À essa altura, você já deve ter lido em diferentes veículos que o Bayern precisou de apenas nove dos 25 anos que tinha de prazo para quitar o empréstimo de € 346 milhões (cerca de RS 1 bilhão) referente à construção da – agora, mais do que nunca – sua Allianz Arena. E basta olhar para as arquibancadas para entender o porquê.
Desde que foi inaugurada, em 2005, a arena bávara só não ocupou todos os seus então 69 mil lugares em jogos da 1. Bundesliga nas duas primeiras temporadas – e, mesmo assim, por menos do que 1%, em média. Em 2011-12, vindo do quarto ano seguido de sold out, as receitas de match daydo Bayern (considerando também os jogos pela UEFA) saltaram de € 71,9 milhões para € 85,4 milhões. O Allianz, então, recebeu 2 mil novos assentos, e, já em 2012-13, registrou um aumento de € 1,7 milhão na arrecadação.
A Allianz Arena tem, ainda, um peso importante nos ganhos comerciais do Bayern. Um exemplo? Na temporada 2013-14 da 1. Bundesliga, os custos básicos com alimentação (um litro de cerveja e um lanche de wurstel) no local foram de € 12,30; se os 71 mil espectadores gastarem apenas esse valor em cada uma das 17 partidas do clube como mandante, a receita potencial deste setor poderá chegar a € 14.816.100. Não por acaso, os ganhos comerciais do clube subiram de € 201,6 milhões para € 237,1 milhões quando o estádio teve sua capacidade aumentada. Número que deve evoluir no próximo balanço do clube, uma vez que 2.700 novas cadeiras fixas, e outras 2.200, removíveis, foram acrescentadas para a atual campanha.
Ou seja, é possível dizer que, não houvessem outros gastos e investimentos, o Bayern poderia ter quitado a Allianz Arena utilizando somente o match day dos últimos nove anos, ou os ganhos comerciais dos últimos três. Mérito de uma gestão que busca tratar os torcedores não como clientes, mas como parceiros. Inclusive financeiros. Não poderíamos esperar outra coisa de um clube que tem 75% de suas ações sob controle popular. Quem pagou o estádio foi a torcida.