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Núcleo de Estudos do Corinthians, estudando e fazendo história
Rafael Castilho

Rafael Castilho é sociólogo, especializado em Política e Relações Internacionais e coordenador do NECO - Núcleo de Estudos do Corinthians. Ele está no Twitter como @Rafael_Castilho.

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Núcleo de Estudos do Corinthians, estudando e fazendo história

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Núcleo de Estudos do Corinthians, estudando e fazendo história

Esse é o Núcleo de Estudos do Corinthians

Foto: Arquivo Pessoal

Há cinco anos, surgiu nas alamedas do Parque São Jorge o Núcleo de Estudos do Corinthians. Acreditem ou não, a sigla foi percebida apenas depois. NECO!

Como em uma incrível sinergia, daquelas que ocorrem num toque de magia entre a torcida e o jogo jogado dentro do campo, foi possível formar um grupo de estudos dedicado a história do Corinthians e, ao mesmo tempo, prestar uma homenagem ao nosso primeiro ídolo. Manoel Nunes, o Neco, jogou durante dezessete anos com a camisa corinthiana. Foram duzentos e noventa e seis jogos, duzentos e quarenta e três gols, com oito títulos conquistados, entre eles dois tricampeonatos paulistas.

O NECO esteve, desde o início, enraizado como uma instância oficial do Sport Club Corinthians Paulista. Outras iniciativas brilhantes, com grupos dedicados aos estudos sobre o futebol já ocorriam no país dentro das universidades. Para nós, sempre foi importante levar isso para dentro do Corinthians. Sensibilizar o clube sobre a necessidade de estudar e preservara sua própria história. Além disso, o NECO sempre buscou incluir o torcedor nos eventos e pesquisas realizados. Certamente foi uma iniciativa pioneira. O NECO foi aberto não somente para professores e estudantes universitários, mas para todos os torcedores que desejam, de forma organizada, participar, colaborar, assistir, falar, ouvir, ajudar a preservar a história do Corinthians e, mais do que isso, colaborar para fazer a história do Corinthians falar por si. Sem perceber, estávamos nós também fazendo a história.

Nesse difícil momento histórico, em que as sociedades do mundo vivem um período de isolamento social, com eventos coletivos suspensos, como as partidas de futebol, por exemplo, o torcedor vive a sua angústia. Nem nos períodos das grandes guerras o futebol foi interrompido totalmente, nos quatro cantos do mundo, como vem ocorrendo agora. Porém, na televisão, o torcedor tem aprendido a reviver a história de seu clube, por meio das retransmissões dos jogos históricos. É uma experiência diferente. Trata-se apenas de nostalgia? Creio que não. O fato é que só pode reviver a história quem tem história.

Fosse o Corinthians só mais um clube de futebol, entre tantos que existem no mundo, estaríamos apenas assistindo reprises de jogos. Mas, não! Para cada história de conquista dentro do campo existem outras tantas que nos trouxeram até aqui. Pois o Corinthians não é somente um clube, é o maior movimento social do mundo. Não existiriam troféus, se não existisse antes o sonho do povo trabalhador que construiu o Corinthians com o próprio sangue, a própria carne e o próprio suor.

Publicações esportivas do mundo todo têm dedicado reportagens a leitura histórica do futebol. É motivo de orgulho perceber que o Corinthians sempre é citado entre os grandes clubes do mundo, não apenas pelos troféus que acumulou. A imensa maioria dos clubes só tem isso a oferecer. Bom, na verdade a maioria nem isso tem a oferecer. Acontece que o Sport Club Corinthians Paulista, fundado em primeiro de setembro de 1910 tem a história mais linda que se pode contar. Aqueles que preferem ver o Corinthians apenas como uma grife, ficam meio desajeitados quando se dão conta que nosso principal ativo é nossa história. E nossa torcida. Até porque nossa história e nossa torcida são a mesma coisa. Ou seja, a história do Corinthians é em grande parte a história da sua torcida.

