Por que o time feminino do Corinthians jogava sem escudo? Resposta está no Pacaembu (e aqui)
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Por Lucas Faraldo
A reativação da equipe feminina de futebol do Corinthians, no recente ano de 2016, pode ser apontada como um dos marcos da revolução contemporânea pela qual o Brasil vive no que diz respeito à modalidade. Muito antes, porém, outras mulheres carregavam o escudo alvinegro no peito (não literalmente) para lutar pelos direitos delas de praticar o esporte.
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O Museu do Futebol, tanto no estádio do Pacaembu quanto em sua versão online, tem uma exposição dedicada exclusivamente à história da categoria feminina no Brasil. Se hoje o Corinthians ostenta os recentes títulos de Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro e até Libertadores da América, muita história precisou ser escrita por uma outra geração de jogadoras que não eram nem mesmo reconhecidas pela legislação. Isso e muito mais pode ser encontrado na tal exposição. Você sem fazer nada aí no feriado: que tal dar uma olhada?
Diversas curiosidades não apenas sobre o Corinthians mas também outras equipes e a própria Seleção Brasileira hoje protagonizada por Marta, Formiga e Cristiane são relatadas. O Timão, por exemplo, inaugurou sua primeira formação feminina em 1977. Enquanto Basílio & cia. quebravam o jejum de títulos do time masculino naquela emblemática temporada, a mulherada alvinegra tinha de entrar em campo sem o uniforme oficial do clube.
O motivo para a "discrição" nas vestimentas estava na proibição por força de lei da realização de futebol feminino. De 1941 a 1979, as mulheres eram proibidas de jogar bola. Se o Corinthians se associasse em questão de nome e imagem, oficialmente, à equipe de moças, poderiam sofrer sanções tanto o clube quanto o próprio time delas.
Em 1982, um histórico clássico entre seleções femininas de São Paulo e Rio de Janeiro marcou aquele que talvez tenha sido o maior ato de visibilidade da categoria feminina de futebol no Brasil até então. As equipes se organizaram para disputar, numa preliminar de um Majestoso masculino, no Morumbi, um clássico das mulheres. A Federação Paulista proibiu a realização de tal partida, mas foi peitada pelas moças com ajuda dos jogadores dos times masculinos - o corinthiano Sócrates, por exemplo, afirmou na ocasião que "o público está aqui para ver o futebol feminino. Não está para ver Corinthians e São Paulo não. Então se elas não entrarem, nós também não vamos entrar", numa ameaça de boicote.
Somente em abril de 1983 a Confederação Brasileira de Desportos regulamentou o futebol de mulheres no país, através da Deliberação 01/83. Entre as regras estavam: o tempo da partida em 70 minutos com intervalos de 15 a 20 minutos e a proibição da troca de camisas entre as jogadoras ao término das partidas - prática comum na modalidade masculina.