O campo tem que falar
Opinião de Andrew Sousa
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Com a temporada engrenando, já na fase final do Paulistão, Fábio Carille parece ter uma ideia bem desenhada para o time titular do Corinthians. Entre todas as escolhas, as mais questionadas ficam por conta da defesa e do ataque. Calma, Gustavo é absoluto na posição, assim como Clayson. A interrogação está sobre Vagner Love.
Apostando muito no atacante desde que ele chegou, o treinador alvinegro já escalou o camisa 9 em uma série de funções. Nos últimos jogos, porém, parece ter firmado-o como "ponta direita". Em entrevista, a justificativa é sempre a mesma: pisa mais na área, dá poder de fogo ao ataque e finaliza mais do que Pedrinho.
Pois bem, em teoria a mudança de fato promove essas alterações no estilo de jogo do Timão. Mas o problema é um só: o futebol não é teoria, é prática. Como dizia o Mestre Tite, "o campo fala". E tem de falar.
Nesta quinta-feira, levantei aqui no site os números de Pedrinho, traçando paralelo com os de Love. O resultado é que, em média, Love dá 0,1 mais chutes a gol que o meia por partida, tendo marcado apenas dois gols - contra nenhum do jovem camisa 38.
Deixando os números da lado, vamos aos fatos. Love não está conseguindo desempenhar a "nova função" em campo. Tendo que marcar muito, o atacante sente a parte física - por mais bem preparado que esteja. A consequência é um efeito dominó que, para mim, tem prejudicado até o artilheiro do Timão na temporada.
Quando Love "pisa na área", como quer Carille, ele dificilmente consegue voltar para marcar. Gustavo, então, sai da área e vez ou outra aparece fechando a linha de quatro do meio de campo. Com ele por ali, quem aparece para finalizar as jogadas de contra-ataque é Love, que não vem tendo um alto índice de aproveitamento.
Além da exigência defensiva para o centroavante alvinegro, o atual momento de Love fez o que parecia improvável: mesmo com Danilo Avelar, o lado esquerdo é a principal arma ofensiva do Corinthians. Fagner pouco chega ao ataque e Clayson, do outro lado, fica sobrecarregado, protagonizando quase todas as jogadas do time de Carille.
Pedrinho não me parece solução. Ainda muito irregular, o meia ainda deve em intensidade quando atua. Ainda que não tenha força para pisar na área e participe pouco do jogo, ele parece mais útil para potencializar demais jogadores: faz bem o 1-2 com Fagner, cruza mais na área e, na minha visão, finaliza mais que Love - não melhor, porém.
Para ser justo, ainda, deixo aqui outra impressão: em algumas de suas boas jogadas pelo lado direito, Love dá grandes arrancadas, mas falha no último passe. É o clássico "faltou perna". A função tem visivelmente prejudicado o atacante.
O lado direito do Corinthians, então, segue sendo uma incógnita. Titular, Love não tem correspondido. Saindo do banco, Pedrinho não consegue se firmar e vem sendo cobrado abertamente por Carille. O que fazer? Talvez dar oportunidade a outros nomes, como Mateus Vital, que voltou a dar as caras, e até mesmo Régis, que pode atuar por ali exatamente como o técnico gosta, sendo um meia aberto.
Para a reta final de Paulista, talvez seja ideal manter Love, mas o campo precisa, urgentemente, justificar a titularidade do camisa 9. Até aqui, a influência dele no ataque tem ficado na teoria e nas entrevistas do comandante alvinegro.
Quem deve ser o titular, Fiel?
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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