Quantos torcedores de outros clubes vemos por aí tentando estabelecer uma disputa para saber qual time é mais reconhecido internacionalmente. Não precisamos de um só troféu, ainda que tenhamos todos, de um só ídolo,ainda que tenhamos muitos, para nos consolidarmos como um clube de primeira grandeza. A Democracia Corinthiana, expressão máxima que sintetiza o quem somos e quem fomos ao longo dos anos, demonstra claramente que o Corinthians se faz grande, principalmente por meio de sua história.

Por isso o NECO não se contentou em ser um sistematizador de resultados do clube. Procuramos sempre contribuir para que o Corinthians percebesse que é mais do que um clube. É a parte vibrante da formação de nossa sociedade. És do Brasil, o clube mais brasileiro. Estudando (e contando) a história do Corinthians se pode compreender em grande parte a história do nosso povo.

Nesses cinco anos, o NECO viveu momentos grandiosos dentro do Corinthians. Pela primeira vez na história um clube abrigava encontros em que se discutia, além das grandes conquistas, temas como futebol e racismo, a participação da mulher na construção da história do Corinthians, futebol e democracia. Pudemos resgatar as primeiras atas e os primeiros estatutos de nossa história, desde a década de 10 do século passado. Contamos a história do Parque São Jorge, do Corinthian-Casuals. Comemoramos os quarenta anos do título de 77. De maneira inédita, levamos um ex-presidente do grande rival para estudarmos juntos o centenário do famoso Dérbi. Recentemente fizemos um grande encontro na Arena Corinthians para falar de futebol e liberdade de expressão, debatendo o direito de torcer.

Cinco anos é muita coisa? É pouca? Depende da perspectiva. Foi bem difícil chegar até aqui. Por isso devemos comemorar. Foram tantos os acontecimentos políticos no nosso país, um em cima do outro que, ao mesmo tempo em que o tempo passou como um sopro, parece também que foram décadas. Os pesquisadores do NECO ficam muito orgulhosos em saber que essa iniciativa, apoiada institucionalmente pelo clube, abriu as portas para que outros coletivos surgissem com missões diferentes. No Brasil, muitas outras torcidas passaram a se organizar em coletivos de estudos, de luta democrática ou pela preservação de suas raízes, lutando também contra a elitização do futebol. Hoje temos as torcidas Antifascistas, temos no Corinthians os núcleos representativos das mulheres, como o Movimento Toda Poderosa, por exemplo. Aliás, o NECO tem muitas pesquisadoras. A presença feminina sempre foi marcante. Outras iniciativas são famosas, como o Coletivo Democracia Corinthiana. Nas torcidas organizadas é crescente a formação de núcleos de estudos, como o Acervo dos Gaviões da Fiel.

Sim, cada iniciativa tem sua particularidade, sua importância e conversa com diferentes expressões do corinthianismo. O NECO segue firme em sua missão. Entendemos a importância e a responsabilidade de sermos uma instância oficial do Sport Club Corinthians Paulista e nos mantemos plurais e sem vínculo com nenhuma corrente política dentro ou fora do clube, embora seus integrantes sejam livres para expressarem suas convicções da melhor maneira.

Independente como é, o NECO deve sim agradecer o apoio que recebeu das administrações do Corinthians. Mais uma vez o Corinthians é pioneiro.

Sim torcedor, o NECO está dentro dos muros do Parque São Jorge. Está com o coração aberto para receber todos e todas.

A história da vida da gente é a história da vida do Corinthians. A história da vida do Corinthians é a história da vida da gente. Não há separação entre uma coisa e outra. Do mesmo jeito que não existe espírito sem corpo, não existe corpo sem espírito. O Corinthians paira no ar e nós estamos aqui para absorver a química do Corinthians, vendo o que é visível e sentindo aquilo que não se pode ver. Tocando o que é material e simplesmente amando aquilo que não se pode tocar. Com o Corinthians acessamos sentimentos incríveis, nos alimentamos de uma poesia que nos faz fortes e é contada através de letras que estão em sua vida, Sport Club Corinthians Paulista, nossa casa, nossa vida, nosso amor, nossa história!

Vai Corinthians!

Veja mais em: NECO e Parque São Jorge.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Por Rafael Castilho

Rafael Castilho é sociólogo, especializado em Política e Relações Internacionais e coordenador do NECO - Núcleo de Estudos do Corinthians. Ele está no Twitter como @Rafael_Castilho.

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