Quando a Arena Corinthians inflamou pelos torcedores em êxtase numa noite de quarta-feira, em setembro do ano passado, ao Pedrinho marcar golaço que classificaria a equipe alvinegra ainda comandada por Jair Ventura à final da Copa do Brasil, Fábio Carille estava longe. O então treinador do Al Wehda, da Arábia Saudita, era mais um brasileiro a aproveitar o caminho do Oriente Médio desbravado há mais de dez anos por Abel Braga.

Quis o destino que a idolatria de Abel Braga no Al-Jazira, dos Emirados Árabes, não se repetisse com Carille em sua breve passagem pelo futebol saudita. Pertence ao Corinthians a idolatria deste que atende por Fábio (e atendeu à reportagem do Meu Timão em sua sala no CT Joaquim Grava, no início de tarde desta segunda-feira).

Quis também o destino que Corinthians e Flamengo fossem novamente colocados frente a frente num duelo de Copa do Brasil, desta vez pela fase oitavas de final, logo no primeiro sorteio que poderia determinar (e determinou) o encontro inédito de Carille e Abel Braga em solo brasileiro (e não saudita ou emiradense) nesta temporada de 2019.

E foi sobre o "clássico das multidões", de primeiro capítulo marcado já para a noite desta quarta-feira, na Arena, desta vez com Fábio Carille à frente do Corinthians, que o treinador muito divagou neste bate-papo com a nossa reportagem (outros trechos da entrevista serão publicados nos próximos dias). Promessa de "tanque muito cheio", convocação da torcida mesmo diante da alta nos preços dos ingressos e ainda uma análise do atual momento do Flamengo de "ambiente muito pesado" comandado por Abel. Confira abaixo!

Questão física? 'Tanque muito cheio'!

"Se o jogo (contra o Grêmio do último sábado) fosse no domingo, teria muitas mudanças (na escalação do Corinthians), apesar de termos de pontuar. É fogo, temos de andar muito de acordo com o campeonato. Mas será um duelo grande, duelo gostoso, um privilégio para mim, como técnico, dirigir um Corinthians x Flamengo num mata-mata. Fisicamente sei que chegaremos com tanque muito cheio na quarta porque jogamos no sábado."

Abre em casa, decide fora? 'O importante é procurar o mínimo de vantagem'

"Questão de jogo fora ou em casa... Depende muito do resultado. Se você perde o primeiro jogo em casa, as coisas se tornam mais difíceis. Se você faz um bom resultado, é melhor (abrir em casa). Se você faz o primeiro jogo fora e toma dois, três gols, traz uma pressão grande para dentro de casa. O importante é a gente fazer um grande jogo, consistente, procurar o mínimo de vantagem que nesses mata-matas é muito importante para depois pensarmos no segundo jogo."

Otávio Ariano / Meu Timão

'Ficamos muito mais fortes com o estádio lotado'

"Falar da torcida do Corinthians assim é... Pelo o que já vivi nesses dez anos de clube... A gente sabe a força que é. Sabemos da nossa economia também, né? Você vem de sequência de jogos, Grêmio, teve final também com preços já não tão tranquilos. É um processo de um jogo muito perto do outro. Mas tenho certeza que, se puderem ir, vão. Porque ficamos muito mais fortes com o estádio lotado e com a presença do torcedor empurrando o tempo todo."

Nota da redação: para o jogo de Copa do Brasil contra o Flamengo, a diretoria do Corinthians praticou aumento de até 312% nos preços dos ingressos da Arena. Reportagem publicada semana passada aqui no Meu Timão mostrou que a procura por bilhetes estava aquém da esperada com apenas um setor esgotado pelas vendas do Fiel Torcedor.

Fábio Carille e Abel Braga: campeões estaduais criticados

"O Flamengo contratou grandes jogadores, Arrascaeta naquele começou vai não vai. Gabigol também, vai pra cá, não vai, vai ser emprestado, enfim. O Abel tenho certeza que, um cara experiente, sabe os caminhos, vai acertar o Flamengo a partir do momento que ele tiver um tempo de trabalho para colocar esses jogadores numa condição mesmo de trabalhar com bola. Mas vou falar o que do Abel? É um cara campeão do mundo, inteligente demais no que armou contra o Barcelona, a história que ele abriu nos Emirados Árabes não só para ele mas para nós técnicos, ele é muito respeitado lá. Vai cair na questão do tempo. Hoje trabalha um jogo com Éverton aberto, em outro com o Éverton por dentro. Ainda ele está montando a equipe dele muito de acordo com o adversário. Algo que já fiz aqui também e que faz parte do início de trabalho."

Pressão sobre Abel é maior que sobre Carille? 'O peso da Libertadores, das contratações fortes tornam esse ambiente bem pesado'

"São as competições. Se eu tivesse esses confrontos na Libertadores tenho certeza que a pressão sobre mim seria bem maior. É o que o Jardine passou no São Paulo: pegou uma equipe tecnicamente inferior, porém já numa metade de campeonato, ele na montagem da equipe, pré-Libertadores num jogo de mata-mata, igual aconteceu com o Corinthians contra o Tolima quando sabíamos que éramos mais time mas que os caras estavam num estágio físico lá em cima. Se a gente fica para o Racing, teria encheção de saco normal, se a gente perde para o Avenida, teria confusão. Talvez se cai para a Chapecoense, com as finais do Paulista, poderia abafar um pouco sendo campeão. Mas sobre o Flamengo: o peso da Libertadores, o peso das contratações fortes tornam esse ambiente bem pesado. Mas ainda bem que tem um cara lá bem experiente e calejado capaz de suportar."

Otávio Ariano / Meu Timão

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