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Composta por mulheres, comissão do Sub-17 feminino luta por igualdade e vê Corinthians como exemplo

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Macaren Celedon (auxiliar), Dani Alves (técnica), Fernanda Pilatti (prep. goleiras) e Luana Paula (prep. física) integram comissão técnica do Sub-17 corinthiano

Macaren Celedon (auxiliar), Dani Alves (técnica), Fernanda Pilatti (prep. goleiras) e Luana Paula (prep. física) integram comissão técnica do Sub-17 corinthiano

Vitor Chicarolli/Meu Timão

É bem verdade que todos os dias são das mulheres. Mas ter uma data só para elas é algo extremamente valioso. Neste domingo, 8 de março, o planeta celebra o Dia Internacional da Mulher. E a reportagem do Meu Timão preparou um conteúdo bem especial para a torcida do Corinthians.

Referência do futebol feminino no Brasil, o clube do Parque São Jorge trilha um caminho e busca fazer história na modalidade. Não bastasse o sucesso no profissional, o Timão também se atenta ao Sub-17 feminino e, diferente das demais equipes nacionais, tem uma comissão técnica composta apenas por mulheres.

Ex-jogadora e atual treinadora da base corinthiana, Dani Alves se mostrou muito orgulhosa com a oportunidade que o Timão a proporcionou. A comandante, no entanto, vê poucas diferenças em trabalhar com garotas e garotos, mas também detalha a confiança que o jovem elenco tem na comissão alvinegra.

"Estamos formando pessoas. São atletas. As mesmas orientações que são dadas à elas, podem ser dadas para um menino. Não há nada diferente. A cobrança é igual. Não tem como alisar ou ter mais cuidado. É futebol. Elas são tratadas como atletas de futebol. As cobranças são iguais, as correções são iguais... Óbvio que tem um certo cuidado com determinadas partes para bater a bola, como dominar no peito. Não é porque somos mulheres que não podemos dominar de peito. Tem uma região, a mesma usada pelos homens, que dá para dominar a bola. Não tem estrição nenhuma", disse, em entrevista ao Meu Timão.

"Sempre que passamos a informação, também demonstramos. Quando sai o correto daquilo que estamos falando elas concordam. A gente sempre fala a verdade, aquilo que vai acontecer. Nossa orientação é que elas entendam ainda mais. Elas sabem que vamos passar para o bem, e vai dar certo. Quando acontece a situação positiva, elas param e observam. Elas ganham mais confiança ainda", completou.

Auxiliar técnica do Corinthians, a chilena Macaren Celedon, por sua vez, pediu mais espaço para as mulheres trabalharem na modalidade, algo que ainda não acontece com tanta frequência na elite do futebol brasileiro.

"Mulheres tem capacidades. Futebol feminino tem que ser comandado por mulheres. Claro, tem que ter homens, mas também precisa de um comando feminino. No Chile, somos em 15 treinadores. Aqui no Brasil tem muitas. Oportunidades são muitas. Como vou ser uma boa treinadora se eu nunca tive oportunidade de ser? Só porque eu sou mulher? Não! Futebol feminino tem que ter mais mulheres, em todo departamento", confessou.

"É errado não ter. É futebol feminino, o nome já fala. Tem muita mulher capacitada para poder comandar. Já tive oportunidade de trabalhar em equipes masculinas profissionais, depende da sua capacidade e da pessoa que você é", concluiu na sequência.

Dani Alves durante treino do Sub-17 feminino no Parque São Jorge

Dani Alves e Macaren durante treino do Sub-17 feminino no Parque São Jorge

Vitor Chicarolli/Meu Timão

Luana Paula (preparadora física)

Outra integrante da comissão técnica na Fazendinha, Luana Paula precisou recomeçar seu trabalho do zero. Após passagem pelo profissional do Santos Feminino, a preparadora física se viu obrigada a dar alguns passos para trás e se adaptar aos conceitos de base, já que há algumas peculiaridades com as meninas.

"A minha experiência profissional como preparadora foi com um time profissional de futebol feminino. Hoje, estando no Corinthians, no Sub-17, eu me vejo recomeçando. É totalmente diferente de trabalhar com uma adulta. Nesse momento estou tendo que dar uns passos atrás para poder reaprender e conseguir aplicar minhas ideias na faixa etária delas. Tem a fase hormonal e o período de menstruação, que tem umas que já menstruam e outras não. Precisa ser tudo muito planejado para evitar lesão. Tenho que me preocupar muito com a fase de desenvolvimento. Hoje me vejo tendo que voltar a estudar muito mais para conseguir dar meu melhor. Quero ajudar e não atrapalhar para elas conseguirem ter o mesmo desempenho, tanto fisicamente quanto tecnicamente", iniciou.

