Andrés Sanchez colocou o dedo na ferida
Opinião de Marco Bello
69 mil visualizações 99 comentários Comunicar erro
A entrevista do presidente Andrés Sanchez em Porto Alegre antes da partida do Corinthians contra o Grêmio viralizou nas redes sociais e em grupos de WhatsApp.
Mais pelo jeito – ríspido – com que o presidente do Timão tratou os repórteres do que pelo conteúdo em si.
Mas boa parte das respostas, se avaliadas friamente e sem o contexto polêmico do estilo já característico do mandatário corinthiano, estão corretas.
Andrés reparte a culpa pelo excesso de jogos, pelo calendário da CBF e pelos demais problemas logísticos do futebol brasileiro com todo o mundo futebolístico – clubes, CBF, imprensa e torcida.
É comum que sempre culpemos a outra parte. Nós nunca ou quase nunca estamos errados.
A própria imprensa adora culpar a CBF e os clubes pelos problemas do futebol brasileiro. Mas será que parte do problema não está na própria mídia? Claro que sim!
Somos resultadistas sim, como disse Andrés. É claro que aqui estou tomando o todo pela maioria. Como em tudo, há exceções.
Há uma nova forma de imprensa, e o lateral santista Victor Ferraz falou sobre isso também em uma entrevista nesta semana, que não tem muita responsabilidade com o que escreve.
Perfis de internet, páginas de Instagram, arrobas de Twitter hoje são tão formadores de opinião quanto um colunista de jornal. Estes influenciadores devem saber disso e cumprir certas regras do jornalismo.
Imparcialidade é a principal. Hoje isso é muito raro nestes espaços. Costumo dizer que o torcedor que quer apenas ler elogios ao clube que torce, pode ler o site oficial.
Quer fazer jornalismo sem ser jornalista? Ótimo, mas faça direito.
Há o problema dos direitos de transmissão, e isso é ainda mais grave. Hoje basicamente uma emissora tem os direitos de transmissão de todos os campeonatos nacionais: a Rede Globo.
Ela compra, ela paga, ela manda.
Por que as rádios, webrádios, sites, blogs, perfis, também não pagam? Eu sou completamente a favor que isso aconteça!
Quer estar no estádio, no treino, na zona mista, quer entrevistar jogador, vender patrocínio e lucrar com isso? Pague.
Mas o pagamento precisa ser proporcional ao alcance do veículo. E deverá haver contrapartidas a isso: entrevistas exclusivas, privilégios no dia-a-dia, conteúdo produzido pelo clube, horários maleáveis, etc.
Será que a Globo deixa?
E o que o torcedor tem a ver com isso? Simples. Sem o torcedor, não tem CBF, não tem clube e não tem futebol.
Precisa existir pressão para que se mudem as regras. Por exemplo, um clube deve ter o direito de vender um jogo como mandante para quem bem entender.
Para que você tenha uma ideia, o clube hoje é tão refém da televisão, que ele mesmo, clube, não pode filmar o próprio jogo e divulgar em tempo real.
Repito: o clube não tem o direito sobre o próprio jogo.
O torcedor pode comprar essa briga. A imprensa precisa comprar essa briga. Todos podemos e devemos nos responsabilizar pelo produto futebol. E não apenas culpar o outro.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
Avalie esta coluna
Veja mais posts do Marco Bello
- Por que o Corinthians deve perder Jemerson para o Atlético Mineiro
- Jonathan Cafu: o outro lado da moeda
- Corinthians pode ter até 21 atletas da base utilizados no Campeonato Paulista; veja quais
- Corinthians destemido é melhor que time medroso
- Atacante do Athletico pode ser o primeiro reforço do Corinthians em 2021
- O Corinthians tem um campeonato à parte pela frente