Histórias de um Corinthiano: Mundial de Clubes de 2012, eu estava lá!

Ontem tivemos o encerramento de mais uma edição do Mundial de Clubes da Fifa e assistindo aos jogos de ontem, me trouxe à tona todas as minhas lembranças do tão especial dia 16 de dezembro de 2012! Mas, antes de eu contar como foi esta minha experiência no Japão, vou contar o que me fez tornar este torcedor fanático pelo Corinthians, que fez a loucura de viajar até o outro lado do mundo, só para assistir a um jogo (senta que lá vem história!).

Tudo começou ainda em 2003, quando eu tive a minha primeira experiência em um jogo do Corinthians. Eu tinha apenas 6 anos e meu pai me levou logo em um clássico contra o São Paulo, a fase do time não era das melhores e perdemos por 3 x 0... Qualquer criança, aficionada por futebol, gostaria de torcer para outro time depois de um jogo desse, não? Mas, quem nasce para ser Corinthians, gosta de sofrer e não seria uma derrota para um dos maiores rivais, que me faria virar a casaca.

Já em 2004, meu pai continuou me levando aos jogos do Corinthians e passaram 1,2, 3 jogos e nada de eu ver uma vitória... Detalhe, ainda quase fomos rebaixados no Paulistão. Foi então que, em um jogo já pelo Campeonato Brasileiro, fui a uma partida contra o Athlético-PR, ansioso como sempre, fiquei mais ansioso ainda quando somente no primeiro tempo já estávamos ganhando por 2 gols e pensei “agora vai!”, mas comemorar antes da hora nunca dá certo, virou o tempo e conseguiram a proeza de tomar a virada rss (rindo de nervoso).

Pois bem, desisti do Corinthians? Claro que não! A paciência valeu a pena, mesmo passando 2004 inteiro também sem ter visto uma vitória nos estádios, o ano seguinte já foi de muitas conquistas. Ficava tão maravilhado em ver o Tevez, Nilmar e Cia jogando, que acabei acompanhando bem de perto toda a campanha do tetracampeonato brasileiro. Estes primeiros anos foram muito especiais para mim, pois foi nesta época que realmente me tornei o corinthiano que sou hoje, a história sempre será a mesma, sei que eventualmente o sofrimento nos vai gerar muitas alegrias.

Bom, dado toda esta introdução, vamos ao que interessa. Já em 2012, minha expectativa estava lá no alto, vínhamos de um título do campeonato brasileiro e com uma campanha excepcional na fase de grupo da Libertadores. A fase do mata-mata, entretanto, foi de muito nervosismo, era o Cássio nos salvando, Sheik sempre sendo decisivo, mas eu sabia lá no fundo que aquele seria o ano em que sairíamos da fila e conquistaríamos a América, tinha certeza disto. Dito e feito, dia 04 de julho de 2012, nos sagramos campeões da Libertadores.

Infelizmente, devido a restrição na venda dos ingressos, acabei não conseguindo ir aos jogos da Libertadores. Claro que fiquei triste por não ter acompanhado de perto esta campanha, mas, quando ganhamos, a minha confiança era tanta que sabia que não apenas o Continente seria nosso e sim, o Mundo!

Como já sabia que o Mundial seria no Japão, logo comecei a alimentar as esperanças em ir até lá, pois tenho familiares no país e a desculpa estava pronta para convencer minha mãe. A confiança do meu pai estava nos mesmos níveis que o meu, não deu uma semana da final da Libertadores e conseguimos, não somente convencer a minha mãe, mas também as passagens para atravessar o mundo e acompanhar o Corinthians de perto!

Chegando no país oriental o clima corinthiano já estava instalado, aonde íamos, encontrávamos alguém com o casaco do Corinthians, somos tão apaixonados pelo time que a nossa torcida, por onde passava, ensinava os japoneses o famoso “Vai Corinthians!”. Ali já percebíamos que o ambiente estava ao nosso favor e vendo todo este movimento, só aumentava o meu nervosismo para a partida.

Mas antes da final tínhamos que passar pelo Al-Ahly (Egito), jogo de semifinal sempre é pegado e este não foi diferente, foi apenas uma simples vitória por 1 x 0, o que já garantiu a vaga para a final contra o Chelsea, isso que importava. De toda forma, o resultado foi bom, pois não nos tornamos soberbo e fomos para a final com os pés no chão, inclusive, muitos colocavam o Chelsea como franco favorito, somente por conta do desempenho do time do Tite nesta partida.

Enfim, chegou a semana do tão esperado jogo e assim como eu, muitos foram ao Japão apenas com o ingresso da final em mãos. A cidade de Yokohama estava pintada de preto e branco, era Corinthians para todo lado, tanto é que os japoneses que têm como costume recepcionar os clientes com o termo “Irashaimase” (boas-vindas), ao identificarem que éramos brasileiros, nos recepcionavam com “Vai Corinthians!”. Tudo estava perfeito!

Então, chegou o esperado dia da final contra o Chelsea. Na estação do metrô, víamos um ou outro torcedor dos Blues, mas plena maioria era do nosso bando, até japonês que estava trajado de azul, acabava comprando o cachecol do Corinthians para entrar em sintonia. Saindo da estação, ainda tínhamos que fazer uma caminhada de aproximadamente 500m até o Estádio de Yokohama, e minha primeira visão foi uma onda repleta de Corinthianos, parecia que eu estava a caminho do Pacaembu, só faltava a barraca do lanche de pernil para completar o ambiente. Naquele momento, senti que não tinha como tirar este título da gente, caso o time sentisse o jogo, apoio não iria faltar.

Entramos no estádio e, meus amigos, que cena! Só escutávamos a nossa torcida, nem parecia que cruzamos o mundo, eu fechava os olhos e estava novamente no Brasil. O resultado da partida todos já sabem, como disse, era impossível perdermos aquele jogo, o Cássio esticou o braço para alcançar aquela bola do Moses e mais de 30 mil torcedores ali presentes esticaram junto, o Guerrero pulou naquela bola para fazer o gol do título e contou com mais de 30 mil torcedores para impulsioná-lo e dar aquela cabeceada certeira.

Ali, vi que valeu a pena ter tido anos de sofrimento indo ao Pacaembu, sem ver uma simples vitória do Corinthians, pois tudo terminou em pura alegria no dia 16/12/2012. Isso que é Corinthians e a frase “Nunca vou te abandonar” fez total sentido para mim nesta data, foi ela que me fez ser o torcedor que sou hoje, não importa o momento e o local, Corinthiano é tudo louco e sempre estará lá para apoiar!

Vai Corinthians!