Os dois absurdos que se relacionam na 'quase venda' de Gabriel pelo Corinthians
Opinião de Lucas Faraldo
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Você leitor do Meu Timão certamente está por dentro das tratativas que deram errado entre Al-Hilal e Gabriel. E destaco abaixo dois absurdos que se correlacionam.
Primeiro a postura do Al-Hilal: os sauditas não fizeram o Corinthians de circo só uma, mas duas vezes. Ano passado, acenou com proposta para contratar Fábio Carille e depois voltou atrás para fechar negócio com Jorge Jesus, com quem já havia iniciado conversas antes de procurar o treinador do Timão. Agora assinou a papelada pela compra de Gabriel mas na verdade retomou negociações com o Flamengo por Cuellar e, preferindo desde sempre o colombiano, desistiu do corinthiano quando este já viajava para o Oriente Médio.
Ciente da atitude do Al-Hilal em 2018, por que aceitar negociar com eles agora? Não dá nem para falar, do lado corinthiano, tratar-se de uma montanha irrecusável de dinheiro...
É aí que falo do segundo absurdo: a postura do próprio Corinthians. Era de conhecimento público, quando os sauditas demonstraram interesse por Gabriel, que o mesmo Al-Hilal havia dias antes recebido uma negativa do Flamengo por oferta de 8 milhões de euros (R$ 37 milhões) para o também volante de quase 27 anos Cuellar. O que o Timão fez? Topou 5,5 milhões de euros (R$ 27 milhões) por um de seus principais jogadores. E detalhe: o clube alvinegro tem ainda menos percentual (50%) por seu atleta que os cariocas (70%).
Ciente da situação anterior envolvendo Al-Hilal-Cuellar-Flamengo, por que aceitar proposta 31% menor? O Corinthians acredita Gabriel ter apenas 69% da qualidade que Cuellar? Acredita ser um "exportador brasileiro" 31% menos importante que os cariocas?
Outro caso recente, também envolvendo volantes de Corinthians e Flamengo, chamou atenção: o jovem Jean Lucas, que estava emprestado pelos cariocas ao Santos, foi vendido ao Lyon, da França, por 8 milhões de euros (R$ 34 milhões) na última janela de transferências do exterior. Exatos 12 meses antes, o Timão se desfazia de Maycon aceitando proposta do Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, de 6,6 milhões de euros (R$ 27,8 milhões). Ambos foram negociados quando tinham 20 anos de idade. E Maycon, diferentemente de Jean Lucas, tem carreira construída com passagens pelas seleções de base do Brasil.
O Corinthians precisa se fazer respeitado. E isso não acontecerá só com a bandeira de um passado recheado de feitos e ídolos ou com a lição do presente mais vitorioso possível. Se quiser ser respeitado no mercado da bola do exterior, o Timão tem de primeiro se respeitar.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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