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Fórum do Corinthians

Relato de Dr. Osmar de Oliveira

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Publicado no Fórum do Meu Timão em 29/10/2017 às 15:22
Por Bryan Iubel Apoiador (@bryan.iubel)

Poderia ser uma história de palmeirense, são-paulino, flamenguista.

Em maio de 2008 o Corinthians fazia sua estreia na série B, contra o CRB, no Pacaembu. Num grupo de 20 pessoas, lá estava eu no setor laranja, bem no meio de campo, ao lado das torcidas organizadas. Assistir o jogo dali é mais emocionante que nas numeradas. Cheguei cedo, atendi inúmeros torcedores com fotos e autógrafos.

Percebo caminhando por entre as pessoas, vindo na minha direção um senhor de uns 70 anos, negro, baixo e magro. Vi que andava devagar e com alguma dificuldade. Com educação pediu um minuto da minha atenção e se acomodou ao meu lado. Não queria foto nem autógrafo.

Começou a contar sua história: ” Moro em Guaratinguetá… no ano passado (2007) tive dois enfartes no coração e quase morri… agora em março(2008) tive o terceiro enfarte e foi o pior deles… internado no hospital, teve um dia que eu estava de olhos fechados relembrando a vida e minha mulher ao lado pensou que eu estava dormindo… chegou o cardiologista, que pensou a mesma coisa e disse para minha esposa… o caso dele é grave e deste ano ele não passa… nem sei direito o que se passou na minha cabeça naquela hora, mas continuei de olhos fechados… dias depois, recebi alta para continuar o tratamento em casa… sinto-me cansado e tomo muitos remédios… ontem tomei uma decisão… pedi a meu cunhado que me trouxesse hoje aqui no Pacaembu (nesse momento começou a chorar)… e sabe o que eu vim fazer aqui, doutor? … Vim me despedir do Corinthians.”

Levantou-se. Abraçou-me e se foi, enxugando as lágrimas. Fiquei atônito por alguns minutos. Tenho essa imagem muito gravada na minha mente. Não sei se morreu, tomara que não! Tomara que tenha assistido a volta à Série A e a Libertadores. O que faz um torcedor tomar uma decisão dessas, lembrar de seu time no prenúncio da morte? Que paixão é essa? Não sei. Se tentar explicar, não vou conseguir. Penso muito naquele homem. Coloco-o sempre nas minhas orações e muitas vezes, choro, como estou chorando agora. Na sua simplicidade e humildade, mal sabe ele que me ensinou uma coisa importante: um dia vou fazer a mesma coisa!

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O grande Doutor Osmar postou isso em sua página em 2012. Relato muito emocionante.

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