"É uma experiência completamente diferente. Como tenho uma escolinha, eu tenho experiência no infantil e no profissional. O Sub-17 é a fase da adolescência. É um novo caminho para mim, estou me desenvolvendo junto com elas. É a primeira vez que eu vejo um trabalho como o Corinthians está fazendo. Eu vivencio o futebol feminino desde 1997. Eu tinha o sonho de jogadora e parei no meio do caminho justamente por não ter essa base. Quando comecei com 12, eu não tinha essa estrutura. Era direto para o profissional. Aí interrompi a carreira e comecei a estudar educação física. Hoje eu não faço o que sempre sonhei, mas vendo sonhos", acrescentou.

Na sequência, Luana destacou a importância de mulheres na comissão técnica. Isso porque, conforme declarado pela profissional, as meninas se sentem mais confortáveis para trabalhar e relatar algum problema.

"As meninas se sentem muito mais confortáveis em trabalhar com uma comissão técnica feminina. Não vou defender a bandeira da mulher, mas precisa ter o perfil para trabalhar com as meninas. A mulher tem que se capacitar para estar aqui, tem que saber o caminho necessário para trilhar. Precisa se esforçar, buscar não só a parte teórica, mas a parte mental. São vidas e histórias diferentes. Estou em construção, não sou perfeita... Estou aqui há um mês e vejo que cada uma tem uma realidade. Eu mudei minha vida. Me capacitei para isso e preciso me capacitar ainda mais. O difícil não é chegar, é se manter. Já trabalhei com homens e machistas, e eu senti bastante, foi uma relação delicada no trabalho. Não estou dizendo que homem não é capaz, porque homem pode sim. Mas precisa ter o perfil", analisou.

Luana após aquecimento com as meninas da base do Corinthians

Luana após aquecimento com as meninas da base do Corinthians

Vitor Chicarolli/Meu Timão

Fernanda Pilatti (preparadora de goleiras)

Assim como o trio da comissão técnica também citou acima, há uma diferença entre base e profissional que fica bem evidente nos treinos. E a opinião da preparadora de goleiras Fernanda foi a mesma. Como precisa lidar com arqueiras, uma posição mais complexa, ela contou que busca seguir uma linha pedagógica para corrigir erros e dar instruções.

"Estamos lidando com atletas de pouca idade. São crianças ainda. Muitas vezes acham que são espertas e não são. Estamos ali para auxiliar. Tenho uma linha muito pedagógica. É tudo muito importante para corrigir gestos e vícios, uma série de detalhes que o goleiro precisa ter. E elas estão em formação. Isso é fundamental", admitiu.

Em seguida, ao ser questionada sobre a concorrência na posição, Fernanda confessou que a procura está aumentando. A preparadora também afirmou que as meninas que preferem atuar no gol costumam andar juntas, algo que a comissão técnica alvinegra tenta evitar.

"Isso está crescendo (querer ser goleira). Claro que a maioria das meninas tem o sonho de ir lá e fazer um gol ou dar uma assistência. Dificilmente alguém vai querer defender. A goleira tem suas peculiaridades, treinam separado e já andam com o grupinho delas. E isso estamos tentando mudar, tentando integrar ela com as atletas de linha", avaliou.

Por fim, a importância de de mulheres no cargo técnica também voltou a ser assunto. E assim como as demais corinthianas, Fernanda destacou as semelhanças e o fácil entendimento com as garotas.

"A intimidade é maior com uma comissão técnica feminina. Passamos pelos mesmos processos que elas. Muitas vezes elas vão chegar em nós e vão dizer que não estão bem. Nós vamos entender, um homem pode não entender, porque não entende aquela fase do mês que ela está mais irritada e chateada. Nosso modo de falar é diferente por ter esse entendimento.

Dia Internacional da Mulher

Para finalizar, pedimos para as profissionais detalharem o que de fato significa o Dia Internacional da Mulher e qual sua importância. Como esperado, cada uma deu uma opinião sobre a data. A única semelhança nas respostas abaixo, cabe destacar, foi a luta por igualdade. Confira!

Dani Alves

"Enfrentamos uma batalha todos os dias. Todo dia é nosso dia. Acho que é um dia que ganhamos mais presentes (risos), mas a luta é diária. Não tem um dia específico. Se eu pudesse escolher o que eu queria no dia 8, é que os homens passassem por tudo que a gente passou, a dor de um parto e todos sofrimentos."

Macaren Celedon

"As mulheres estão mais empoderadas. Vem toda uma história por trás. É um dia para comemorar, vão ter marchas mundial representando a mulher. O feminismo é a igualdade de direito e responsabilidade. Acredito que esse dia vamos gritar na rua mais forte."

Luana Paula

"Não é dia para gerar confusão, mas sim lutar pelos nossos direitos. O que um homem faz, uma mulher também pode fazer e dar conta da mesma forma. Lutamos por igualdade de gêneros e nada mais."

Veja mais em: Corinthians feminino e Base do Corinthians.

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