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Fórum do Corinthians

A entressafra faz parte do planejamento

Tópico Lendário Entenda as regras
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Páme 4.873 posts

Publicado no Fórum do Meu Timão em 26/06/2018 às 11:17
Por páme Korinthianoús! (@oi.korinthioi)

O Corinthians tomou uma decisão no longo prazo quando decidiu fazer o estádio em 2014. Durante os dez anos seguintes iria conviver com um aperto financeiro - que deveria ser mitigado pelos NRs - em troca de ter estádio e CTs modernos.

Isso significava abrir mão de parte de nosso poderio financeiro.

À época, porém, em 2010, o Brasil era modelo de crescimento no mundo, o dólar estava mais ou menos a R$ 1,50, etc.

Em resumo: os NRs seriam fáceis de vender, os jogadores seriam fáceis de 'segurar', o dinheiro sobrava pra patrocínio e parecia que poderíamos de quando em quando fazer excursões para repatriar jogadores.

E veja bem, essa avaliação não era só de nossa diretoria. A revista Economist e basicamente todo mundo também apostava no Brasil.

Parecia então que abrir mão temporariamente de nossa renda de venda seria um preço pequeno porque parecia que o dinheiro sobraria na mão dos investidores.

Nós - e não só nós - fomos pegos de surpresa com uma mudança econômica. A chamada crise das commodities (2013) atingiu em cheio nossa economia ainda muito dependente deles. De repente o dinheiro estava encurtando no bolso de investidores E consumidores.

A ideia de fazer um investimento de risco - e é sempre bom lembrar que, com uma rejeição maior do que a própria torcida, o Corinthians é um investimento publicitário controverso - ficou bem menos atraente.

O plano A tinha que ser jogado no lixo precisamente quando precisaria ser aplicado (2014, com a inauguração da arena).

Surge então o plano B, uma reação ao poder de investimento menor e um resultado das experiências frustradas com Adriano e Pato: um Corinthians sem medalhões, com orçamento nivelado por baixo, redobrando a ideia de eficiência tática como lema do time.

A ideia passa a ser ter um bloco de jogadores medianos e contratar pontualmente e dentro de um teto de gastos um ou outro jogador de referência de acordo com essas necessidades coletivas, geralmente jogadores 'em recuperação', quer por haverem passado uma ou mais temporadas afastados dos grandes centros de futebol, ou em recente má fase (Love, Jô, Jadson e Ralf em seu retorno), quer por estarem com problemas médicos (Renato Augusto).

A ideia por trás desse padrão é: evitar a 'especulação' interna como aconteceu com Guerrero em relação a Pato. Ninguém pode pedir salário maior que x porque ninguém no elenco recebe mais que isso. E se o 'medalhão' do elenco recebe x, os demais entendem que receber x/2 é o que o clube pode oferecer naquele momento.

A pegadinha é: quando você recebe acima do que você vale, você topa fazer contratos mais longos com multas mais altas. No caso contrário, você vai tentar o inverso: contratos curtos, com facilidade de sair caso apareça proposta menor.

Isso não é uma falha: está planejado no sistema.

É difícil dizer que esse modelo não funciona. Até aqui rendeu dois paulistas e dois brasileiros com o cinto apertado.

Também iria na contramão de quem diz que o time contrata mal. Há uma série de nomes muito questionáveis que aparecem por aqui de vez em quando, de fato. Mas como sublinhou um colega num post recente, temos um elenco razoavelmente montado:

https://www.meutimao.com.br/forum-do-corinthians/bate-papo-da-torcida/514642/o-time-do-1-ao-11-e-muito-bom-temos-que-torcer-para-o-loss-ganhar-o-respeito-do-grupo O time do 1 ao 11 é muito bom, temos que torcer para o Loss ganhar o respeito do grupo! Cássio - de seleção Fagner - idem Henrique - Muito regular, me surpreendeu positivamente Pedro Henrique - melhor seria se o Balbuena ficasse rs... E se ele... meutimao.com.br meutimao.com.br

Também faz sentido, de acordo com esse padrão de montagem de times, que haja um certo excedente de jogadores medianos ou abaixo disso, já que o desmanche pode acontecer a qualquer momento e serão necessárias peças tapa buraco até a contratação do substituto real.

A questão toda parece estar na leitura de que o time vende mal.

E aí que eu acho que a questão é um pouco mais nuançada. Obviamente o Corinthians não tem na venda dos jogadores o objetivo de aumentar a renda. Mas eu acho que isso faz parte desse plano B.

A ideia até o pagamento da Arena é o time se assumir para o jogador como uma vitrine para um contrato milionário, assumindo como consequência natural que o ciclo vai ser ano bom-desmanche-entressafra-ano bom.

Acho que faz parte dessa nova realidade financeira e até aqui temos conseguido administrar bem essa situação, conquistando mais títulos que os demais times brasileiros.

Parece então que houve uma mudança radical entre o cenário de 2009 em que o marketing levantava o clube para a o de hoje, em que ele é o principal ponto que nos detém financeiramente.

