Enfrentamos um time que passa bem a bola, faz bons cruzamentos e intercepta bem – foi o que eu ressaltai na última partida contra o Novorizontino. De fato, eles interceptaram muitos dos nossos passes e nos deram sérios perigos de bola parada. Para neutralizar um time desses – que não chegou às quartas de final à toa – era necessário neutralizar tais pontos fortes...E Mancini já tinha a resposta para isso: pressão no meio-campo mantendo o esquema de 3 zagueiros.

Isso era imprescindível porque era sabido que a Inter de Limeira possui a característica de marcação-pressão – tanto é assim que os primeiros cinco minutos foram com eles quase fazendo gol contra nós ao forçarem os erros de saída. E foi por isso que Mancini optou por colocar Gabriel e Ramiro para fazerem a pressão no meio-campo, resultando no que resultou. Vamos ao jogo.

O JOGO

O Corinthians jogou num 3-4-3 alternando para um 3-5-2 e não fugiu desses esquemas em nenhum momento. Fagner alternava de posição com Luan e João Victor, e Lucas Piton alternava com Luan e Raul Gustavo, embora com menos frequência com esse último devido a necessidade de manter uma zona defensiva segura. Ramiro – de quem falarei logo – possuía boa liberdade para se infiltrar no meio-campo, e Jemerson garantia a defesa alta.

Esse mapa de passes é do primeiro tempo. O Corinthians concentrou muitos passes no meio-campo devido ao poder de saída da defesa dos zagueiros em conjunto com os volantes, alas e Luan. Notem que os passes foram muito bem distribuídos entre o meio-campo e pelos lados do campo, até mesmo na zona de ataque – coisa que só acontece recentemente e que não era comum há muito tempo.

E esse mapa de passes esclarece muita coisa: Ramiro fez exatamente a mesma função que o Camacho fez no último jogo, criando as jogadas em conjunto com Luan, os alas e os zagueiros-armadores. Ele foi a principal mola de impulsão depois de Raul Gustavo, e o fato de estar jogando numa linha de quatro o favorece muito, tanto quanto o Camacho e Roni.

O mapa de calor com os dados dele comprovam o que eu disse antes. Notem como ele sai com bastante frequência até o ataque e participa do meio-campo. Se Luan foi muito móvel e preciso em campo, Ramiro foi o mais criativo: se fosse um volante tipo Ralf, dificilmente esse esquema tático usado pelo Mancini teria dado certo.

O mapa de calor do jogo comprova bem o que disse bem mais acima, até porque o segundo tempo foi a manutenção do primeiro. Fagner e João Victor eram extremamente acionados, mas também havia muitos ataques pelo lado esquerdo com Raul Gustavo e Otero. Aliás, Otero foi bem melhor nesse jogo do que da última vez.

Notem a forte mobilidade de Otero em campo. Ele foi extremamente útil em ataque, alternando de posições constantemente. Criaria duas chances perigosas, finalizaria bem, daria dois passes perigosos que quase resultaram em gol. Por isso eu disse que essa partida dele foi bem melhor do que contra o Novorizontino.

Prefiro ver Otero atuando como meia-de-criação de fato alternando para as pontas do que como um ponta fixo. Até porque Otero pode fazer muito bem essa função, e é aonde ele sempre rendeu mais.

CONCLUSÃO

O nosso time está mostrando cada vez mais um futebol ofensivo e criativo, e a panelinha está cada vez mais perdendo espaço, forçando-os a realmente lutarem pela titularidade como Fagner fez hoje – e muito bem, por sinal. Esse é o Fagner que jogou a Copa do Mundo e é o que queremos ver novamente, só depende exclusivamente dele, porque futebol pra isso ele tem. Desde quando ele chegou ao clube, nunca houve reservas à altura dele, e agora tem dois: Bruno Méndez, que faz a função e sempre fez muito bem, e João Victor – e se abusar até o Mandaca. E há também o Matheus Alexandre, que tá justamente no Inter de Limeira e é um lateral-direito que também joga de meia – e fez um bom Paulista por lá. Deve voltar agora depois da eliminação.

Depois de amanhã temos o jogo da volta contra o Peñarol pela Sul-Americana. Devido a logística de calendário apertado, provavelmente será outro time a entrar em campo, mantendo a zaga. Já que está “na moda” ultimamente escalar o time, a minha escalação seria:

Isso faria com que o time tivesse fortíssima mobilidade no meio-campo. Os laterais teriam tanta facilidade pra se infiltrar na área como foi hoje justamente por ter Matheus Araújo e Adson, que também podem atuar como meias de canto se for preciso. Vitinho pode muito bem ser o titular ao invés de Matheus, mas eu prefiro esse último pelo fato de ele ser um meia-central ofensivo armador.

Enfim, só nos resta esperar até quinta. O calendário está muito apertado para poder descansar do modo como deferia ser feito, então a última coisa que deve ser feita é culpar o técnico – a menos que ele me venha com Gil e Jô.

VAI, CORINTHIANS!