas por pessoas próximas do jovem atleta sobre o porquê de ele não ser escalado mais centralizado e com principal atribuição de chutar a gol.
Desde os tempos de Mano Menezes e Série B, há uma década, o Corinthians adotou a cultura tática quase ininterruptamente de utilizar dois atacante abertos com o intuito de voltar para marcar e ajudar assim os laterais e a defesa como um todo. Não foi diferente com Pedrinho nas mãos dos treinadores que antecederam Jair Ventura no Timão.
Identificando dificuldade física do meia-atacante em acompanhar os adversários sobre quem deveria fazer marcação, Jair Ventura tirou do jovem a condição de titular. Em busca de um novo papel para o garoto de 20 anos de idade, passou a conversar com o próprio atleta para saber mais sobre suas preferências e características - o fato, aliás, foi ressaltado pelo jovem em entrevista nesta quinta-feira.
Bastaram então 38 segundos para o camisa 38, rodeando a grande área flamenguista, receber uma bola, deslocar o marcador e arriscar o petardo. Golaço de Pedrinho!
Chuta, moleque!
Incentivar Pedrinho a chutar é uma tarefa da qual Jair Ventura não é o primeiro incubado. O empresário do garoto, Will Dantas, já o fazia há anos. Um outro jogador cuja carreira estava nas mãos do mesmo agente era utilizado como exemplo para o franzino alagoano.
Trata-se de William Henrique, atacante hoje com 26 anos. Quando mais novo, jogou por Grêmio Prudente, Vitória, Ceará, Londrina, entre outros. Hoje no Chiangrai United, da Tailândia, ele também tinha "aversão" ao chute. E levava bronca do empresário. Broncas essas transmitidas para o ainda adolescente Pedrinho em forma de "ensinamento prévio".
"Pedrinho adora dar assistência, mas tem que ter o conjunto. Eu já falava isso para o William Henrique. Você tem que fazer gol também. É o nome de quem faz gol que sai no jornal", argumenta Will Dantas.
Cabe lembrar que, dos três gols anotados por Pedrinho até aqui com a camisa profissional do Corinthians, todos saíram de posições centrais em relação à meta adversária: em bombas de fora da área contra Bragantino e Flamengo; numa infiltração com cavadinha ante o Patriotas.