A declaração do capitão do Cobresal, Johan Fuentes, a uma rádio chilena, alegando que os “negros” corintianos estariam assustados em enfrentar o modesto time chileno em um estádio no meio do nada só pode ser considerada, no mínimo, infeliz. É um tiro no pé, sabe por quê? Esse tipo de afirmação, como tantas outras provocações, só instigam o adversário a chegar ainda mais com a faca nos dentes. Corintiano não tem medo de deserto, não tem medo de torcida, naõ tem medo de nada, rapaz.

Lembro-me bem que no ano passado quando o Corinthians foi até Belo Horizonte enfrentar o Atlético-MG em um jogo que foi denominado como “final antecipada” pela imprensa, os torcedores do Galo fizeram questão de fazer uma recepção calorosa aos jogadores corintianos, soltando fogos e rojões por toda a noite em frente ao hotel que os atletas estavam hospedados. No dia seguinte, poucas horas antes do jogo, o repórter da ESPN, Flávio Ortega, perguntou ao grupo corintiano se esse tipo de provocação intimidava e a resposta foi unânime: “Não, isso só nos motiva mais a fazer uma boa partida”. Qual foi o resultado? Três a zero Corinthians, fora o baile, sobre o segundo colocado do Brasileirão.

Não entrarei no mérito do termo “negros” utilizado por Fuentes. Conversando com amigos que já foram ao Chile, descobri que a expressão é comum no vocabulário chileno e que não é utilizada como algo pejorativo. Menos mal, vamos nos focar apenas na infelicidade de tentar provocar um clube que tem quinhentas vezes o tamanho do Cobresal.

Não sei o que passou na cabeça do indivíduo para chegar a pensar que o elenco corintiano, com jogadores experientes e com o mestre Tite poderia ficar apreensivo e assustado ao enfrentá-los. Um time que já enfrentou o caldeirão de São Januário, clássicos contra o Palmeiras, Boca na Bombonera vai se assustar com um desertinho? Me poupe, haja egocentrismo!

Acho que o chileno nos confundiu com o time lá do Morumbi...

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Texto de João Gonzales. Do 'Paixao Alvinegra'.