Fica a tarefa urgente para o Rosenberg.

Ps: De nenhuma maneira quis dizer com isso que essa seja a melhor estratégia, ou exime a diretoria da responsabilidade de aumentar a captação do time. Essa me parece ser uma boa estratégia para lidar com uma situação em 2014-15, mas não se pode mais dizer, quatro anos depois que essa situação ainda seja uma surpresa.

Apenas quis dizer que me parece que até nossa arrecadação mudar radicalmente pra melhor é o que 'vai dar' pra fazer.

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Deco 23.766 posts

@deco20 em 27/06/2018 às 09:42

Como especialista em planejamento e estratégia, tenho base suficiente pra afirmar que seu texto apresenta falhas conceituais bastante graves.

Vou contribuir com algumas considerações:

1. Sim, entressafra faz parte do planejamento. A questão é que se isso ocorre no Corinthians, é muito mais por ser uma estratégia emergente, do que deliberada.

2. Na construção de um planejamento, uma das formas mais comuns é por meio do desenvolvimento de cenários e seus reflexos. Se o Corinthians se baseou apenas numa perspectiva positiva do contexto econômico e social, muito provavelmente não levou em conta outros cenários e, consequentemente, se reforça a ideia de que não houve planejamento.

3. Essa mudança na economia que pegou todo mundo desprevenido, na verdade, atingiu tão somente os incautos ou os que, por escolha, preferiram não diversificar suas fontes de receita. Esses ciclos de crise e bonança das commodities acontece há tempos. Qualquer um que atue seriamente na área da economia ou da gestão sabe o alto preço que é focar na produção e venda desse tipo de item. E isso é algo que os especialistas alertam há muito tempo: a necessidade do Brasil diversificar e direcionar esforços pra produção de produtos com maior valor agregado. Portanto, era evidente que algo estava prestes a acontecer e aqueles que não estavam lastreados de alguma forma sentiram mais a 'crise'. Mais uma vez, planejamento feito com base em manchete de revista e não com estudos concretos sobre o que estaria pela frente.

4. Existe todo esse contexto de contatações, medalhões, salário X. Nesse ponto eu concordo contigo. Futebol é assim. O que pega é que nossa diretoria é extremamente sem transparência, montada com nomes envolvidos em diversos escândalos, sem qualquer qualificação técnica. Situações tem ocorrido sem a mínima explicação que justifique certas decisões. Comissões pagas acima do valor de mercado. Contratos elaborados sem quaisquer critérios. O Corinthians, mesmo sem contratações de peso, segue com uma das maiores folhas de pagamento do futebol brasileiro. Isso é tudo, menos planejamento.

Existem outros pontos, menos relevantes, mas não vou aprofundar pra não virar uma tese.

Entendi seu texto e ele apresenta furos graves. Não sei por falta de conhecimento ou intencionalmente, de modo a aliviar a responsabilidade da diretoria.

O que essa corja faz não é planejamento. Afirmar isso é uma ofensa aos profissionais que atuam nessa área e levam a sério o que fazem.

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Victor 70 posts

@.sccpvcitor em 27/06/2018 às 08:57

ótima análise, um dos únicos posts que realmente tiveram bastante sentido aqui! Parabéns

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Thiago 660 posts

@thiago.fernandes.da2 em 27/06/2018 às 08:55

Rapaz, que análise.

Não tinha pensado por esse lado.

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Caique 109 posts

@caique.camilo em 27/06/2018 às 08:34

Um ótimo texto, realmente o planejamento e mesmo a solução deste problema não virão através de 'mágicas' ou em poucos meses.

Um problema grava foi a falta de comunicação com a torcida na época, em relação ao 'preço' que a Arena custaria, que de fato, ter um empreendimento deste tamanho faria o clube ter resultados e investimentos reduzidos.

Um exemplo disso, no que diz respeito a limitação de investimento, foi quando o Arsenal-ING estava construindo o seu estádio, nesse período tiveram a chance de contratar Messi, e por não poderem fazer não contrataram o argentino ainda adolescente.

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Bob 30.040 posts

@felipemarley em 27/06/2018 às 08:21

Belo texto parabéns.

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Tiago 1.061 posts

@tiago.de.jesus.cesar em 27/06/2018 às 06:57

Na teoria tudo lindo, mas pratica...

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Primo 13.355 posts

@primo.primo em 27/06/2018 às 06:21

Tudo que a diretoria fazem de errado jogam a culpa na Arena, vender jogadores a preço de Banana não é culpa da ARENA, pelo contrário, já que tem uma dívida grande para pagar deveria negociar nossos jogadores por um preço bem melhor.

Se desde 2014 tivesse vendido nossos jogadores pelo preço que realmente vale a Arena já estaria paga.

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Naldinho 1.721 posts

@naldinho.cavalcante em 27/06/2018 às 04:35

O problema dessa diretoria é que todo ano o investimento no clube só abaixa, mais as dividas só aumenta, cadê o senhor Andrés e o Rosenberg pra explicar isso.