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Paulo André revela conversa com a Globo para fim dos Estaduais

Tópico Lendário Entenda as regras
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Lio 112 posts

Publicado no Fórum do Meu Timão em 15/08/2014 às 16:50
Por Lio Santos (@lio.santos)

Integra comunicado de Paulo André:

DE OLHOS BEM VENDADOS (PARTE I)

Sabe-se há algum tempo que as Federações Estaduais de Futebol são o fiel da balança, representam a maioria no colégio eleitoral da CBF (27 contra 20) e controlam, sob força estatutária da cláusula de barreira, quem pode e quem não pode ingressar no pleito. Essa regra determina que seja necessário o apoio de 7 Federações e de 5 clubes para que uma chapa pessoa disputar o cargo máximo do futebol nacional.

Quando me reuni pela primeira vez com o Marcelo Campos Pinto, diretor da Globo Esporte, apontei o dedo para as Federações e lhe apresentei essa teoria. Lembro-me de sua cara de espanto que parecia me dizer: 'Esse rapaz, jogador de futebol, entendeu o jogo. Quem 'controla' as Federações ganha a partida, mantém o poder.'

Há diversas maneiras de se agradar as Federações, mas nada lhes dá mais prazer, estabilidade e consequente apoio ao 'candidato' à CBF, do que a manutenção dos campeonatos estaduais. Se você prometer não tocar na galinha dos ovos de ouro, nenhum mal lhe acometerá.

A receita das Federações cresceu, em média, 25% em 2013 se comparada com o ano anterior. No total, a soma das arrecadações dessas entidades atingiu R$ 132 milhões, mesmo com a decadência técnica e de público dos campeonatos estaduais.

A Federação do Rio de Janeiro, por exemplo, aumentou 32% de sua receita de 2012 para 2013 e atingiu o patamar dos R$ 16 milhões cujo resultado operacional (lucro) foi de mais de R$ 2 milhões. Apesar disso, 80% dos clubes da primeira divisão do campeonato carioca tiveram prejuízo durante o período da competição. Ora, para quem serve esse formato?

A TV, consciente do modelo fracassado e perdendo audiência a cada ano, ainda não tem a intenção de enfrentar a situação e arriscar perder o controle absoluto sobre os mandatários do futebol. Para garantir o mínimo necessário, a Globo, detentora dos direitos de transmissão, colocou uma cláusula no contrato que obriga a Federação Paulista, por exemplo, a desenvolver um regulamento que contemple todos os clássicos na primeira fase - por isso vimos aquele regulamento esdrúxulo no último campeonato. E assim, auxiliada pela alavancagem dos clássicos, a TV Globo atinge, na média, um patamar (mascarado) no Ibope dos campeonatos estaduais que lhe permite vender o produto para os anunciantes de forma a garantir que o modelo e o controle sobre os cartolas continue de pé.

PARTE II -

Ao se propor a redução dos campeonatos estaduais com a contrapartida da ampliação do número de equipes disputando as divisões nacionais (regionalizadas), tem-se o intuito de salvar o nível técnico das Séries A e B, aumentando o interesse, a presença do público nos estádios e a frequência de jogos aos finais de semana (o novo calendário permitiria tal manobra) que impactaria diretamente numa melhor exploração das novas arenas e no aumento da arrecadação dos clubes, diminuindo, gradativamente, sua dependência do 'dinheiro da TV'. Em paralelo, oferecer-se-ia esperança de dias melhores aos clubes e aos atletas do interior que teriam, no mínimo, estabilidade e previsibilidade de agenda para jogar 10 meses por ano.

Mas ao se colocar a proposta na mesa, presidentes de Federação se reviram em suas tumbas (é o único momento de reação perceptível) e vociferam aos quatro cantos dizendo que os estaduais, historicamente, revelaram os nossos maiores craques, nos levaram ao pentacampeonato mundial e que seria um desserviço à nação, um assassinato ao futebol brasileiro e uma tremenda irresponsabilidade comprometer a saúde financeira e o futuro dos clubes do interior com uma medida tão 'estúpida'.

Que saúde? Que futuro? A única luz que os clubes do interior veem é do trem vindo em sua direção. Então por que nenhuma alma dentro das Federações saiu em defesa dos clubes do interior após a divulgação do calendário do futebol brasileiro de 2015?

O que lhes incomoda de fato e o que os faz ter esse discurso 'fingido' não é a saúde financeira dos clubes do interior (esta semana o Crac quase desistiu da série C por falta de dinheiro, o Guarani pagou os jogadores com cheque sem fundo e o Barueri não treinou por salários atrasados), mas quanto arrecadarão suas Federações em caso de um estadual reduzido, quiçá, sem um estadual (já que os clubes jogariam um Nacional regionalizado)?

