Eu queria ter sua calma, Zida
Opinião de Andrew Sousa
27 mil visualizações 171 comentários Comunicar erro
No futebol, o adeus é inevitável. Não há jogador, técnico ou dirigente eterno. O que fica é o clube e nada mais. Nesse processo, então, sempre soube que a hora de Danilo deixar o Corinthians chegaria. Era um processo natural até antes da atual temporada. Ele foi longe, se provou, nos deu pontos importantes. Mas chegou a hora do adeus. E tem sido mais difícil do que eu imaginava.
Semifinal de Libertadores. Recebe a bola, domina e tira do goleiro. O Corinthians empata e elimina o Santos da Libertadores. Era essa calma que eu queria para lidar com o fim do ciclo do camisa 20. Mas não a tenho.
Desde o anúncio de que seu contrato não seria renovado, estou desesperado. Entre os tantos vídeos de seus lances que assisto, toda hora um "não acredito que acabou" me martela a cabeça. Já nem lembro como é olhar as fotos 3x4 do nosso elenco e não te ver.
Final da Libertadores. Bola pipocando na área. Recebe de costas e acha Emerson Sheik de calcanhar. Gol do Corinthians e título da Libertadores encaminhado. Essa calma eu também queria ter, porém, passo longe disso.
Assim que li que só temos mais duas mostras de seu talento com a camisa alvinegra, perdi o chão. Cássio é mais regular e tão vitorioso quanto. Emerson é mais decisivo. Mas não sei, Danilo é Danilo, pô. O mundo podia parecer acabar para o Timão. Mas ele entra, põe a bola embaixo do braço e esbanja classe.
Final do Mundial. Eram quatro homens na sua frente. A bola cai na perna boa. Corte seco, finalização de direita e participação essencial no gol de Guerrero. 1 a 0 no Chelsea e Corinthians campeão do mundo. Que garoto nunca sonhou em ter essa classe?
Posso falar por mim. Sempre quis ser esse dez clássico que você exemplificou muito bem nos últimos anos. E a frase clichê que já ouvi pelos campos de várzea cabe aqui. Você é tão camisa 10, que a camisa 10 não seria suficiente. Por isso é o dobro.
Jogo decisivo contra o Bahia pelo Brasileirão. O empate persiste até os minutos finais. A bola sobra pelo alto. Como se não houvessem defensores, você dá uma puxeta e concretiza o triunfo alvinegro. Três pontos na conta e rebaixamento afastado. Um gran finale digno do teu tamanho.
Há pouco mais de 24 horas, assisto e reassisto seus lances. Não me canso. De tudo que você demonstra ali, só quero a calma. Admiro a elegância, reverencio o talento e me apaixono pelo trato com a bola. Mas, nesse momento, só queria me acalmar e pôr um fim nessa angústia pelo teu adeus. Vai ser difícil.
Talvez demore uns dez anos para acostumar com essa saudade. Ou melhor. 20.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
Avalie esta coluna
Veja mais posts do Andrew Sousa