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[Longo] Matheus Pereira: Representante da geração que domina o novo futebol brasileiro

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Publicado no Fórum do Meu Timão em 27/01/2016 às 01:12
Por Rafael K (@rafaellima13)

Primeiramente, os devidos créditos ao Cosme Rimoli pelo texto e, em segundo lugar, uma recomendação de uma ótima análise sobre o momento atual do futebol. Os minutos dessa leitura valem muito a pena, segue abaixo:

'Primeiro, ouviu os palavrões de companheiros revoltados. Foi fulminado pelos olhares daqueles que não tiveram coragem de xingar. Vários deles sabiam que nunca mais na carreira terão holofotes tão importantes quanto os de ontem. O Brasil acompanhava a final da Copa São Paulo. Uma conquista poderia mudar o destino de suas carreiras.

O camisa 10 fingia não ouvir. Estava no seu mundo particular. Depois, tomou banho rápido. E saiu dos vestiários do Pacaembu protegido por dois seguranças. Ninguém da imprensa podia se aproximar dele.

No estacionamento do estádio municipal, ficou protegido, dentro do ônibus do Corinthians. Tranquilamente ficava passagens mensagens no seu celular, como se nada tivesse acontecido.

O treinador Osmar Loss e o ex-jogador Alessandro, gerente de futebol, tratavam de minimizar. Pedir que o jogador não fosse condenado pela cavadinha, maneira irresponsável de cobrar pênalti, que tirou do Corinthians a conquista da décima Copa São Paulo.

Enquanto isso, a direção já estuda o caminho da redenção de Matheus Pereira.

O mesmo seguido por Ronaldo quando foi pego com travestis.

Neymar quando xingou até a última geração de Dorival Júnior.

Ele deverá dar uma exclusiva para a Globo.

Emocionado, pedirá perdão ao técnico, aos jogadores, aos corintianos.

O objetivo será mostrar que ele tem apenas 18 anos. E que a hora é essa do aprendizado. Dos erros. E a maioria da população se compadecerá do menino. De sua imaturidade. Talvez, quem sabe?, um abraço de Tite. Seria ótimo para o marketing do treinador que detesta garotos...

Assim caminha o futebol brasileiro.

Estragando seus jogadores no nascedouro.

Matheus Pereira tem muito talento.

É um jogador diferenciado.

Não foi escolhido como o melhor do Mundial sub-17 à toa, em 2015.

Meia habilidoso, driblador, inteligente, ótimo lançador e com excelente chute. A potência de sua perna esquerda pôde ser constatada no segundo gol corintiano contra o Flamengo. Quando bateu sério na bola.

Se a diretoria do Corinthians tivesse capacidade, coragem veria na estúpida cavadinha, a possibilidade de uma lição inesquecível. Não só para ele. Mas para seus garotos.

Só que ninguém pode 'mexer' com Matheus Pereira.

Após a partida, Matheus Pereira deveria dar uma coletiva. Explicar o que o levou a tentar dar uma cavadinha. E arriscar a chance de o Corinthians ser campeão pela décima vez do torneio mais importante da base no país. Dizer que não tinha avisado ao seu treinador, a ninguém. Quis chamar a atenção só para si e não para o time, para o clube.

A hora de pedir desculpas, fazer a transição de garoto para homem era ontem.

Não hoje, 24 horas depois. Mais tranquilo. Com o afeto da família, orientação do empresário, dos dirigentes, talvez até uma conversa com psicólogo. Uma babá também poderia ser útil.

Esse é um dos grandes erros na base do futebol desse país. E que corrói personalidades. Produz geração de jogadores mimados, arrogantes, egocêntricos, especialistas em selfies e fugir de assuntos pertinentes. Atletas que perdem mais tempo em esticar o cabelo do que aprimorar faltas e pênaltis. Narcisistas descontrolados.

Alienados, não querem saber de brigar por calendário, torneios racionais. Se calam ou fazem graça diante do racismo, da intolerância religiosa, fingem não ver a corrupção. Não têm o mínimo de cidadania. No máximo, orientados por contadores, montam institutos para ajudar crianças carentes. E desfrutam do incentivo fiscal destas instituições.

Não é por acaso que, quando chegam à Seleção Brasileira, não vão tolerar ser cobrados. Consideram um favor trocar as mordomias de seus clubes para atuar por seu país. Querem ser adulados. Jornalistas que criticam são vistos como traidores da Pátria. Mimados, se calam. Fogem das entrevistas. Mas não dos selfies.

Aliás, Matheus Pereira tem jogado em seleções de base.

Não é por acaso que as equipes e selecionados deste país estejam cada vez mais desunidas. Representam a geração do 'cada um por si'. Como treinadores vão cobrar, se seu salário mal chega a 10% do que o atleta recebe? Em caso de rompimento entre a estrela do time ou da Seleção com o técnico, as direções optam pelo jogador.

Há atletas intocáveis.

E desde as categorias de base.

Basta imaginar uma guerra entre Neymar e Dunga.

Quem estaria na rua no dia seguinte?

Jogador de futebol tem instintos apurados. Ainda mais aqueles com talento muito acima dos demais. O camisa 10 do Corinthians tentou a cavadinha ontem porque sabia que nada demais aconteceria com ele. Se errasse, poderia ser criticado. Mas seu futuro está definido. A Europa é uma questão de tempo.

Nada menos do que 95% dos direitos de Matheus Pereira pertencem a Fernando Garcia. Conselheiro do Corinthians e dono da empresa Elenko. Só 5% são do clube. Garcia também tem 70% de Malcom. E é dono de Marlone, recém-contratado.

O estatuto corintiano proíbe que sócios tenham envolvimento profissional com o clube. Garcia se defende dizendo que tudo que faz é como pessoa física. E a vida segue. Com Fernando tendo acesso às grandes esperanças da base, como Matheus Pereira. Aliás, o empresário mandou que o apelido Perulão, graças ao 1m82 do garoto, fosse enterrado no Parque São Jorge. Não combinava com um jogador que em breve estará na Europa. Seu desejo virou ordem.

No ano passado, Fernando se irritou pela falta de aproveitamento do meia no time principal. E o ameaçou vender para o Sporting. A diretoria pediu para que não efetivasse a transação. O jogador passou a treinar entre os profissionais, com Tite.

Ou seja, ao ajeitar a bola para a cavadinha, Matheus Pereira tinha toda a convicção. Era e seguiria sendo inatingível. Ninguém teria coragem de fazer nada com ele, se errasse. Seu empresário já avisou que o mercado europeu é uma realidade. Seria bom jogar na equipe profissional do Corinthians. Mas se isso não acontecer, tudo bem. O que já fez na base garantiu alguns dvds de ótima qualidade.

O menino realmente é talentoso. Quem acompanha a base o compara a Paulo Henrique Ganso. Com mais apetite para marcar gols. E maior participação nos jogos, na marcação, na vibração. Não veste a camisa 10 do Corinthians de graça.

Mas infelizmente está indo pelo caminho errado.

Está sendo estragado pela diretoria, por seu empresário.

Age com a certeza que seus atos não terão consequência.

Ele é uma das grandes estrelas do time.

Se o Corinthians quiser valorizar os 5% que possui, não o perturbe.

Depois ele virá na indefectível entrevista na Globo.

Matheus Pereira é o digno representante do futuro do futebol brasileiro.

Não é Fernando Garcia?

Não é Roberto de Andrade?

Não é Andrés Sanchez? '

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