Senhores, 'donos' do futebol nacional, saibam que não se deseja o fim das Federações, mas o fortalecimento de suas entidades. É preciso entender que esse tipo de proposta de mudança do calendário (apoiada por nós somente com a contrapartida do aumento do número de clubes disputando os nacionais regionalizados) não é feito para enfraquecer as entidades ou diminuir suas arrecadações, mas para alça-las e capacitá-las ao grande desafio de reformar o futebol brasileiro, fortalecendo seus clubes e servindo de base para sustentar a nossa Seleção.

Na visão atual, as Federações deveriam ter um papel muito mais importante do que apenas organizar os campeonatos estaduais, deveriam ser as molas propulsoras de uma CBF mais atuante cujo programa de investimentos destinasse, sob rigoroso controle de metas, 20% da arrecadação para projetos sócio educacionais e de formação, outros tantos para capacitação dos treinadores, dos executivos e dos processos de tomada de decisão dentro das próprias federações. Não obstante, seria necessário investir no desenvolvimento das organizações de todas as modalidades e do 'negócio futebol' como um todo dentro de cada Estado.

Há um projeto na UEFA que se chama KISS (Knowledge & Information Sharing Scenario) que é oferecido aos profissionais com cargos intermediários nas Federações e que visa compartilhar recursos e reforçar o nível de performance baseado na troca de conhecimento e networking.

Seu Marco Polo, senhores presidentes de Federações há muito a se fazer, há muito a melhorar. Procurem, pesquisem, peçam ajuda e facilitem um pouquinho o nosso trabalho, vai.

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Wellington 5.537 posts

@wellington.oliveira8 em 15/08/2014 às 17:04

Eu sempre penso no Fim dos Estaduais, não e atraente médias de Públicos Baixíssimas título de pouquíssima expressão jogos poucos atrativos.

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Lipe 2.248 posts

@fepaz em 15/08/2014 às 17:07

Muito bom...

Mas o dirigente da federação deve imprimir o texto, cagar e limpar o rabo com isso ai...

São bandidos que fazem parte de um sistema gigante, que nós, consumidores, alimentamos diariamente... E o pior, as vezes, tirando vidas daqueles que torcem para nosso 'inimigo'...

Manipulação de massas, a gente vê por aqui!

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Renan 3.917 posts

@renan.costa6 em 18/08/2014 às 10:23

Pra começar o calendário deveria ser de agosto à junho como o Europeu, daria pra se moldar um time sem perder peças em agosto (principal janela europeia). Campeonato Brasileiro de Agosto à Junho, Copa do Brasil idem, Libertadores e Sulamericana também. Campeonato Paulista ao invés de acabar, façam como um campeonato de 4 datas para times grandes, e mais extenso para os times menores.

Campeonato Brasileiro sub-20 de várias divisões ajudaria muito à revelar jogadores.

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Xandão 15.229 posts

@xandaopolemico em 18/08/2014 às 09:58

FAZ UMPAULISTÃO com 16times, classifcam quatro, que se juntariam aos 4 grandes.dois grupos de 4, comjogos de ida e volta.semifinais e finais.o campeão faria dez partidas.

Mas acho que não, porque sem os grandes, quem perde dinheiro é a federação e TV

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Paulo 767 posts

@paulo.sampe em 16/08/2014 às 16:45

Grande Paulo André, jogador de futebol como poucos...inteligente. Muito bom o post e as ideias também o que é difícil é acabar com os desmandos da CBF, Federações etc.

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Guilherme 1.309 posts

@chileno21 em 16/08/2014 às 15:37

Ótimo texto! Concordo com tudo que o Paulo André escreveu.

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Artur 4.113 posts

@artcorinthians em 16/08/2014 às 15:07

Rio São Paulo é uma boa solução, pra mim tem muito mais peso que um Paulista, ou Carioca...

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Vinicius 1.229 posts

@viniciusmaximiano em 16/08/2014 às 14:23

Os Estaduais só prestam pra uma coisa, ganhar do rival, só.

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Paulo 447 posts

@paulo.ooooo9 em 16/08/2014 às 13:14

O Corinthians só se desfez do Paulo André porque ele é um ser pensante e de muita liderança, e como o Corinthians é o segundo maior parceiro do futebol da globo, não poderia ter uma pessoa dessa no elenco, foi uma grande perda para o Corinthians e para o futebol brasileiro o Paulo ser exilado na China.

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Sergio 7.184 posts

@sergio.t em 16/08/2014 às 11:22

A C.B.F. Continuam cometendo o mesmo erro iggnora completamente uma coisa chamada da FIFA pra C.B.F. Jogos oficiais de selecaoes são mero detalhe financeiro, mesmo só que isso signifique desvalorizar o seus próprio produto // campeonato brasileiro e copa Brasil // CALENDARIO do FUTEBOL BRASILEIRO E UM LIXO!