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Rafael Castilho

Rafael Castilho é sociólogo, especializado em Política e Relações Internacionais e coordenador do NECO - Núcleo de Estudos do Corinthians. Ele está no Twitter como @Rafael_Castilho.

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Coluna do Rafael Castilho

Opinião de Rafael Castilho

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Se tem algo na nossa vida que faz valer a pena lutar, amar, se dedicar, é o nosso Corinthians

Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians

Tem gente muito mais inconformada do que eu com os estrangeirismos. Até que eu aturo numa boa. Mas nunca entendi direito esse lance de procurar palavras em inglês que podem ser facilmente substituídas por outras na língua portuguesa.

Fato é que o "direito pelo nome" do estádio transformou-se no tal "naming rights".

Que bom que deu certo.

Mas eu prefiro sempre aportuguesar. Ou melhor, corinthianizar.

Não quero atrapalhar a nova marca "Neo Química Arena". Vai lá.

Mas eu já acho que seria muito mais da hora "Estádio da Nova Química". Mano do céu! Iria vender até mais remédio.

Ué, diria o leitor mais atento, o próprio nome Corinthians não seria também estrangeiro?

Pode ser. Um amigo querido me mandou uma crônica linda que ele escreveu faz um tempo dizendo que, em verdade, seríamos Os Corinthians, caso a tradução considerasse o apóstrofe Corinthian's.

A verdade é que, como o Sérgio me disse, fazer singular aquilo que é genuinamente plural, certamente é a cara do nosso Coringão.

Singular e plural. É nois. Nossa cara. Assim nascemos.

Sim, nós somos os Corinthian. Nascemos na cidade onde se pede dois pastel e um chopps. No mundo, somos o clube mais singular, uma experiência única. Ao mesmo tempo, certamente, somos o mais plural. Conseguimos ser diversos, mas também homogêneos. Tudo ao mesmo tempo agora.

O Corinthians dos maloqueiro, dos gavião, dos favelado, dos loco, das mina, dos mano, dos preto, dos moleque, dos véio.

Nois é o Corinthians. O Corinthians é nois!

É nois!

E tem sim tradução pro nosso nome.

É Curinthia! A tradução vai além das palavras, sejam elas em português ou em inglês.

A tradução paira no ar. A tradução se dá na piscadela. No jogo de olhar. No que ninguém explica. A tradução tá naquela hora em que todo mundo faz a mesma coisa, ao mesmo tempo, sem que tivesse sido necessário combinar. Tá na lágrima que irriga os nossos olhos e a gente não tem vergonha de demonstrar. A gente simplesmente se abraça e compartilha com o amigo a felicidade em se saber corinthiano.

Não quero parecer leviano. Mas arrisco dizer que nenhuma outra torcida celebra tanto a data de nascimento do próprio clube. Não os culpo.

O corinthiano comemora o primeiro de setembro, não só por se saber mais apaixonado. Acontece que, efetivamente, a fundação do Sport Club Corinthians Paulista, no meio da madrugada, tramado e transformado em realidade por operários como um ato de elevação, afirmação, identidade e pertencimento é a maior e mais difícil conquista do nosso amado clube. Nenhum campeonato exigiu tanto de nós.

Na real, cada um de nós nasceu um pouco naquela madrugada sob a luz do lampião. Ele trouxe luz à mente e aos corações dos nossos antepassados.

Essa luz até hoje nos ilumina. Sinto verdadeiramente que somos guiados e orientados e que nos momentos mais difíceis somos amparados.

Celebrar esse dia é ao mesmo tempo um ato de gratidão, de reconhecimento e, o que realmente importa para nós, a nossa história, aquilo que somos.

É isso que nos inspira. O Corinthians nada mais é do que aquele esforço coletivo de 1910 que perdura até hoje. Aquele lampião está aceso no peito de cada moleque que decide dedicar sua vida a essa causa e adotar a humildade como regra de vida.

A Arena ganhou seu nome. Que bom. Espero que dê tudo certo. Que seja bom para o Corinthians e também traga sucesso a empresa que faz o investimento.

Quanto a nois. Ah, meu amigo. O Corinthians já tem já tem o nosso naming right desde que nascemos. Nós já somos Corinthians onde quer que andemos. Em qualquer lugar. Em qualquer esquina. Nosso nome sempre foi Corinthians. E não precisa de contrato nenhum. Não queremos valor algum.

Se tem algo na nossa vida que faz valer a pena lutar, amar, se dedicar, é o nosso Corinthians.

Nós somos os Corinthians.
.
Obrigado por existir, Corinthians!

Feliz aniversário!

Obrigado por nos fazer existir, porque jamais seríamos o que somos, se não forjados por esse amor louco.

Vai, Corinthians!!!

Veja mais em: Naming Rights, Torcida do Corinthians e História do Corinthians.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Por Rafael Castilho

Rafael Castilho é sociólogo, especializado em Política e Relações Internacionais e coordenador do NECO - Núcleo de Estudos do Corinthians. Ele está no Twitter como @Rafael_Castilho.

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