Uma verdade que dói: hoje, Ralf é um mal no meio-campo do Corinthians
Opinião de Jorge Freitas
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Antes de iniciar a coluna, preciso dizer que não há disposição nenhuma para comentários que defendam a permanência da Ralf entre os titulares simplesmente por ser ídolo, jamais ter sido expulso, por tomar poucos cartões amarelos ou por ter feito o gol do título invicto na estreia da Libertadores.
Tudo isso é passado.
Em outros tempos, o volante provavelmente seria um grande deus da raça e teria o respeito não somente dos torcedores corintianos, mas de todos aqueles que amavam o futebol pegado, de disputa e com marcação forte o bastante para segurar qualquer placar.
No entanto, basta hoje em dia ter minimamente a assinatura de um canal como a ESPN Brasil ou o Esporte Interativo para entendermos como futebol mudou e como o Corinthians está a anos-luz do que acontece nos melhores times da Europa.
Tampouco cabe também a desculpa de que lá os jogadores são melhores, pois é bastante discutível se o Brasil seria incapaz de fazer um time com garotos tão bons como fez o Ajax, que somente não chegou à final da Champions League exatamente por uma atuação espetacular de um jogador brasileiro.
Ou seja, exceto se você admira esse futebol sem triangulação e sem jogada ofensiva que o Corinthians tem apresentado, deve concordar que é fato que, para quem gosta e exige um jogo bonito e de resultados, Ralf só tem atrapalhado. É claro que o Corinthians dos últimos meses tem merecido milhares de críticas, do zagueiro ao centroavante e ao técnico (fi-las em texto anterior caso alguém queira ver), mas, cansado de dar socos em ponta de faca, coloco o dedo na ferida de maneira que ninguém está interessado em colocar.
Hoje, nos minutos de pressão corintiana, bastava a bola cair no pé de nosso volante para que toda a jogada se recomeçasse. Ralf errou um passe fácil que daria um ótimo cruzamento de Fágner. E tudo isso sem contar nas bolas que sobraram para ele na intermediária, mas que ele resolveu retornar e simplesmente matou toda a jogada de ataque.
Infelizmente, tornou-se o anti-futebol ofensivo e de resultados.
Resumindo, Ralf, com as bolas nos pés, é como se eu me vestisse de médico e fizesse amanhã uma cirurgia de urgência num paciente qualquer. Não há perícia, não há técnica, não há conhecimento suficiente para que a equipe hospitalar conseguisse sucesso na tarefa.
No futebol moderno, ter alguém que não tem domínio de bola, nem troca passes com regularidade é matar qualquer tipo de triangulação ou objetivo ofensivo.
E sequer digo "futebol moderno" com a impressão "nutella" do esporte, mas sim com o significado de quem busca entrar em campo para ganhar, receita mais do que óbvia e seguida pelos grandes e vitoriosos treinadores do futebol atual.
Bastou ver o jogo com a mínima atenção suficiente para percebemos que, no maior momento de ímpeto ofensivo, a bola caía no pé de Ralf e retornava para que os laterais ou os zagueiros fizessem novamente toda a tarefa de armar as jogadas em busca do gol. Aliás, se Manoel fica sempre com a bolas nos pés e exagera nos lançamentos e passes errados, é porque a volância corintiana é nula na hora de saída de bola.
Dói em mim, que o considero o melhor primeiro volante da história do Corinthians, mas já é hora de imaginá-lo, quem sabe, como um zagueiro, ou deixá-lo para os momentos áureos de retranca.
Enfim, Ralf vale por cinco na hora de defender, mas negativa na hora de atacar, e é lógico que mais de trinta mil pessoas em Itaquera queriam, hoje, vencer!
É duro de aceitar, mas já cansamos de ver um time inofensivo dentro de nossa própria casa, com somente oito gols nos últimos onze jogos.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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