Vamos começar olhando essa imagem. Muito esclarecedora ela, por sinal. As críticas que eu vi com frequência era que o Corinthians não era insinuante no meio-campo adversário... mas esse mapa desmente totalmente esse argumento. O que vimos em campo é algo que não era visto há muitos e muitos jogos: um Corinthians que ia todo no campo de ataque, preenchendo todos os lados do campo. O Corinthians jogou num 4-2-3-1 com Varanda na esquerda, Vitinho centralizado, Gustavo Silva na direita e Cauê no ataque. Foi o time que mais preencheu o campo de ataque nos últimos 3 anos.
Além disso, há de se notar que 6 chutes foram no gol, 11 para fora e 11 chutes travados. Além disso, o São Bento cometeu 20 faltas em nós. Isso são detalhes importantíssimos para compreender o jogo.

Então, no que falhamos, se é que houve alguma falha?

Esse mapa de interações entre jogadores no 1º tempo revela muito sobre o que aconteceu na primeira etapa. Como podem ver, a interação maior foi de Fábio Santos para Rodrigo Varanda (13). Depois foi de Gil para Cantillo em ataque (9) e depois vemos ações concentradas entre Gabriel e Gustavo Silva e Bruno Méndez e Gil em ataque também, ambos os casos com 8, e depois vemos muitas situações de interações consideráveis entre meias, com 7,6 e 5.

Antes, esses números se concentravam muitas vezes entre os defensores, não entre os meias! Nunca vimos tamanha interação entre os meias na zona adversária, quem acompanha os meus artigos testificou isso.

VAMOS ESCLARECER ALGUNS MITOS DITOS POR AÍ?

”O Mancini está estragando a base!” - É óbvio que não é verdade. Existe a necessidade real de fortalecer fisicamente os rapazes. Além disso, nenhum da base foi escalado em uma posição improvisada, com a exceção do Varanda nos dois primeiros jogos. Todos jogaram em suas posições e tiveram acertos de passes impressionantes. Varanda foi mais acionado pela esquerda porque essa era a falha do adversário, muitos lances de perigo saíram dali – 7 ao todo. E para quem fala que o Varanda não acerta uma, ele errou apenas 1 dos 23 passes dados.

”O time não tem padrão de jogo, Mancini está há mais de 6 meses e não tem padrão nenhum!” - Sempre foi dito, antes de Cazares e Otero virem, que o elenco era limitado. Mancini sempre jogou num 4-2-3-1 alternando defensivamente para 4-4-2. E pela primeira vez na carreira dele, quando chegou ao Corinthians, ele teve que adaptar esquemas táticos de acordo com o adversário – seja num 4-1-4-1,3-5-2,4-3-3 (que foi o esquema usado nos últimos dois jogos). E ele fez isso porque o elenco é muito limitado, não tínhamos um ponta-direita para substituir Ramiro até aparecer Gustavo Silva, e nunca tivemos um meia-esquerda para substituir Léo Natel, que era e continua sendo, por incrível que pareça, o melhor da posição e com mais acertos proporcionalmente do time todo apesar de ser o menos acionado, como já provei várias vezes - e Araos, que é da posição, às vezes era o meia-central ou meia-atacante - até aparecerem Otero e Varanda. E o elenco continua sendo limitado porque os excelentes rapazes da base ainda estão crus fisicamente Então, como raios pode ser exigido padrão de jogo?! Tempo teve, mas os jogadores novos não!

Mancini escala mal - Pra essa questão, uma pergunta deve ser feita: como se define se alguém escala mal, é por esquema tático, por jogadores fora de posição ou por falha de leitura de jogo? Entendam que às vezes um esquema tático é usado e os jogadores jogam nas posições em que realmente são, porém a leitura de jogo não foi bem feita. Mas há casos em que o esquema tático foi correto e a leitura também, mas os jogadores foram improvisados. No último jogo, por exemplo, Luan jogou improvisado de meia-direita, sendo que ele é meia-atacante e falso 9 que alterna pra meia-esquerda. E Léo Natel, nos dois últimos jogos, jogou improvisado como ponta-direita, sendo que na verdade ele é ponta-esquerda e alterna pra centroavante. E os dos foram muito bem no jogo contra a Ferroviária, apesar de jogarem totalmente foram da posição – nesse jogo Luan se destacou porque o 4-3-3 usado nesse jogo alternava em ataque para um 4-2-4 com Luan flutuando em ataque, dando liberdade pra ele e mais uma vez provando que ele pode sim ser um falso 9. Uma escalação mal-sucedida é uma combinação ou de esquema tático mal utilizado com jogadores improvisados, ou jogadores errados e leitura mal-feita, ou os 3 fatores citados juntos – e não vi nada disso no Mancini, com a exceção de dois jogos dele em que eu fiz análise aqui.

”Mancini é incoerente no que ele diz!” - teve dois artigos que eu escrevi em que eu provei que a evidência é de que Mancini dizia o que dizia por influência do alto escalão. Cheguei a essa conclusão por notar que o próprio Mancini, tempos atrás, dizia outras coisa sobre o Luan que desmentia a própria afirmação futura, além de observar que havia nítida falha de comunicação entre notas oficiais sobre a situação da base e a declaração do Mancini de que eles “não o agradaram”. Logo, existe influência interna que está atingindo os jogadores. Além disso, como um torcedor do fórum notou muito bem, o motivo não pode ser por atraso de salário, já que os jogadores estão com os salários em dia. A única incoerência que eu notei é no argumento de Mancini de manter o Jô porque não tem nenhum outro, “ele é da posição”...posso até entender que os rapazes da base estão crus – embora para o Cauê não se possa dizer isso, uma vez que ele mal tem chances de finalização, como os dados mostram – mas além de ter Luan que pode ser falso 9, também tem o fato de Léo Natel ser centroavante e ter números melhores do que Jô de finalizações e acertos de passes! Isso sim é incoerência. Mancini tem que entender que nem só de centroavante vive o time, e é possível armar um time sem centroavante. Se quiser permanecer no 4-2-3-1, os meias tem que jogar próximos ao invés de afastados.

QUAL FOI O ERRO DO TIME?

O erro – que nem chega a ser necessariamente um erro – foi em explorar os passes mais em Cantillo do que nos meias, por mais que o jogo tenha sido bem distribuído entre os meias no ataque. A verdade foi que a defesa do São Bento foi melhor em bloquear chutes, como eu falei antes. A única coisa cobrável foi em não dar liberdade ao Vitinho se infiltrar na área e nem fazer com que Cauê participasse mais do ataque.

CONCLUSÃO

Paciência é a alma de um bom time – e principalmente do torcedor esclarecido. Tenho notado que a torcida está polarizada pelo fato de uns se deixarem influenciar por sensacionalismo. Mas a prova é uma coisa mais valiosa do que a influência de alguém, e isso o torcedor vem percebendo com mais frequência desde que as influências internas vêm acontecendo. Os próximos jogos definirão muita coisa, tivemos evoluções táticas, só falta transformar isso em gols e garra, na medida certa.

VAI, CORINTHIANS!