Mancini tem muitos defeitos, e algumas qualidades também.

É justo afirmar que ele não tem cacife para dirigir um clube do tamanho do Corinthians? Sim. No entanto, devemos lembrar que o momento atual do Todo-Poderoso também está muito aquém daquilo que a instituição merece.

No frigir dos ovos, Mancini é um técnico bom para o contexto no qual nos encontramos. Quebrados financeiramente, com um elenco carente em determinadas posições e muito desacreditado. É um sujeito que consegue deixar times de meio de tabela minimamente competitivos.

O problema é crucificar o cara utilizando de argumentos desonestos. E o maior exemplo disso é o suposto aval dele para a contratação do Jonathan Cafu.

Vou desenhar três cenários aqui, que são os que costumam ocorrer em uma típica montagem de elenco, ou quando é necessário suprir algumas lacunas no decorrer de uma competição. Ao final, me digam qual acreditam que ocorreu nesse caso específico.

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Cenário 01 – Treinador incompetente e dirigente idem

Treinador: Preciso de um reforço no setor ofensivo. Nosso elenco não conta com um jogador veloz na frente, que possa abrir espaços na defesa adversária para a liberação do centroavante fixo.

Dirigente: OK, me encaminhe a relação das características que você está buscando e de alguns possíveis nomes. Convocarei nosso diretor de futebol e o time de especialistas para levantar algumas alternativas.

Depois de alguns dias:

Dirigente: Olha só, temos aqui o Zé das Couves, o Alfinete e o Jonathan Cafu. Aquele que mais se assemelha ao que você pediu é esse último, mas o empresário só libera se dermos um contrato de três anos ganhando um salário de 300K.

Treinador: Hmmmm... Caro hein. Período longo demais para um atleta que não tem condições de chegar já resolvendo. Esse aí é mais uma aposta.

Dirigente: É ele ou nada. Será que podemos correr o risco de continuar com esse plantel curto?

Treinador: Beleza vai, assina aí e vamos ver o que dá.

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Cenário 02 – Treinador competente e honesto e dirigente idem

Treinador: Preciso de um reforço no setor ofensivo. Nosso elenco não conta com um jogador veloz na frente, que possa abrir espaços na defesa adversária para a liberação do centroavante fixo.

Dirigente: OK, me encaminhe a relação das características que você está buscando e de alguns possíveis nomes. Convocarei nosso diretor de futebol e o time de especialistas para levantar algumas alternativas.

Depois de alguns dias:

Dirigente: Olha só, temos aqui o Zé das Couves, o Alfinete e o Jonathan Cafu. Aquele que mais se assemelha ao que você pediu é esse último, mas o empresário só libera se dermos um contrato de três anos ganhando um salário de 300K.

Treinador: Hmmmm... Arriscado demais. Sujeito tem um histórico muito fraco e está colocando condições onerosas demais para o clube. Não sei se vale a pena correr o risco.

Dirigente: Eu acho que não vale. Inclusive, gostaria de propor a utilização de atletas da base. Nosso time do CIFUT realizou algumas análises interessante e levantou alguns nomes que poderiam ser analisados por você.

Treinador: Fechado. Traz o pessoal aqui e a gente conversa.

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Cenário 03 – Treinador regular e dirigente pilantra

Treinador: Preciso de um reforço no setor ofensivo. Nosso elenco não conta com um jogador veloz na frente, que possa abrir espaços na defesa adversária para a liberação do centroavante fixo.

Dirigente: OK, não precisa falar mais nada, já sei do que você precisa.

Dirigente liga para um empresário que tem muito crédito no clube, pois não só é conselheiro como sempre empresta dinheiro para a instituição já que aqueles que comandam não possuem tino para a gestão:

Dirigente: Amigão. O treineiro lá está choramingando porque não tem um ponta que preste. O que você me sugere?

Empresário: Olha só que sensacional. Eu acabei de arrumar um cara aqui que estava largado às traças. É uma tiriça, mas já teve uns brilharecos. Dá pra enganar.

Dirigente: Ele topa nosso esquema?

Empresário: E precisa perguntar? Óbvio, pô. Aquele negócio né. Precisa de um salário bom e de um tempo de contrato extenso.

Dirigente: De quanto estamos falando?

Empresário: 300K por mês. Ele fica com 100 e a gente divide os outros 200. 3 anos dessa teta gorda pra gente mamar.

Dirigente: Hmmmm... é muito hein. Acho que o pessoal vai desconfiar.

Empresário: Desconfia nada. Fala que é oportunidade de mercado. Não tinha ninguém disponível no mercado, essas coisas. Diz que o salário até que é baixo para alguém da posição, e que acreditamos no potencial de venda dele lá na frente. Inventa alguma coisa, caramba.

Dirigente: Ok, deixa comigo.

Empresário: Fechou então? !

Dirigente: Bingo!

Dirigente volta para falar com o treinador.

Dirigente: Olha só, temos aqui o Zé das Couves, o Alfinete e o Jonathan Cafu. Aquele que mais se assemelha ao que você pediu é esse último.

Treinador: Puxa vida, nem me lembrava dele. Por onde andava esse rapaz?

Dirigente: Teve uns brilharecos aqui e ali. As lesões atrapalharam um pouco, mas ele é bola. Só precisa de uma oportunidade pra demonstrar que pode agregar bastante. Na situação que estamos, qualquer buraco é trincheira.

Treinador: Posso analisar as outras opções?

Dirigente: Não tem como. Precisamos dar a resposta ao empresário hoje. Ele é nossa única alternativa. Ou contratamos o cara, ou ficamos sem nada. Olha só, façamos o seguinte. Dê o aval. Se ele não se firmar, eu respondo pelo fracasso junto à mídia e a torcida.

Treinador: Bom, se não temos alternativas, vamos com ele mesmo.

Dirigente: Show. Você não vai se arrepender.

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Em qual desses cenários você acha que se enquadra a novela do Jonathan Cafu?

Mancini tem sim culpa no cartório, pois poderia evitar ser atingido por essa bucha. Mas ele não é o cara que vai bater de frente com os canalhas que administram o clube. Não tem história pra isso. Pelo seu tamanho, acaba tendo que se sujeitar.

O buraco sempre é mais embaixo.

Salvem o Corinthians!